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NOVAS PERSPECTIVAS

Projeto dialoga contexto social de adolescentes em conflito com a lei

Por Alberto Passos (FASEPA)
02/09/2019 17h30

Com o objetivo de (re) pensar as vivências e práticas socioeducativas a partir de um viés plural, reflexivo e inclusivo, a Fundação de Atendimento Socioeducativo do Pará (Fasepa) e a Fortiori Consultoria em Psicologia, iniciaram nesta segunda-feira (02), o primeiro de nove encontros envolvendo servidores, adolescentes e jovens em cumprimento de medidas socioeducativas da Fundação, e a comunidade acadêmica da Universidade da Amazônia (Unama).

O primeiro dos nove encontros programados pela FasepaO projeto é uma iniciativa inédita no país no âmbito juvenil, visto que a sua criação foi para atender uma demanda do sistema penitenciário. Além da troca de saberes onde vários temas serão debatidos de forma horizontal entre os participantes, a iniciativa busca compreender o contexto socioeconômico e familiar dos jovens e as possíveis motivações que os impulsionaram à prática do ato infracional. Inicialmente as ações serão realizadas no Centro Juvenil Masculino (CJM) e no complexo esportivo e cultural Apoena, ambos localizados em Ananindeua, na Grande Belém.

“Esse trabalho é muito importante para nós. É legal dialogar com outras pessoas e conhecer mais sobre tudo aquilo que faz parte da nossa vida. Eu gostei muito de saber que vamos aprender sobre os nossos direitos, educação e o nosso projeto de futuro, para quando a gente sai da medida socioeducativa, temos um caminho bom para seguir”, observou um jovem de 18 anos, que está há um ano cumprindo medida socioeducativa no Centro de Internação Jovem Adulto Masculino (Cijam).

A programação de hoje corresponde à terceira etapa do projeto, onde os participantes de forma consensual escolheram os temas norteadores a serem abordados durante os encontros como saúde, família, arte, mundo do trabalho, projeto de futuro, respeito e autoestima. Nesse primeiro momento os facilitadores propuseram uma dinâmica grupal, se dividiram em equipes, expuseram as diretrizes e a metodologia do projeto, os objetivos e de forma lúdica os desdobramentos das ações. Entre servidores e socioeducandos, a Fasepa participa do projeto com 41 pessoas, onde a expectativa é que eles sejam multiplicadores de uma temática desafiadora e complexa.

O psicólogo Lucas Dourado frisou que é preciso conhecer a história de vida de quem comete um ato infracionalPara o psicólogo e um dos organizadores do projeto GDUCA, Lucas Dourado, “esses adolescentes muitas vezes vêm de um histórico de violência sócio-histórico-cultural e esse ‘muro’ que os separa da sociedade, em parte causa outras violências. Quando a gente propõe um diálogo horizontal, estamos propondo criar um ‘furo’ nesse muro de modo que nós possamos entender não o crime, o ato infracional, e sim, qual é a história de vida desse sujeito para que ele tenha chegado até aqui”, argumentou Dourado.

E continuou: “Não se trata de vitimizar o adolescente, tampouco responsabilizá-lo. A nossa intenção é pensarmos de que forma acolhemos esses adolescentes e apresentar a ele possibilidades positivas de escolha e, ao final, reintegrá-lo novamente à sociedade”, refletiu o psicólogo.

APRENDIZADO

Segundo a mestranda em psicologia, Isis Cavalcante, na visão dela, “o maior objetivo desse projeto é trazer não só para os jovens, mas como para nós, um conhecimento que não viria de nenhuma outra forma, não fosse através da troca de experiências e vivenciar esses momentos aqui com eles [jovens]”, comentou.

Para ela, “tanto para eles, quanto para nós, vai ser uma experiência única. Nós só vamos descontruir algo socialmente ‘imposto’, quando quebrarmos alguns rótulos, algumas barreiras e passarmos a dialogar com vários seguimentos da sociedade, e esse projeto tem esse objetivo”, ressaltou Isis.

Para a pedagoga da Fasepa, Ednilde Cardoso, o projeto irá possibilitar um leque de diálogo entre os socioeducandos, a universidade e a sociedade de forma ampla. “Com isso, eu penso que mais pessoas irão conhecer o trabalho que é desenvolvido na socioeducação e poderão contribuir de alguma forma com seus saberes na orientação desses jovens. A partir do momento em que eles são ouvidos de forma empática e respeitosa, certamente eles vão projetar algo de bom para a vida deles”, concluiu.