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'MÚSICA NOS MUSEUS'

'Pierrot Lunaire', de Schönberg, ganha sua primeira apresentação em Belém

Por Úrsula Pereira (SECULT)
12/08/2019 21h14

Obra inédita na capital paraense, a composição “Pierrot Lunaire”, do austríaco Arnold Schönberg (1874 - 1951), será apresentada na próxima quarta-feira (14), às 20 h, na Igreja de Santo Alexandre. A iniciativa é da maestrina e compositora Cibelle J. Donza, com realização da Escola de Música da Universidade Federal do Pará (Emufpa) e Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), e integra o Projeto “Música nos Museus”.

Com entrada gratuita, o espetáculo terá canto-falado de Marisa Brito; direção cênica de Carlos Vera Cruz; participação dos músicos e professores da Emufpa e de artistas convidados, como Celson Gomes, Ariel Alves, João Marcos Palheta, Cristian Brandão, Rodrigo Santana, Renata Tavernard e Carlos Pires.

Quando estreou em 1912, em Berlim (Alemanha), a obra rompeu com a tradição da escola romântica da música erudita na Europa. Schönberg almejava desenvolver uma nova linguagem musical, para além dos princípios da tonalidade. Na capital paraense, a maestrina, também inspirada pelo desejo de propor ao público novas experiências, apostou na realização da peça, composta por 21 poemas escritos em francês pelo belga Albert Giraud, traduzidos para o alemão por Otto Erich Hartleben.

Cibelle Donza explica que, apesar da ampla produção artística existente em Belém, a cidade tende a ser mais tradicional quando o assunto é música de concerto e, geralmente, quando se fala de “música erudita do século XX” é comum perceber que a compreensão desse tipo de sonoridade não está bem estabelecida. Por isso, ela criou um projeto de extensão na UFPA denominado “Ateliê Contemporâneo”, com o objetivo de abrir espaço para montagens e difusão desse tipo de repertório, além de oferecer meios e ferramentas para facilitar o entendimento e contribuir para uma melhor aproveitamento das obras.

“O ‘Pierrot Lunaire’ será a primeira experiência dentro desse projeto. É importantíssimo nos lançarmos corajosamente em montagens de grandes obras na cidade. Além do valor artístico, vejo nisso uma importância educacional. A experiência de apreciação da montagem ao vivo virá acompanhada da exibição de um vídeo inicial, falando um pouco sobre a composição e suas características, para direcionar o modo de ouvir e fomentar uma ampliação da percepção do colorido da obra”, explica a maestrina. A ação integra o Programa Cultura por Todo o Pará, e visa popularizar e difundir a música de concerto para a comunidade.

Desafio vocal - Convidada para interpretar o Pierrot, a cantora Marisa Brito diz que a participação no espetáculo é um verdadeiro presente. Será a primeira que cantará em alemão. “Sempre gostei de experimentar, em muitas vertentes, e é a primeira vez também que canto uma obra atonal, o que me tirou totalmente da minha zona de conforto e me proporcionou abrir ainda mais a minha mente e meus ouvidos”, conta, acrescentando que “a cada dia de estudo me apaixono mais pela obra e descubro novas possibilidades. Tenho certeza de que será uma experiência transformadora e muito rica, e que sairei desse processo com uma nova bagagem artística para minhas próximas criações”.

O diretor cênico Carlos Vera Cruz - também com larga experiência como ator e atuações em diversas produções do Festival de Ópera do Theatro da Paz - se baseou na própria história da composição para dar aos elementos cênicos a dramaticidade necessária à montagem da obra: o triângulo amoroso entre o Pierrot, o Arlequim e a Colombina, que são figuras tradicionais na commedia dell'arte, um estilo de teatro italiano do período da Renascença, com ícones de trupes mambembes, que acabavam se tornando personagens conhecidos do grande público. No Brasil, diferentemente da Itália, esses personagens ficaram conhecidos no período carnavalesco.

“Então, será baile de carnaval como se fosse nos anos 1920 em Belém. Por isso, os músicos estarão fantasiados como se estivessem neste grande baile. O Pierrot compartilha com eles as memórias desse amor platônico que ele sentia pela Colombina”, explica Carlos Vera Cruz. “Assim como Kandinsky buscava a pintura abstrata na mesma época, assim como Rousseau e Ravel buscavam outras expressividades do corpo e da dança na mesma época que Schönberg compôs essa obra, espero estar fazendo jus à intenção dele de querer fazer algo não convencional”, ressalta o diretor cênico.

Serviço: Projeto “Música nos Museus”, com apresentação da obra “Pierrot Lunaire”, do austríaco Arnold Schönberg, pela maestrina Cibelle Donza. Quarta-feira (14), às 20 h, na Igreja de Santo Alexandre/Museu de Arte Sacra. A entrada é franca. Mais informações: (91) 4009-8664.