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Imprensa Oficial apresenta Haroldo Maranhão a visitantes da 23ª Feira do Livro

Por Julie Rocha (IOE)
24/08/2019 16h45

A obra “Flauta de Bambu”, do célebre escritor Haroldo Maranhão, volta a circular pelos bastidores da literatura paraense, como um dos principais lançamentos da 23ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, em Belém, na noite deste domingo (25), apresentando a linha de autores paraenses fora do catálogo e o lançamento oficial da editora da Imprensa Oficial do Estado.

A escolha da obra para apresentar a editora foi estratégica e definida entre o presidente da Imprensa Oficial, Jorge Panzera, o coordenador da editora, Rodrigo Moraes e o jornalista e crítico literário, Elias Pinto Ribeiro, convidado para fazer a reedição do livro. “É muito importante apresentar Haroldo Maranhão às novas gerações de leitores. É um livro delicioso e leve de crônicas que está fora do circuito comercial. O leitor vai adorar a leitura no primeiro contato com a obra de Haroldo Maranhão”, comentou o jornalista.

Elias Pinto também fez o primeiro contato para os procedimentos de autorização da reedição da obra com o filho do escritor, Haroldo Paulo de Souza Maranhão, que mora no Rio de Janeiro e recebeu a notícia com muita surpresa.

Em entrevista por telefone às vésperas do lançamento, Paulo Maranhão revela ter ficado muito feliz com a notícia, já que prometeu ao pai, antes dele falecer, que publicaria as obras inéditas. Embora “Flauta de Bambu” não faça parte desse acerto, já que foi escrita e publicada em 1983, ele acredita que o relançamento pela editora da Imprensa Oficial pode reacender o interesse pela literatura do escritor. “Como há muitos anos não é lançado nada do meu pai, creio que essa reedição pode alavancar o interesse para a edição de outras obras, principalmente as inéditas”, comentou Paulo.

Ele recorda que uma das últimas movimentações em torno das obras do pai no Pará foi a produção de uma série televisiva, em 2010, pela TV Cultura do Pará, da novela “Miguel Miguel”, publicada pela Editora Cejup em 1993. A partir da minissérie realizada através do edital de minisséries da TV Funtelpa, a obra entrou na lista das leituras obrigatórias do vestibular paraense por um bom tempo.

Como produtor rural que vive em um sítio com a família no Rio de Janeiro, Paulo Maranhão conta que seguiu uma trajetória completamente diferente da do pai, por quem nutre uma grande admiração e carinho ao recordar-se dos momentos em que o escritor parava para escrever.

“Os contos dele têm uma leitura fácil. Ele tinha um hábito de escrever um conto por dia. Já os seus romances eram carregados de um linguajar particular. Há neles uma jogada de palavras e um momento de inspiração únicos. Quando ele sentava para escrever na escrivaninha não sabia como seria o desenrolar da obra. Era quase um parto que finalizava em apenas dois meses. Uma coisa absurda. Quase uma máquina! E a obra estava pronta”, comentou.

Na contramão da ausência de publicações recentes por parte das editoras comerciais, o filho chama atenção para a quantidade de trabalhos de mestrado e doutorado sobre o estudo da obra de Haroldo Maranhão em todo o Brasil, o que garante um bom acervo espalhado nas universidades.

Fora do circuito - O presidente da Imprensa Oficial, Jorge Panzera, esclarece que além de Haroldo Maranhão, vários outros autores de renome cujas obras o público não tem acesso, por estarem fora do circuito comercial, vão poder entrar na linha de editores fora de catálogo da editora da Imprensa Oficial.

“Este será o papel da editora da Imprensa Oficial a partir desta Feira do Livro, de reeditar esses autores que fazem parte da história da literatura paraense. Queremos reapresenta-los à sociedade paraense, porque você não encontra muitas obras desses escritores nas prateleiras das livrarias”, comentou ele.

Ele informou, ainda, que a editora se tornará realizada a partir desta edição da Feira do Livro, com a assinatura do decreto do governador Helder Barbalho que institui a Política Pública de Edições e Publicações de Livros, Revistas, Cartilhas, Jornais e E-books do Estado do Pará, marcando o lançamento oficial da editora com as quatro linhas editoriais e o edital de incentivo à literatura paraense.

Trajetória do autor - Considerado um dos grandes prosadores da região Amazônica, o jornalista, escritor e advogado, Haroldo Maranhão, nasceu em 7 de agosto de 1927, em Belém, filho do jornalista João Maranhão e de Carmen Lima Maranhão. Aos 13 anos já atuava como repórter policial do jornal A Folha do Norte. Publicou mais de 40 obras, entre romances, contos, diário, novelas, infanto-juvenis, correspondência, antologia, infantis e alguns contos figurantes em antologias.

No total são nove contos, no período de 1968 a 2001, entre os premiados “A morte de Haroldo Maranhão” (1981), com o Prêmio da União Brasileira de Escritores, em São Paulo e “Peles Frias” (1982), do Prêmio Instituto Nacional do Livro de 1981 e “Flauta de Bambu”, publicado em 1983 com 57 páginas, mas premiado com o “Mobral de Crônicas e Contos de 1979”.

Dos romances, destacam-se “O Tetraneto del-Rei” (1982), vencedor do Prêmio Guimarães Rosa de 1980 e “Hors. Concours”, do Prêmio Fernando Chinaglia, em 1981. “Rio de Raivas, publicado em 1987, foi indicado ao Prêmio Jabuti” e “Os Anões” (1983), ganhou o Prêmio José Lins do Rego em 1982.

Inéditas - Haroldo Maranhão faleceu aos 76 anos, em julho de 2004, na cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro, onde morava, e deixou como obras inéditas o romance para jovens “Guerrilheiros de Vento” (151 págs.), “As Carnes Quebradas - Tragicomédia Brasileira em 13 Cenas”, que ganhou em 1986 o Prêmio Nelson Rodrigues, no XV Concurso Nacional de Dramaturgia do Instituto Nacional de Artes Cênicas – Inacen (68 págs.) e o livro de contos “A Mais Formosa Que Deus” (100 págs.).

Também não foram publicados o infantil de sete páginas “O Menino Que Comia Letras”, o romance “Sua Excelência”, de 511 páginas, “Suíte Policial”, com 81 páginas, o livro de contos “A Respiração das Palavras, com 88 páginas e “O Rei de Papel – Diário de um Escritor”, com 142 páginas.

Serviço: O relançamento da obra “Flauta de Bambu”, de Haroldo Maranhão, será neste domingo (25), às 18h30, no estande da Imprensa Oficial do Estado do Pará (Ioepa), dentro da programação da 23ª Feira Pan-Amazônica do Livro e Multivozes, no Hangar Convenções e Feiras da Amazônia, em Belém.