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PARQUE DO UTINGA

Vitrine Artesanal Especial do Círio encanta visitantes

Por Aline Miranda (EMATER)
10/10/2019 10h35

“Eu não conhecia Belém, não conhecia o Círio, não conhecia o Parque do Utinga e não conhecia tanto artesanato, tanta comida, coisas que só existem aqui. É a primeira vez que venho e posso resumir que tudo é lindo demais”, disse Maria Natal Carvalho, maranhense radicada em Brasília, enquanto comprava itens na Vitrine Artesanal, feira de produtos da sociobiodiversidade da Amazônia que acontece esta semana no Parque do Utinga. O evento é promovido pelo escritório regional das Ilhas da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater).

Cinquenta agricultores familiares da região metropolitana de Belém e mais de Bragança e Acará, no nordeste paraense, e de Ponta de Pedras e de Santa Cruz do Arari, no Arquipélago do Marajó, expuseram e venderam produtos como artesanato referente à simbologia da época festiva com preços cerca de 40% mais baratos se comparados ao mercado convencional.

O casal Ronaldo Aragão e a Tereza Cristina Mello passeavam com a filha Elizabeth, todos moradores de Belém, e aproveitaram para comprar hortaliças e mandioca orgânica: “Dizemos que alimentação saudável não é ‘tendência’ ou ‘moda’, mas ‘necessidade’. Sentimos falta de divulgação adequada em Belém de feiras direcionadas com preços acessíveis. Já chegamos a rodar por aí atrás de alimentos orgânicos e não encontramos, por isso é muito bom saber que no nosso próprio bairro existe a opção, ainda que eventual”, disseTereza Cristina.

A artesã Sueli Miranda, de Ananindeua, farmacêutica de formação e professora aposentada, tem a marca “Su Arte” e trabalha com reciclagem e aproveitamento de materiais para transformar em delicados artefatos: “A assistência da Emater impulsionou toda uma vocação, que associei aos conhecimentos formais. Hoje até dou aula de ‘educação ambiental’ como voluntária no IFPA [Instituto Federal do Pará]”.

Assim como Michelle Alves, que, junto com os cinco irmãos e o pai, produzem mel e derivados (favo, geléia real, pólen) na Comunidade da Pratinha, em Bragança, a partir de abelhas africanas com ferrão e abelhas indígenas: “São de 30 a 50 litros só de mel por semana. Para mim e para meu pai, é a fonte de renda. Para meus irmãos, que têm outras profissões, é um complemento importante e mais um laço que nos une”, afirma.

Já os primos Isadora Soares e Matheus Nascimento, da comunidade Boa Vista, no Baixo Acará, são a geração mais jovem de um empreendimento familiar de produção artesanal de chocolate que se iniciou com os tataravós: “É tudo feito a mão, sem nenhum conservante: colheita, secagem, fermentação. Hoje já desenvolvemos opções sem glúten, sem açúcar, sem lactose. O cacau é orgânico, de várzea. Além disso, compramos de outros extrativistas da região, injetando recursos na comunidade. Nosso incentivo é pensar que um negócio tão antigo de família não pode morrer: tem é que crescer”, expendem.

Para a Emater, a Vitrine Artesanal se expande e vem como mais uma amostra de que políticas públicas efetivas prosperam o interior e repercutem em toda a sociedade, na convicção de que "riqueza da amazônia" não se resume a minério ou fauna, mas também aos povos e às tradições:

“Diretamente falando, é comprar direto do produtor – e isso é uma vantagem muito grande, para o consumidor é um privilégio, porque ele não só adquire um produto mais barato, mais acessível, mas, ao mesmo tempo, conhece a história do produto, a trajetória de produção, conversa e se envolve emocionalmente com a agricultura familiar, a qual, mais do que uma engrenagem socioeconômica fundamental para o Estado, é também uma arte e uma cultura que perpassa gerações”, explica Sandra Filgueiras, administradora, do escritório local da Emater em Marituba, uma das responsáveis pelo Projeto.