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Ophir Loyola alerta: câncer de próstata é uma doença silenciosa

O melhor tratamento é definido a partir de cada situação clínica.

Por Leila Cruz (HOL)
09/11/2019 11h58

Uma vida de trabalho árduo no campo no município de Igarapé-Açú. Foi assim que Raimundo Campos passou boa parte dos 72 anos, dedicando-se ao plantio da mandioca para a produção de farinha e à pesca, grande paixão da vida dele.  Há quatro anos detectou no exame de sangue uma alteração no Antígeno Prostático Específico (PSA), uma proteína fabricada pelo tecido prostático, cujo nível pode ser elevado com a presença de doenças benignas ou do câncer.

O médico solicitou uma biópsia - retirada de material celular ou de um fragmento de tecido para determinação de um diagnóstico - que só foi realizada após anos em busca de um encaminhamento. Internado no Hospital Ophir Loyola, Centro de Alta Complexidade em Oncologia, em Belém, Raimundo nunca sentiu algo que o alertasse para a presença de uma neoplasia maligna. O câncer de próstata se desenvolve de maneira silenciosa.

“Nunca senti nada. Quando meus amigos me perguntam o que eu tenho, digo para se cuidarem que o negócio não é brincadeira. Um amigo meu fugiu do consultório porque o médico queria fazer o exame de toque retal e não voltou mais. Não precisa ter medo, nem fazer piada, nem se sentir menos homem, é necessário. A doença não avisa”, disse o aposentado.

Alguns desses tumores podem crescer de forma rápida, espalhando-se para outros órgãos e levar à morte. A maioria cresce de forma lenta, 1 cm³ durante 15 anos, e sem apresentar sinais durante a vida e nem ameaçar a saúde do homem. Entretanto, é o câncer de maior incidência entre os homens brasileiros, excetuando-se o câncer de pele não melanoma.

O aumento observado nas taxas de incidência no Brasil pode ser parcialmente justificado pela evolução dos métodos diagnósticos (exames), pela melhoria na qualidade dos sistemas de informação do país e pelo aumento na expectativa de vida, segundo o Instituto Nacional do Câncer.  Dos 1364 homens assistidos com câncer no hospital Ophir Loyola, 298 fazem tratamento contra neoplasia maligna da próstata.

Ricardo Tuma, que é o chefe do Serviço de Urologia do HOL, explica que o câncer de próstata é considerado um câncer da terceira idade, já que é mais frequente a partir dos 60 anos e tem uma incidência maior entre os homens mais velhos. No entanto, os indivíduos mais jovens, de 40 a 50 anos, podem ser acometidos e de forma mais agressiva.

Urologista Ricardo Tuma

“Os principais fatores de risco são o envelhecimento; o fator genético, principalmente, se alguém da família foi acometido antes dos 50 anos, a chance do filho de ter a doença é muito grande, e também maus hábitos alimentares podem predispor ao câncer. Nos Estados Unidos é onde mais se consome gordura e tem a maior incidência de câncer de próstata do mundo. A gordura é um combustível para o crescimento de um tumor indolente”, informa o especialista.

Em caso de detecção em fase inicial, a taxa de cura é de mais de 90%. O urologista solicita exames de rotina: a ultrassonografia, o PSA e realiza o toque retal, para verificar a consistência da próstata ou algum nódulo na maioria dos pacientes. “Quando está tudo normal, dependendo da idade (de 50 a 60 anos) o paciente pode retornar com seis meses ou com um ano. Se houver alteração, o paciente retornará de forma mais precoce”, explica Tuma.

A próstata se localiza na parte baixa do abdômen. É uma glândula pequena e se situa logo abaixo da bexiga e à frente do reto. Envolve a porção inicial da uretra, tubo pelo qual a urina armazenada na bexiga é eliminada. Ela produz substâncias que vão fazer parte da composição do esperma, liberado durante o ato sexual.

A presença do tumor maligno é confirmada por meio da biópsia, são realizados outros exames complementares (estadiamento) como a ressonância e a tomografia para checar se a enfermidade está confinada na próstata ou se ultrapassou os limites dessa glândula ou se atingiu algum outro órgão, ossos, gânglios. Em 2017, segundo o Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS), ocorreram 387 óbitos pela doença no Pará.

Quando o câncer está localizado, forma curativa, utiliza-se a cirurgia radical e, eventualmente, a radioterapia ou as duas combinadas. Para tratamento não curativo, paliativo, existem diversas opções para dar uma qualidade de vida e prorrogar a sobrevida do paciente, normalmente usa-se o bloqueador hormonal da testosterona.

“O homem diz ‘eu não estou sentindo nada, o que vou fazer no médico? ’. Felizmente muitos são trazidos por suas parceiras. A mulher é muito mais disciplinada em fazer exames preventivos, vai ao ginecologista mesmo sem estar doente para fazer check-up. Hoje o homem já está buscando isso, no passado a situação era pior”, diz o especialista.