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Reflexão sobre racismo e intolerância religiosa marcam o Dia da Consciência Negra

20 de novembro é oficializado no Brasil o Dia da Consciência Negra.

Por Claudiane Santiago (SEJU)
20/11/2019 15h50

"Todos os dias eu preciso provar que a cor não define ninguém. Eu já sofri demais, apanhei, fui agredido verbalmente e muito rejeitado desde criança, na escola mesmo. Então, só eu sei o quanto que a discriminação ainda existe na sociedade que vivemos hoje e garanto que ela dói", afirmou Bruno Matos, um jovem estudante, negro, de 19 anos.

São relatos como este que norteiam o trabalho desenvolvido pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), para promoção da igualdade racial, reforçada no mês de novembro no Pará, que é o segundo maior estado com população negra e parda totalizando 82%, ficando atrás somente do estado do Amapá que possui 83%, segundo o último censo do IBGE.  

Para firmar sobre a importância de discutir o combate à discriminação racial e a intolerância religiosa, foi realizada uma roda de conversa, na manhã de hoje (20) – Dia Nacional da Consciência Negra –, promovida pelo Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) em parceria com a Sejudh, voltada aos servidores de instituições públicas e sociedade civil.

Além de um momento de reflexão sobre o avanço das políticas públicas e o resgate da história de luta do povo negro, a proposta do evento foi reforçar sobre a relação entre o movimento negro e os órgãos que realizam a promoção da igualdade racial, na construção de mecanismos para que a sociedade tenha acesso às políticas públicas, explica o secretário adjunto da Sejudh, Rodrigo Roldan.

“A busca pela igualdade racial é uma responsabilidade do Governo e de toda a sociedade. Nós, da Sejudh, temos este compromisso de trabalhar neste enfrentamento da violação e na garantia dos direitos, levando informações à população. Hoje atuamos com três projetos que, dentre as temáticas, abordam a igualdade de direitos para estabelecer pensamentos críticos e torna-los multiplicadores, são eles: “Mulheres Marajoaras: com elas e por elas”, que atende 600 mulheres, o “Juventude Protagonista”, que atende 120 jovens e o DH em cena”, enumerou.  

Mais respeito, igualdade e menos preconceito - A procuradora Geral de Justiça em exercício, Cândida Nascimento, negra, esteve no evento e afirma que as consequências dos preconceitos são enormes e precisam ser combatidos. “Mais de 300 anos o Brasil conviveu com a escravidão e os resquícios deste período existem até hoje. Vivemos em um momento que temos pessoas negras em todas as áreas, por que então ainda continuam sendo rejeitados? Muita gente diz que não existe discriminação e isso me assusta, pois o racismo existe e ele mata não só fisicamente, mas psicologicamente deixando cicatrizes. Portanto, precisamos discutir muito sobre isso, sim”, afirmou a procuradora.

Para quem milita na causa em busca de direitos, o trabalho é árduo na mesma proporção da esperança de que o preconceito não faça mais parte da sociedade. “As pessoas acham que estamos com o famoso “mimimi”, que estamos nos “mimimizando”, mas não é isso. Nós queremos espaço, queremos mostrar que não somos diferentes pela cor da nossa pele, da nossa religião ou ancestralidade. É muito importante gerar conhecimentos, principalmente para os jovens, para conseguirem perceber a diferença do preconceito para o simples bullying. Tenho esperança de que um dia tudo isso possa mudar”, enfatizou Edenilza Borges, militante.

A mesa contou com a presença do secretário Nacional de Politicas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Juvenal Araújo Junior, a procuradora Geral de Justiça em exercício, Cândida Nascimento, o secretario adjunto da Sejudh, Rodrigo Roldan, a representante da Secretaria de Segurança Pública, delegada Ildenê Moraes, o promotor de Defesa dos Direitos Constitucionais e Interesses Coletivos, Marco Aurélio Nascimento, o representante da Universidade do Federal do Pará, Raimundo Jorge, e a representante da escola estadual Luiz Nunes Direito, Maria de Belém Miranda.

Consciência Negra - Em 20 de novembro é oficializado no Brasil o Dia da Consciência Negra, escolhido em homenagem à Zumbi dos Palmares, que morreu neste dia em 1695. A data, estabelecida pela Lei 12.519/2011, foi escolhida pelo movimento negro brasileiro. Essa escolha mantém viva a lembrança de que o fim da escravidão foi conseguido pelos próprios escravos, que em nenhum momento durante o período colonial e imperial deixaram de lutar contra a escravidão.