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Festa Literária de Bragança se despede da Pérola do Caeté

Último dia destacou as Vozes dos Homenageados e Afro Brasileiras, e fechou a programação em alto nível

Por Úrsula Pereira (SECULT)
09/12/2019 09h19

No domingo (8), dia da belíssima procissão fluvial de São Benedito da Praia foi também o último dia da Festa Literária de Bragança, que destacou as Vozes dos Homenageados e as Vozes Afro Brasileiras, e fechou a programação do grande evento em alto nível, deixando o público ansioso pela segunda edição. O encontro integrou a agenda da 23ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes.

Às 16h, o professor Silvio Holanda ministrou a palestra “Imagens urbanas na poesia de Paes Loureiro e fez uma análise sobre a multiplicidade artística do poeta paraense, que dialoga em seus textos com a história da cidade de Belém, usando como pano de fundo, espaços como Theatro da Paz, Cemitério da Soledade, igreja do Carmo e de Santo Alexandre, entre outros. “Destaco essa espécie de mapa que ele faz de aspectos, momentos, pessoas públicas que fizeram Belém”, afirmou.

Na sequência, uma Roda de Conversa foi promovida com o professor Dário Benedito com o tema “Marujada de São Benedito de Bragança: Patrimônio Cultural do Brasil”, com mediação da professora Mariana Bordallo. A história, o cotidiano das folias do santo, o ritmo do xote e do retumbão, que compõem a devoção a São Benedito foram alguns pontos levantados por Dário, que mencionou a importância das pesquisas pelo reconhecimento da Marujada de Bragança como Patrimônio Cultural Brasileiro, uma parceria entre a Universidade Federal do Pará (UFPA) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

“Uma verdadeira aula de história. Foi um momento de aprendizado onde conseguimos trocar experiências e coletar elementos que somem para entendermos um pouco a nossa fé no Santo Preto e a importância da Marajuda ser elevada à Patrimônio”, contribuiu o estudante Horácio Santos.

Professora, pesquisadora e ativista do Movimento Negro, Zélia Amador de Deus – homenageada nesta primeira edição da Festa Literária de Bragança – falou sobre seu livro “Ananse Tecendo Teias na Diáspora: uma narrativa de resistência e luta das herdeiras e dos herdeiros e Ananse”, lançado na 23ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, em Belém.

Ananse, a metamorfose em aranha da deusa Aranã, procedente da cultura fanthi-ashanti, da região do Benin na África ocidental, configura-se como símbolo das ações de resistência empreendidas pelos africanos e seus descendentes no continente americano, particularmente no Brasil. Em sua fala, a homenageada toca em pontos como a existência do racismo na sociedade e as formas de diálogo para combatê-lo.

“Os africanos seqüestrados do continente africano não vieram sozinhos para o continente americano. Ananse veio com eles tecendo uma teia de prata no oceano para proteger seus filhos. Nós que lutamos e resistimos diariamente a essa desumanização que nos forçam para nos dominar, somos herdeiros de Ananse”, explicou Zélia.

A Festa Literária de Bragança é uma realização do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), em parceria com a Associação Sociocultural e Recreativa de Bragança (Ascubra) e apoio da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Fundação Cultural do Pará, Universidade Federal do Pará (UFPA - Campus Bragança) e Universidade do Estado do Pará (Uepa), por meio do Liceu de Música de Bragança, integrando as políticas públicas de fomento ao livro, à leitura e à difusão das linguagens e expressões culturais e artísticas.