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Com crédito e inventário florestal, extrativistas do Xingu podem explorar madeira legalizada

Reserva Verde para Sempre é atendida pela Emater há mais de 15 anos. São 1,3 milhão de hectares e 250 famílias

Por Aline Miranda (EMATER)
23/01/2020 12h34

Este ano, moradores da reserva extrativista Verde para Sempre, em Porto de Moz, no Xingu, devem extrair mais de 9 mil m³ de madeira tropical legalizada de espécies como angelim, ipê e maçaranduba, incidentes em cerca de 400 hectares da Unidade de Produção Anual (UPA) vigente: setor Guajará do rio Curuminim e setor acará do Arimum. As toras serão vendidas para indústrias da região metropolitana de Belém (RMB).

A região é atendida pela Emater há mais de 15 anos, mas a resex mesmo foi criada apenas em 2014: são 1,3 milhão de hectares e 250 famílias.

O processo de extração legal consta de um plano de manejo florestal comunitário para 25 anos conduzido pelo escritório local da Emater, em parceria com outras instituições, como Instituto Conexões Sustentáveis (Conexsus) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Cerca de 20 instituições diferentes se reuniram para elaborar uma planilha de risco técnico-agrícola para o custeio de Manejo Florestal Comunitário Familiar (MFCF), documento preliminar para acesso às demais fases.

A partir de projetos da Emater e liberação do Banco da Amazônia, ocorrido no semestre passado, 30 famílias da Cooperativa Mista Agroextrativista Nossa Senhora do Perpetuo Socorro do Rio Arimum (Coonspra) e da Associação Comunitária Agroextrativista do Rio Curuminim (Acarc) receberam o primeiro crédito rural no Brasil para custeio de manejo florestal comunitário familiar. Somando os contratos individuais para aplicação coletiva, são R$ 850 mil, com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO).

“A nova linha de crédito para nós, extrativistas, vai ser muito importante, já que vamos poder trabalhar com as próprias pernas. Para o futuro, eu espero um crescimento na nossa produção, com liberdade para produzir e investir, sempre beneficiando a nossa comunidade”, diz a extrativista Rosalina Ferreira, 35.

O trabalho multi institucional em apoio às organizações sociais é superior ao acompanhamento técnico sobre os produtos da floresta: relaciona-se a preparo de inventário florestal, cronograma de ações e delimitação das áreas para exploração controlada e sustentável. Antes, sem dinheiro próprio, os extrativistas faziam acordos de adiantamento do pagamento com os compradores, em geral atravessadores, para custos de combustível e maquinário, o que diminuía as margens de negociação e a perspectiva de lucro para a comunidade.

“O Banco está valorizando a biodiversidade no sentido econômico, enfatizando a importância da capacitação, concedendo o crédito produtivo com orientação prévia e promovendo o entendimento mais amplo da floresta”, aponta o gerente de Pessoas Físicas do Banco da Amazônia, Misael Moreno.

Para a presidente da Emater, Cleide Amorim, a iniciativa é uma celebração da eficácia das políticas públicas na Amazônia. “Existe um mito de que floresta, para ser preservada e valorizada, requer isolamento, colocação em uma redoma, incomunicabilidade. Na verdade, temos que pensar que ‘os povos da floresta’ fazem parte dela, são um elemento indispensável à saúde e à lógica do ecossistema, então nada mais certo do que atuar sob a premissa do desenvolvimento sustentável. É usufruto dos recursos, mas estruturando, salvaguardando, com conscientização e reconhecimento cultural das tradições”, diz.

Com informações da Assessoria de Comunicação do Banco da Amazônia.