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Cirurgias cardíacas aumentam quase 30% no Hospital de Clinicas

Foram cerca de 80 procedimentos realizados em 2020 e 63 no ano passado

Por Melina Marcelino (HC)
07/02/2020 12h21

A Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (FHCGV) aumentou a quantidade de cirurgias cardíacas realizadas em seus pacientes. Em janeiro de 2020, foram realizadas 81 cirurgias, um aumento em torno de 29% dos procedimentos, considerando que em janeiro de 2019 foram 63 cirurgias. 

Em janeiro de 2019 foram realizadas 48 cirurgias cardíacas em adultos e 15 procedimentos em crianças, totalizando 63 procedimentos. Em 2020 já foram 81, sendo 24 cirurgias em crianças e 57 em adultos. 

"Realizar uma cirurgia cardíaca demanda uma estrutura física e de pessoal complexa, pois a maioria dos pacientes precisa de leitos de UTI, medicações de alto custo, recursos tecnológicos avançados de suporte à vida, além de órteses e próteses. Soma-se a isso a expertise multiprofissional envolvida. Nesse sentido a FHCGV é o único centro de referência em cardiologia do Estado do Pará, tendo a responsabilidade tratar doenças cardiovasculares de elevada complexidade e que ameaçam continuamente a vida", como explica o chefe da cirurgia cardíaca da FHCGV, Mauricio Fortuna. 

“A gente entende que o aumento no número de cirurgias não se deve só a equipe cirúrgica, mas essencialmente a mudança de filosofia do hospital, pois passou a entender que é o centro de referência público estadual e precisava entregar um volume de trabalho maior para a sociedade, dando conta da demanda crescente da população. Nesse sentido, toda a estrutura do hospital, toda a equipe multiprofissional se redobrou em tarefas para melhorar o fluxo de processos e dessa forma conseguir ter um aumento expressivo de cirurgias.”, garante o médico. 

A equipe de cirurgia cardíaca da FHCGV conta com nove cirurgiões e um residente, se revezando em duplas, fazendo procedimentos que vão de implante de marcapasso definitivo, passando por cirurgias em adultos de ponte de safena, revascularização do miocárdio, trocas e plásticas valvares até cirurgias mais complexas como aneurisma de aorta.  

Os cirurgiões também realizam procedimentos em crianças com as cardiopatias congênitas mais diversas, desde as tecnicamente mais simples como comunicação interventricular, persistências de canal arterial passando por cardiopatias bem complexas.   

A FHCGV possui uma estrutura apta para diagnosticar e tratar adultos e crianças, no que ser refere ao atendimento tanto de cardiologia clínica quanto de cirurgia cardíaca.  

O hospital também dispõe de laboratório de hemodinâmica onde são realizados os CATEs – procedimento que consiste na introdução de um cateter, que é um tubo flexível extremamente fino, na artéria do braço ou da perna do indivíduo, que será conduzido até o coração -, e as angioplastias percutâneas com colocação de stents. Esses procedimentos são utilizados no atendimento dos pacientes com infartos agudos do miocárdio em caráter eletivo ou emergencial. 

Para o cirurgião Maurício Fortuna, a expectativa para 2020 é continuar aumentando o número de cirurgias. “Queremos produzir um volume em torno de 65 a 80 cirurgias ao mês, e esse número ainda pode aumentar devido às emergências, já que a FHCGV tem uma emergência cardíaca aberta 24h”, disse o médico.   

Uma das cirurgias realizadas neste mês de janeiro foi a do pequeno Jorge Miguel dos Santos Oliveira, de 3 anos, de Salvaterra, no Marajó. Segundo o chefe da cirurgia cardíaca da FHCGV, Mauricio Fortuna, o menino nasceu com uma cardiopatia congênita complexa que evoluía para cianose, ou seja, uma falta de oxigenação no sangue, pela ausência na artéria do pulmão.  

“Quando ele tinha um ano, foi feita a colocação de um tubo artificial que permitiria que o vaso crescesse para que posteriormente fosse feita a nova cirurgia. Nessa segunda operação ele chegou muito grave, ele estava muito cianótico. Na medida  em que ele cresceu, os vasos não cresceram o suficiente e precisavam ser corrigidos. Foi um procedimento muito difícil, tinha má formação cardíaca, mas conseguimos fazer a correção total da cardiopatia. Ele teve uma evolução de pós operatório surpreendente”, explica o médico. 

Paciente Jorge Miguel com o pai ,Gerson Oliveira, e a mãe, Raiane dos SantosPara Gerson Oliveira, pai de Jorge Miguel, a segunda cirurgia foi a mais difícil, mas com um final feliz. “Quero agradecer a Deus e as orações que foram muito importantes para a recuperação do meu filho, e à toda equipe do Hospital de Clínicas pelo carinho. Todos foram incansáveis nas 10 horas de cirurgia, que me deu mais uma chance de ter meu filho”, revela o pai aliviado.

Outro paciente que passou por uma cirurgia recentemente foi o servidor público de Bragança, Evandro Mesquita, de 71 anos, ele está internado na clínica cardiológica a quase dois meses e teve que parar de fumar por conta de um aneurisma da aorta. “Eu aprendi a amar a minha vida aqui dentro do hospital quando tive que parar de fumar, por que foi o cigarro que me trouxe para cá. Hoje já estou bem melhor, depois da cirurgia já estou andando um pouco, fazendo sessões de fisioterapia. Agora só quero voltar pra Bragança, chegar na minha casa, como se nada tivesse acontecido e ser recebido pela minha mulher e pelos meus netos e sentir a essência do amor,” falou emocionado o servidor público, que também é músico, escritor e poeta. 

Paciente Evandro Mesquita 2Durante esse período de internação, Evandro escreveu vários textos, músicas e poesias e compartilhou um trecho de um de seus textos. “Estou pensando seriamente em fazer coisas boas; Pelo menos tentar enquanto há tempo. E ai fico na janela da enfermaria 15, do HC, com meus sentimentos todos em alerta, esperando o tempo passar, torturado, temporariamente, mas otimista que, lá na frente, tudo valerá a pena.”, concluiu.