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Indígenas têm direitos garantidos durante atendimento em hospitais de campanha

Unidades de Belém, Marabá e Santarém tiveram alas reservadas aos índios que precisaram de tratamento para Covid-19

Por Dayane Baía (ARCON)
02/07/2020 18h54

Alas reservadas para indígenas nos hospitais de campanha instalados pelo governo do ParáRiiko Wahni está em sua aldeia, em Oriximiná, na região Baixo Amazonas, se recuperando da Covid-19, após passar 13 dias internado no Hospital de Campanha de Santarém. Ele foi transferido em estado grave para a unidade de saúde instalada no município pelo Governo do Pará.

“Sentia dor no peito, pneumonia muito avançada. Não lembro como cheguei lá, acordei ligado ao respirador, com furos nos braços e muita fome”, contou o indígena. Ele ocupou um dos dez leitos reservados para tratamento de indígenas no hospital de campanha. “Recebi tratamento, me cuidaram muito bem, enfermeiras, auxiliares com a força de Deus. Fui curado de Covid-19, agora estou fazendo repouso. Eu não andava, usava cadeira de rodas”, lembrou Riiko.

Assim como nos hospitais de campanha de Belém e Marabá, as alas reservadas para indígenas em Santarém foram disponibilizadas pelo governo do Estado para ofertar atendimento respeitando especificidades.

“São atendidos e recebem alimentação conforme a sua cultura. Também tem acesso a alguns alimentos oferecidos por parentes, como chás, caribé e ervas. Os indígenas entendem que a medicina das ervas é essencial no tratamento. Estamos para assegurar todos os seus direitos culturais e civis, oferecendo não só saúde”, afirmou a enfermeira da ala indígena do Hospital de Campanha de Santarém, Danielle Nascimento.

Riiko Wahni concorda que os cuidados fizeram a diferença no seu tratamento e ajudaram a diminuir a saudade da aldeia. “Eu lembrava vendo fotos na parede, as paisagens, curumim (criança). Parentes de outras etnias visitaram, xikrin, kaiapo. Gostei demais, senti o tratamento muito bom”, avaliou.

De acordo com o diretor administrativo da unidade, Marcelo Henrique, a reserva de leitos considera a localização das aldeias. “Hoje nós atendemos a região que contempla algumas aldeias dentro das 19 cidades que compõem a 9ª Regional da Sespa. Esse espaço foi reservado para que eles pudessem ter um atendimento mais direcionado. Nós temos uma ala com 10 leitos reservados de enfermaria e, desde o dia 12 de junho, já tivemos seis indígenas atendidos, dos quais quatro tiveram alta e dois continuam internados”, informou.

Marabá

No Hospital de Campanha de Marabá também foram destinados 10 leitos para indígenas, que são admitidos por meio de regulação a partir do hospital municipal. Dos 10 pacientes que deram entrada, seis receberam alta hospitalar, um foi transferido e três foram a óbito. 

“O diferencial é que nós temos no atendimento um técnico de enfermagem e eu como enfermeira com capacitação em saúde indígena. Eles se sentem mais acolhidos por conta de conhecer a cultura e algumas falas. Aqui tivemos pacientes das etnias suruí, gavião e parakanã. Graças a Deus temos feito um bom trabalho com a parceria também do polo de Marabá, que tem nos dado apoio”, explicou Camila Abreu, enfermeira responsável pela ala indígena no Hospital de Campanha de Marabá.

Apoio – O Corpo Militar de Saúde da Polícia Militar do Estado também realiza atendimentos para os indígenas da região. De forma prática, a equipe formada por médicos e técnicos oferece consultas médicas, visitas domiciliares aos indígenas idosos com dificuldade de locomoção ou com saúde frágil, e testes rápidos para detectar a Covid-19.

A ação também leva às aldeias kits com medicamentos. As medidas têm apoio da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), que faz a mediação com os pacientes. Outra equipe que atua na região, formada por psicólogo, enfermeiro, médicos e técnicos em enfermagem, também integra a força-tarefa.

Belém

No Hospital de Campanha do Hangar Centro de Convenções, em Belém, por segurança, foram reservados 50 leitos clínicos para indígenas, que felizmente não foram utilizados com a redução dos casos da doença na região metropolitana.

A Sespa entregou, no dia 26 de junho, mais de 4 mil equipamentos de proteção individual (EPIs) para a Fundação Nacional do Índio (Funai), em Belém. Os materiais serão usados pelos servidores da instituição durante a distribuição de cestas básicas aos indígenas.

A Secretaria atendeu a uma demanda da Funai, a fim de garantir segurança à distribuição de cestas básicas, fruto de parceria com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Foram entregues mil aventais, mil gorros, mil luvas de procedimentos, mil máscaras descartáveis, 50 óculos de proteção e 60 testes rápidos para realização da triagem dos servidores que acompanharão a entrega das cestas básicas.

Os materiais também beneficiarão os servidores nos municípios assistidos pelas coordenações da Funai do Baixo Tocantins (em Marabá), Centro-Leste do Pará (em Altamira), Kayapó Sul do Pará (em Tucumã) e Tapajós (em Itaituba). 

A Sespa também executa medidas preventivas e assistenciais para as populações indígenas, trabalhando em conjunto com os Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs).