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NOSSA SRA. DE NAZARÉ

Imagem peregrina visita abrigados no Mangueirão e Policlínica Itinerante em Ananindeua

Encontro com a padroeira dos católicos paraenses foi marcado pela emoção

Por Dayane Baía (ARCON)
11/07/2020 14h30

Policlínica Itinerante instalada no Curuçambá, em Ananindeua, recebeu a visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de NazaréA imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré visitou, neste sábado (11), o Estádio Olímpico do Pará, o Mangueirão, onde cerca de 200 pessoas em situação de vulnerabilidade social estão abrigadas em função da pandemia da Covid-19. Em seguida, ela foi conduzida até o posto da Policlínica Itinerante instalado na Escola Dom Alberto Gaudêncio Ramos, no bairro do Curuçambá, em Ananindeua. Em ambos os locais, a emoção tomou conta das pessoas.

“Eu não acreditava em Deus, em algo que eu não via. Então a minha visão hoje é totalmente diferente. Existem coisas na vida que a gente tem que passar para acreditar. Estou muito maravilhada pelo momento, por terem trazido a imagem de Nossa Senhora. Eu estava na rua, eu não tinha oportunidade de ir ao Círio”, disse a abrigada Dionísia Rodrigues.

A visita teve um clima especial, de avaliação dos momentos difíceis vividos com a pandemia. “Foi muito bom porque aprendemos a conviver. Os funcionários nos dão apoio, às vezes nem precisa abrir a boca, só um abraço é tudo. Estou longe das drogas há quatro meses e em nenhum momento passou pela minha cabeça ir embora”, reafirmou Dionísia.

Momento de fé: Dionísia Rodrigues foi uma das pessoas que aproveitou o momento para agradecer

O secretário de Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda, Inocêncio Gasparim, participou da celebração. “Foi uma solicitação dos próprios abrigados, já há algum tempo, assim como pediram que viessem alguns pastores e foram atendidos também”, disse o secretário.

Recomeço - Desde o dia 23 de março, os acolhidos recebem refeições diárias, roupas e kits de higiene, além de atendimentos de saúde, atividades de esporte e lazer, acesso à emissão de documentos, atendimento jurídico e, consequentemente, ao cadastro do auxílio emergencial disponibilizado pelo Governo Federal, o que contribuiu para que muitos deixassem o abrigo a fim de retomar suas vidas, dessa vez com a possibilidade de uma moradia fixa, seja de aluguel ou retomando os vínculos familiares.

“Nós vemos essa etapa como um caminho trilhado com bastante esforço, mas que atingiu o objetivo de proteger essa população fragilizada, que poderia ser vitimada fortemente pela Covid-19 e ainda contribuir para a expansão do vírus na cidade. Chegamos a ter mais de 700 abrigados e finalizamos com zero óbitos de pessoas abrigadas por nós”, avaliou o titular da Seaster.

O processo de recuperação da dependência química também está entre os ganhos. “Muitos estão pedindo para trabalhar, e nós estamos nos organizando para atender aqueles que quiserem tanto sair da dependência química quanto voltarem ao mercado de trabalho”, complementou o gestor.

O governo do Estado já elabora um plano para dar continuidade ao acolhimento emergencial desse público vulnerável em futuros espaços. Uma equipe de psicólogos tem repassado diariamente orientações individuais e coletivas com o intuito de preparar os abrigados para este momento de transição.

Peregrinação – A imagem de Nossa Senhora de Nazaré foi conduzida até a Policlínica Itinerante instalada na Escola Dom Alberto Gaudêncio Ramos, no bairro do Curuçambá, em Ananindeua. “Com Nossa Senhora de Nazaré viemos agradecer a saúde e a união da nossa equipe por todo o tratamento dado às pessoas que procuraram o serviço. Hoje, sábado, seria um dia que estaria completamente lotado e já percebemos que a procura é menor”, informou a coordenadora da Policlínica Itinerante, Alessandra Amaral.

De acordo com a coordenadora, até o final de julho já existe uma programação fechada para levar os serviços da Policlínica Itinerante aos bairros de Belém e Ananindeua. A partir de agosto, haverá uma revisão conforme a procura para, aos poucos, desmobilizar na região metropolitana e reforçar no interior, que ainda precisa da assistência.

A Policlínica Itinerante iniciou os atendimentos no interior do Pará em 14 de maio, à medida que a proliferação do novo coronavírus avançava. Mais de 50 mil atendimentos em mais de 60 municípios já foram registrados. A estratégia da Policlínica Itinerante segue ao que era oferecido na Policlínica Metropolitana, em Belém, ou seja, tratar os casos leves e moderados, para impedir o agravamento da doença. Quando necessário e sob orientação médica, os pacientes já saem com os medicamentos do local e realizam exames de imagem. Além de Ananindeua, o município de Salinópolis recebe os serviços desde sexta-feira (10) até o domingo (12).

Linha de frente – O encontro da imagem da mãe de Jesus Cristo remeteu a momentos difíceis testemunhados por Ivete Boulhosa, que coordena a ação em Ananindeua. “Filhos perdendo mães no Dia das Mães, estávamos no (Hospital Regional) Abelardo Santos vendo todo aquele sofrimento, tudo o que as pessoas menos queriam era perder seus entes queridos. Cada vida que se perdia para nós era muito sofrido”, relembra a profissional.

O médico Paulo Edson Souza estava com olhos marejados durante a visita. “Eu acho que foi uma vitória, eu tenho problema de hipertensão arterial, peguei a doença e parei de trabalhar para tratar em casa. Graças a Deus me curei e estou ajudando as pessoas aqui. A fé foi o componente mais importante da nossa cura”, falou o médico emocionado.

Socorro Ramos recebeu atendimento na Policlínica Itinerante E foi com a palavra ‘fé’ estampada na máscara, que a costureira Socorro Ramos veio à procura de atendimento. “Eu convivi com pessoas doentes e eu também senti um mal-estar, para ter a clareza vim ser atendida e graças a Deus o resultado do teste foi negativo. Mesmo assim estou triste por ter perdido um amigo que estava entre essas pessoas”, contou Socorro.

Além do teste, Socorro recebeu atendimento de saúde básica com verificação de pressão arterial e glicemia e voltou para casa tranquila. “O serviço de vocês é excelente, são muito atenciosos, eu não tenho nada a reclamar”, avaliou a costureira.