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SAÚDE

Doação de medula óssea salva vidas de pacientes com doenças hematológicas complexas

Hospital Ophir Loyola é referência no tratamento das doenças hematológicas malignas no Pará

Por Lívia Soares (HOL)
17/09/2020 10h49

Chefe da clínica de hematologia do Ophir Loyola, Luciana Leão frisa que há pacientes, sem doador, que dependem do banco de dados No terceiro sábado do mês de setembro é comemorado o Dia Mundial do Doador de Medula Óssea. A data tem como objetivo promover ações de conscientização sobre a importância de ser doador. Mesmo com mais de 4 milhões de pessoas cadastradas no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome), a chance de encontrar uma medula compatível no Brasil é de um em 100 mil pessoas, segundo Ministério da Saúde.

O número de voluntários tem aumentado significativamente, graças as campanhas de conscientização. Hoje, a região Norte dispõe de 360.832 doadores, sendo o Pará o Estado com o maior número de voluntários cadastrados, são 114.900 paraenses dispostos a realizar um ato de caridade que mudará a realidade de pacientes com doenças hematológicas graves.

Atualmente, 281 paraenses estão inscritos no Registro Nacional de Receptores de Medula Óssea. São pessoas com diversos tipos de câncer como leucemia, linfomas, mieloma e certas anemias muito graves, que aguardam por uma doação. O transplante consiste na substituição de uma medula doente por células normais da medula óssea, com o objetivo de reconstituição de uma nova e saudável.

O Hospital Ophir Loyola é referência no tratamento das doenças hematológicas malignas no Pará. A chefe da clínica de hematologia do hospital, Luciana Leão, explica a importância de data. "Devemos esclarecer sobre todas as etapas do processo, sobre o cadastro de doadores que gera um banco de dados que impacta diretamente na assistência de pacientes oncohematológicos. Temos pacientes que não tem um doador familiar e dependem desse banco para conseguir um tratamento curativo", ressalta.

Existem várias fontes de obtenção das células tronco hematopoéticas para a realização do transplante, a medula óssea, o sangue periférico e o sangue de cordão umbilical e placentário. O doador pode ser aparentado ou não aparentado, encontrado nos registros de doadores voluntários ou bancos públicos de sangue.

Internacionalmente, a chance de encontrar doadores compatíveis nos bancos de cadastro de voluntários é de 1 em 1 milhão. Nacionalmente, a estimativa é de um doador compatível para cada 100 mil doadores e, em nível regional, de um 1 doador compatível a cada 10 mil doadores.

Hoje, o Brasil é o terceiro maior banco de dados de doadores no mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da Alemanha. " Existem variações genéticas que dificultam esse processo, por isso a importância de termos muitos voluntários, assim temos maior chance de encontrarmos alguém compatível com o paciente", enfatiza a hematologista.

Para ser voluntário, o candidato deverá ter entre 18 e 55 anos, ter boa saúde e procurar um hemocentro próximo a sua residência para manifestar a vontade de se tornar um doador. Será coletada uma pequena quantidade de sangue (10ml) para exame com a finalidade de identificar características genéticas que serão cruzadas com os dados de pacientes que aguardam o transplante e, assim, determinar a compatibilidade.

Além disso, o voluntário assinará um termo de consentimento livre e esclarecido e preencher uma ficha com informações pessoais, os dados serão inseridos no Redome.  

A busca por possíveis doadores é feita em bancos do Brasil e exterior, assim como os bancos internacionais também fazem busca no Redome por meio de um sistema especializado. Dados no Instituto Nacional do Câncer apontam que em 75% dos casos de transplantes, o doador é encontrado a partir das buscas nos registros de doadores voluntários e apenas 25% tem o doador aparentado. 

Morador de Marabá, Valdeci Maciel, de 43 anos, venceu a leucemia a partir da doação de medula óssea do irmãoEsse foi o caso do açougueiro Valdeci Maciel, 43 anos, residente de Marabá, diagnosticado com leucemia em 2018. "Comecei a sentir muita dor de cabeça, moleza e falta de apetite que causou um emagrecimento repentino. Todos ao meu redor percebiam, mas eu não. Quando decidi procurar ajuda, fui internado de imediato com um grau de anemia avançado", disse.

Após passar por três ciclos quimioterapia no Hospital Ophir Loyola, Valdeci recebeu a notícia que precisaria de um transplante de medula óssea. Iniciou-se então a busca pelo doador.  "Meu irmão fez o exame e o resultado deu que ele poderia me ajudar, foi uma felicidade", exclamou o açougueiro.  Em 30 de agosto de 2019, os dois foram para cidade de Natal, através do Programa de Tratamento Fora de Domicílio (TFD), realizar o procedimento. Mais de um ano depois, ele retorna ao hospital apenas para fazer acompanhamento de rotina.

O transplante de medula óssea é um procedimento seguro, realizado em centro cirúrgico sob anestesia, é necessário a internação de no mínimo 24 horas. O procedimento leva em torno de 90 minutos, a medula é retirada do interior de ossos da bacia por meio de punções, ela se recompõe em apenas 15 dias. O doador retorna às suas atividades habituais, depois da primeira semana após a doação.

Outro método para doação é a coleta por aférese, onde o voluntário usa uma medicação por cinco dias para aumentar o número de células-tronco. Após esse período, a doação é feita por uma máquina que colhe o sangue do doador e separa as células-tronco, devolvendo componentes do sangue que não são necessários para doação.  Cabe a equipe médica avaliar qual o melhor método para cada caso.

Serviço:
O Cadastro de Doadores de Medula Óssea é realizado nas 11 unidades da Fundação Hemopa distribuídas pelo Pará. É necessário apresentar um documento de identificação oficial original e com foto. Uma pessoa pode doar várias vezes, desde que haja um intervalo de seis meses para fazer uma nova doação. Mais informações pelos telefones 0800-280-8118 ou (91) 3110-6500.