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Requalificação da BR busca incentivar uso de bicicletas e a integração com o sistema de transporte

Por Michelle Daniel (NGTM)
08/01/2021 18h37

Um dos principais conceitos de acessibilidade é a garantia do acesso de ir e vir para todas as pessoas, sejam elas com limitações ou não. Partindo dessa premissa, o projeto da Nova BR, executado pelo Governo do Pará por meio do Núcleo de Gerenciamento de Transporte Metropolitano (NGTM), ao longo dos primeiros 10.8 km da rodovia BR-316, busca promover condições de acesso e a integração entre pedestres, usuários do transporte público e ciclistas de forma mais segura.

“A infraestrutura que estamos implantando prevê calçadas com piso tátil, rampas de acessibilidade nas passarelas e o ingresso do usuário dos ônibus do sistema que se dará em nível, pois o usuário vai entrar nas estações onde os ônibus estarão com a porta nivelada a essas plataformas. Toda essa estrutura melhora muito a micro acessibilidade na região à medida em que todo o corredor da BR está seguindo as normas brasileiras de acessibilidade”, explica Paulo Ribeiro, arquiteto e urbanista, assessor do Governo.

O especialista lembra que hoje o projeto é executado em uma via com o conceito de rodovia, “onde não se identifica calçada adequada, ciclovia apenas em pequeno trecho, as condições de travessias são difíceis e todo o sistema de transporte que circula na BR-316 não está hoje adequado a essas normas, nem às necessidades”.

Em vigor desde 2012, a Lei 12.587/12 institui diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU) priorizando o transporte público e coletivo em detrimento do individual e privado, além de estabelecer questões essenciais de acessibilidade como infraestrutura urbana adequada, incluindo as calçadas. As regras também buscam regularizar as calçadas, retirar postes da faixa de domínio da obra, arborização para proteção e conforto dos pedestres, espaço para os ciclistas e etc.

Um exemplo de integração de bicicletas ao transporte público que tem funcionado muito bem é visto em cidades chinesas, como forma de buscar alternativas sustentáveis e de diminuição do número de carros nas ruas. No último levantamento feito em 2019, o país registou redução de congestionamentos em 8% após a integração.

Em relação ao deslocamento cicloviário na BR-316, a população será beneficiada com o espaço destinado a esse tipo de locomoção nos dois sentidos da rodovia. As ciclovias serão segregadas e sombreadas com a arborização que haverá no limite da calçada e ciclovia, proporcionando segurança e conforto para os usuários de bicicleta, criando ainda condições ao usuário fazer a conexão à avenida João Paulo II, por exemplo, sentido Ananindeua-Belém, outro corredor de transporte metropolitano importante na Região Metropolitana de Belém.

“O tráfego cicloviário é gerado fora da via e é atraído para fora dela, ou seja, nenhum ciclista começa uma viagem no centro da via, nem acaba dentro da via. Quando se coloca uma ciclovia no meio da via, você obriga o ciclista a cruzá-la pelo menos duas vezes, entrar e sair. Essa é uma diferença importante em relação à ciclovia existente na avenida Almirante Barroso, pois nela existem diversos cruzamentos semaforizados e com faixas de pedestres que permitem uma realidade distinta ao cenário da BR-316”, explica Paulo a respeito do conceito das ciclovias que serão construídas na rodovia.

Além disso, o arquiteto afirma que existirá a possibilidade da integração do modal cicloviário  com o sistema BRT Metropolitano, uma vez que as passarelas poderão ser acessadas pelos ciclistas rumo as estações de passageiros localizadas no canteiro central da BR e, haverá bicicletário nos terminais de integração (Ananindeua e Marituba), fazendo com que o usuário chegue em um dos terminais de bicicleta, tranque o veículo no espaço adequado, siga no ônibus do BRT e ao retornar, faça o sentido inverso.

A nova estrutura também busca incentivar o uso da bicicleta e quem agradece é o meio ambiente. A exemplo do país asiático, a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos afirma que “o uso de bicicletas compartilhadas poupa o equivalente a 1,4 milhão de toneladas de combustível, representando 1,1% do consumo do país asiático. Mais de 16 milhões de bicicletas estão nas ruas de todo o país”.

“A mobilidade sustentável trabalha o transporte coletivo nas grandes escalas (ou seja, distâncias a serem percorridas) e na escala menor (tanto microacessibilidade, quanto em escalas distâncias menores) que o deslocamento à pé e de bicicleta, patins, etc. Nesse sentido, o Governo está criando um conjunto de instrumentos para facilitar e potencializar o uso da bicicleta provocando um grande benefício em termos ambientais, pois em comparação ao volume de emissão de gases do efeito estufa entre uma pessoa que se desloca de transporte público outra que se desloca de ônibus, essa será bem menor”, reforça Paulo Ribeiro, arquiteto e urbanista do Governo do Pará.

Ao final das obras, o autônomo Luiz Nogueira, de 44 anos, espera melhorias na via “A BR precisa de uma repaginada em vários aspectos. Para atravessar, por exemplo, é um risco muito grande porque o fluxo é enorme, a gente não tem preferência. Gasto uma hora e meia de São Brás até a minha casa, de ônibus. Se esse tempo diminuir, com certeza vai ficar muito melhor”, diz o morador no bairro de Águas Lindas.