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ARTE E CULTURA

Sistema penal inicia projetos ‘Sons da Liberdade’ e 'Hora da Leitura'

Música e literatura chegam a servidores e custodiados, a fim de renovar o ambiente prisional com o brilho da arte e do conhecimento

Por Vanessa Van Rooijen (SEAP)
29/04/2021 18h40

Brilho nos olhos, surpresa e alegria são sentimentos e sensações presentes nos teatros, eventos musicais e exposições culturais, que agora também são oferecidos, no Pará, a pessoas privadas de liberdade. Nesta quinta-feira (29), começaram as atividades do Projeto "Sons da Liberdade", realizado pelo Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) e Secretaria de Estado de Cultura (Secult), com apoio da Fundação Cultural do Pará (FCP). O projeto leva ao sistema penitenciário o acesso à cultura por meio da música, contemplando quase 300 custodiados. A abertura ocorreu de forma virtual, com a exibição de diversas atividades. Custodiadas diante dos figurinos de teatro: arte despertando emoções e sentimentos de renovação

O diretor do Theatro da Paz, Daniel Araújo, explicou que as frequências sonoras serão específicas para o trabalho terapêutico. Segundo ele, o projeto visa resgatar cada uma das pessoas incluídas nas ações. “Com certeza, essa atividade vai impactar não apenas as pessoas que estão como foco no projeto, mas tudo em volta. Toda a equipe que estiver trabalhando vai receber benefício com essa terapia sonora”, reiterou. 

O “Sons da Liberdade” funcionará, em primeiro momento, na Região Metropolitana de Belém, devendo ser ampliado para municípios do interior, para que todos os custodiados sejam beneficiados com mais esta ação das políticas de ressocialização por via educacional e cultural.

Foram apresentadas atividades que passam a ser realizadas nas unidades penais, nas áreas de música, teatro e cenografia, com apresentação e performances musicais; terapia sonora com os internos – a partir da utilização de sonoridades usadas para a harmonização integral e cura psicoemocional; aulas de música (tendo como base o canto coral e percussão), e oficinas de capacitação, com profissionais especializados em óperas, musicais e peças teatrais, entre outros eventos.Internas do Centro de Recuperação Feminino na exposição de figurinos de ópera

Figurinos - No Centro de Recuperação Feminino (CRF), no município de Ananindeua, foi montada uma exposição cenográfica, em referência a peças de teatro, com figurinos das óperas Otello e Um ballo in maschera, de Giuseppe Verdi, e O matrimônio secreto, de Domenico Cimarosa. Na marcenaria da Colônia Penal Agrícola de Santa Izabel (Cpasi), localizada no Complexo Penitenciário de Santa Izabel, os custodiados receberam a equipe da Secult para falar sobre a produção cenográfica. 

O trabalho de produção de acessórios e peças de roupas para os figurinos ficará a cargo das internas do CRF que participam da Cooperativa Social de Trabalho Arte Feminina Empreendedora (Coostafe). Para Leilane Sales, entusiasmada ao ver os figurinos de peças teatrais -, o projeto será um aprendizado e um presente às cooperadas da Coostafe. “Vamos fabricar as melhores peças para o projeto. É uma oportunidade de ouro participar, inovar, desenvolver peças que ficarão registradas na história e na cultura”, afirmou a interna.

Arte e esperança - A titular da Secult, Ursula Vidal, acrescentou que o Estado precisa levar esperança para dentro das unidades penais, e a cultura é uma porta de entrada para a humanização dos apenados. “Levar arte e profissionalização em atividades que fazem parte da cadeia produtiva da ópera será uma ação pioneira no País. Os três cursos do Projeto ‘Sons de Liberdade’ vão abrir janelas de empregabilidade para esses custodiados”, ressaltou.

Jarbas Vasconcelos, secretário de Administração Penitenciária, frisou que hoje a sociedade vive um momento de desencanto, e que a cultura é essencial para que a sociedade se reconecte “com o que é bom. Estamos seguindo pelo rumo certo. É possível uma nova sociedade, novos homens e novas mulheres. Estamos comprometidos para fazer coisas novas e boas. A partir da música, da cultura, vamos trabalhar na recuperação da civilidade".Gestores da Seap, Jarbas Vasconcelos, e Secult, Ursula Vidal, na entrega de livros a servidores do sistema penal

"Hora da Leitura" - Ainda nesta quinta-feira (29), a Secult, em parceria com a Seap, Fundação Cultural do Pará e Imprensa Oficial do Estado (Ioepa) lançou o Projeto "Hora da Leitura", entregando 50 caixas literárias a servidores do sistema penitenciário. Cada caixa tem, em média, 70 livros, que ficarão à disposição para empréstimo dos agentes penitenciários das unidades penais do Estado. Entre os livros há contos, poesias, fotografias, bibliografias e literatura infantil. O objetivo é incentivar a leitura tanto entre custodiados quanto entre os servidores do sistema penitenciário. "Enxergar a unidade prisional como um todo nos levou a desenvolver uma parceria de acesso ao livro e à leitura que atendesse aos policiais penais. A partir daqui, vamos convidar editoras de todo o Brasil para incrementarem o acervo de nossas caixas literárias", disse Ursula Vidal.

O presidente da FCP, Guilherme Relvas, destacou a eficácia da cultura como construção social coletiva, incluindo a área penitenciária. “Felicidade em participar do lançamento do ‘Hora da Leitura’, que vai formar uma sociedade leitora e transformar esse Estado num estado leitor”, acentuou.

O presidente da Ioepa, Jorge Panzera, também frisou as mudanças que a implementação dessas políticas públicas promovem dentro e fora dos ambientes prisionais. “Estamos com pessoas que dedicam a sua vida ao sistema penitenciário. Participar desse projeto para ajudar na mudança das pessoas é de uma alegria muito grande”, acrescentou.

A colaboração dos órgãos do Estado em promover o acesso à literatura e ao conhecimento a todo o sistema penitenciário, pontuou a fala de Erica Sousa, diretora do CRF. “Agradecemos pelo lançamento do projeto, que vai ampliar a prática da leitura para nós, policiais penais. O sistema penal mostra-se cada vez mais humanizado, principalmente agora com essas políticas públicas para fomentação da cultura”, afirmou. 

De acordo com o secretário Jarbas Vasconcelos, o projeto tem o objetivo de estimular os policiais penais ao exercício da leitura no tempo livre, para que possam ter momentos de aprendizado quando não estiverem trabalhando. “Poder levar essas leituras para suas casas, suas famílias, de modo que a gente crie aqui um ambiente leve de trabalho. Trabalhar com leveza é um grande desafio que nós temos no mundo de hoje. A simples leitura, pela reflexão que proporciona, é capaz de mudar a vida e reconstruir qualquer ambiente”, concluiu.