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Cai o número de casos das doenças transmitidas por vetores no Pará

Os dados divulgados no Dia Nacional da Saúde mostram o acerto das políticas da Sespa com ações de supervisão, monitoramento, prevenção, tratamento e controle

Por Roberta Vilanova (SESPA)
05/08/2021 12h52

O Governo do Estado investe em ações de controle e prevenção de endemias e resultado revela expressiva queda em números de casosNo Dia Nacional da Saúde, comemorado nesta quinta-feira (5), a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) faz um balanço positivo das ações de controle das principais endemias transmitidas por vetores que acometem à população paraense, tais como malária, dengue, doença de Chagas e leishmaniose.

A data comemorativa foi instituída pela lei 5.352 de 8 de novembro de 1967, com a finalidade de promover a educação sanitária e despertar na população a consciência do valor da saúde. Outro objetivo é homenagear e recordar a vida e o trabalho de Oswaldo Cruz, um dos principais responsáveis pelas erradicações de perigosas epidemias que acometiam o Brasil no final do século XIX e começo do século XX. 

“Apesar de o governo do Estado ter investido muito na descentralização dos serviços de média e alta complexidade com a construção de hospitais regionais, é fundamental atuar na prevenção de doenças e promoção da saúde para que tenhamos uma população que precise cada vez menos de internação hospitalar por doenças endêmicas, que podem ser evitadas com medidas simples”, é o que pensa o secretário de Estado de Saúde Pública, Rômulo Rodovalho.

Malária – De janeiro a julho deste ano, o Pará registrou 8.970 casos confirmados de malária representando uma redução de 26,75% em relação ao mesmo período de 2020 com 12.245 casos confirmados da doença.

As pesquisas da vigilância epidemiológica estadual são fundamentais para as ações práticas de Saúde no território paraenseDe acordo a coordenadora estadual de Controle da Malária, Paoola Vieira, a maior proporção de casos ocorre em áreas indígenas e de garimpo e houve queda na ocorrência de casos em área urbana e de assentamento. De janeiro a junho deste ano, houve 3.250 casos em áreas de garimpo e 2.140 em áreas indígenas, enquanto no mesmo período de 2020 ocorreram 2.683 e 2.027 casos da doença respectivamente. Em áreas indígenas, o aumento foi de 5,28%.

“Por isso, a Sespa tem dado maior atenção ao município de Jacareacanga, que é o mais atingido com 2.926 casos confirmados de malária e Itaituba com 2.047 casos da doença”, disse Paoola Vieira. Outros municípios com mais casos são Anajás (986), Almeirim (434) e Oriximiná (312). 

“Só os dez municípios com maior número de casos são responsáveis por 88,93% do total de casos do estado e, considerando os Centros Regionais de Saúde (CRSs), cerca de 70% dos casos de malária abrangem municípios do 9º CRS, que tem sede Santarém, com 6.106 casos confirmados”, observou a coordenadora.

Trabalhando sempre em conjunto com os municípios e CRSs, no primeiro semestre deste ano, a Sespa realizou as seguintes ações: supervisão e monitoramento nas ações de prevenção e controle da malária nas Unidades de Diagnóstico e Tratamento e em áreas endêmicas; capacitação de microscopistas em diagnóstico laboratorial de malária, reunião com novos gestores; treinamento nos sistemas de notificação Sivep Malária, Sies e Vetores Malária e distribuição de mosquiteiros impregnados com inseticidas de longa duração (MILDs), antimaláricos e testes rápidos.

 “A Sespa continua intensificando as ações de forma complementar para garantir o controle e reduzir a carga da malária. Porém, é importante dar sustentabilidade a essas ações, manter a vigilância epidemiológica, como também sensibilizar a gestão local”, ressaltou Paoola Vieira.

Dengue – Em relação à dengue, o Pará também tem registrado queda no número de casos. São 1.897 casos confirmados de janeiro a junho de 2021, contra 1.656 no mesmo período de 2020, representando uma redução de 14,5%. Os municípios com mais casos de dengue em 2021 são Itaituba (502), Belém (434), Altamira (186), Novo Progresso (133) e Novo Repartimento (85).

No que tange à febre de chikungunya, a queda no número de casos chegou a 36%, com o registro de 85 casos confirmados da doença de janeiro a junho de 2021 e 133 confirmados no mesmo período de 2020. Os municípios com mais casos são Belém (21), Parauapebas (19) e Castanhal (09).

Quanto à febre de zika, a redução foi de 88,88% com o registro de 19 casos da doença de janeiro a junho de 2021 e 171 casos no mesmo período de 2020. Os municípios com mais casos registrados são Santarém (19) e Belém (10).

“Apesar dessas quedas nos números de casos, além das ações que a Sespa realiza em conjunto com os municípios, é importante a participação da população nesse controle, eliminando os possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti transmissor dessas doenças, ou seja, tudo que possa acumular água dentro e no entorno da casa”, alertou a coordenadora estadual de Controle das Arboviroses, Aline Carneiro.

Doença de Chagas – Apesar de o Pará ainda ser responsável por 80,95% dos casos de doença de Chagas no Brasil, o número de casos confirmados dessa endemia também vem caindo no estado. Foram 68 casos confirmados de janeiro a julho de 2021 contra 100 casos confirmados no mesmo período de 2020, alcançando uma redução de 32%. Os municípios com mais casos são Bagre (13), Barcarena e Cametá (07), Oeiras do Pará (06) e Curralinho e Igarapé-Miri (05).

Segundo o coordenador estadual de Doença de Chagas, Éder Amaral, 82,35% dos casos têm sido registrados na zona rural, a maioria da contaminação (62,50%) tem ocorrido dentro de casa e o principal modo de infecção é a oral (84,58%). “A transmissão ocorre por inúmeros alimentos contaminados com o trypanosoma cruzi, transmitido pelas fezes do inseto barbeiro, entretanto o açaí e a bacaba estão entre os mais envolvidos devido ao consumo rotineiro e sem controle de higiene e cuidados no momento do processamento”, explicou. “E graças às notificações em tempo hábil, mais de 90% dos casos confirmados tem evoluído para a cura da doença”, enfatizou o coordenador.

As principais medidas de prevenção e controle da doença de Chagas desenvolvidas pela Sespa são monitoramento e supervisão de campo nos municípios mais vulneráveis para avaliação dos casos notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan); ajuste de fluxo para atendimento dos casos suspeitos e confirmados; reuniões técnicas on-line para orientação e discussão dos surtos; webconferências com os coordenadores dos CRSs e representantes da Vigilância Epidemiológica,  interpretação do diagnostico laboratorial fluxo de abastecimento da medicação para o tratamento especifico e a importância da completitude das notificações na investigação dos casos. “Também produzimos materiais técnicos e educativos em formato digital para divulgação da situação epidemiológica, medidas de controle e prevenção”, acrescentou Éder Amaral.

Leishmaniose - Pouco se fala, mas a leishmaniose também é uma endemia que precisa de ações de vigilância epidemiológica por parte da Sespa e Secretarias Municipais de Saúde. 

As leishmanioses são doenças infecciosas não contagiosas de curso crônico, causadas por protozoários do gênero Leishmania, causando as formas clínicas tegumentar (cutânea e mucosa) e a visceral. Quando não tratadas precocemente causam deformidades importantes no caso da tegumentar, e óbito no caso da visceral. A doença é transmitida por insetos hematófagos conhecidos como flebótomos ou flebotomíneos.

Durante o ano todo de 2020, foram confirmados 228 casos de leishmaniose visceral e 3.159 de tegumentar. Já de janeiro até a primeira quinzena de julho, foram 87 de visceral e 1.188 de tegumentar. 

A maioria dos casos de leishmaniose tegumentar se concentra nas regiões do Xingu, Baixo Amazonas, Tapajós e Carajás, enquanto os casos de visceral se concentram nas regiões do Araguaia e Carajás. “Infelizmente, a urbanização da leishmaniose visceral é uma realidade no Pará, pois 43 municípios estão com o agravo urbanizado”, informou a coordenadora estadual de Leishmaniose, Mônica Fadul.

Por isso, a Coordenação Estadual monitora os municípios por meio de avaliação de dados do Sinan e realiza capacitações locais em Vigilância e Controle dos Agravos, reunião com médicos e enfermeiros para informações básicas sobre as doenças, protocolo de tratamento e acompanhamento de pacientes. 

Entomologia – Para o controle dessas endemias no Pará, também é fundamental o trabalho da Coordenação Estadual de Entomologia, cujas atividades servem de suporte para a tomada de decisão das Coordenações Estaduais dos agravos endêmicos do estado. Tem caráter preventivo e atua de forma complementar à Vigilância da doença de Chagas, leishmaniose, malária e arboviroses.

Suas atividades incluem captura, identificação e análise de infectividade dos vetores Aedes aegypti (dengue, chikungunya e zika), Anopheles (malária), triatomíneo (barbeiro) (doença de Chagas), e lebotomíneo (leishmaniose). É a partir dos resultados dessas análises que são definidas as estratégias mais adequadas para combate a esses vetores, considerando os impactos à população e ao meio-ambiente.

Segundo a coordenadora de Entomologia, Bárbara Almeida, em relação à doença de Chagas, uma das atividades importantes é a implantação de postos de informação de triatomíneo (PITs), onde a população pode entregar barbeiros capturados em suas casas. 

Nos anos de 2020 e até 22 de julho de 2021, a Sespa recebeu um total de 78 insetos de três espécies para análise pelo Laboratório de Entomologia Estadual. “Apesar da pandemia de Covid-19, foram implantados PITs em Muaná e São Domingos do Capim em 2020; e neste ano, mais dois, sendo um em São Sebastião da Boa Vista e um em Cametá”, informou.

Em relação à vigilância entomológica para Anopheles, ela destacou a avaliação de indicadores que tem o objetivo de evidenciar o hábito do mosquito para determinação da presença de espécies com capacidade vetorial, padrões de distribuição, densidade e comportamento vetorial em áreas de vulnerabilidade socioambiental urbana e rural para a transmissão da malária.

Já em relação à vigilância entomológica para flebotomíneos, Bárbara citou a quantificação da dispersão vetorial ativa e passiva para leishmaniose nos municípios de Barcarena, Oeiras do Pará e Limoeiro do Ajuru em 2020 e na aldeia Anembe, Breves, Curralinho, Abaetetuba e São Domingos do Capim em 2021.  “Essa atividade é importante para identificar a presença do principal vetor (Lutzomya longipalpis) nos municípios além de confirmar a área como de transmissão autóctone do agravo”, explicou.

No que se refere ao Aedes aegypti, Bárbara citou como ações principais a coleta de ovos com armadilhas ovitrampa para sinalizar os municípios infestados e aferição de bombas do tipo UBV portátil e pesada.

A Coordenação de Entomologia também realiza supervisão e reunião técnica nos laboratórios de entomologia dos Centros Regionais de Saúde.

A diretora do Departamento de Controle de Endemias, Adriana Tapajós, assegura que apesar da pandemia de Covid-19, a Sespa tem trabalhado incansavelmente para manter o controle de todas essas doenças. “Vamos continuar atuando juntamente com os Centros Regionais de Saúde garantindo apoio, assessoria técnica e capacitação aos 144 municípios paraenses”, afirmou.