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HOL alerta para riscos de câncer de mama em pessoas com obesidade

Até 2025, o Brasil deve ter 29 mil casos de câncer relacionado à obesidade, segundo a Faculdade de Medicina de São Paulo

Por Dayane Baía (ARCON)
15/10/2021 10h25

No Outubro Rosa, as preocupações aumentam com os riscos do câncer de mama a fim de conscientizar a sociedade - o ano todo - sobre os cuidados preventivos. Reconhecido como um dos mais importantes da rede estadual paraense, o Hospital Ophyr Loyola (HOL) atende os casos de alta complexidade em oncologia. 

A incidência dos casos de câncer de mama no estado apresenta uma discreta redução. Em 2019, foram registrados 677 casos, frente às 646 ocorrências em 2020. Neste ano, até outubro, foram acompanhados  299 casos. Mulheres com idade entre 50 a 59 anos têm o maior número de casos (28%), seguidas por 40 a 49 anos (27%) e 60 a 69 anos (21%), levando em conta os casos ocorridos entre 2019 e 2020. 

Em relação à mortalidade, 315 mulheres foram a óbito em 2019, seguidas de mais 330 no ano passado. Em 2021, 216 já perderam a vida para a doença. Entre os possíveis motivos para esse quadro está o afastamento de mulheres das consultas e medidas preventivas em função da pandemia.

 

Aspectos nutricionais

Victor Ângelo Santos, nutricionista do HOL, aponta a importância de ter uma alimentação saudável na prevenção do câncer de mama. Ele lembra que, de acordo com Ministério da Saúde, cerca de 53% da população brasileira está acima do peso. Outro fator preocupante é que até 2025, o Brasil deve ter 29 mil casos de câncer relacionado à obesidade, segundo a Faculdade de Medicina de São Paulo.

“A obesidade contribui para maior prevalência de casos de câncer de mama, vários estudos atualmente demonstram que a obesidade abdominal, que é a maior concentração de gordura no abdômen, tem o maior risco de desenvolvimento de vários de tipos de câncer, dentre eles o de mama”, destaca o nutricionista, citando a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Para Victor Ângelo, a relação ocorre por diversos fatores, sobretudo pelo excesso de níveis de insulina. “Este depósito de gordura faz com que o hormônio fique mais resistente e, dessa forma, há uma necessidade de aumento de níveis, sendo assim aumenta o risco de câncer de mama”, explica o profissional.

A alimentação saudável prevalece enquanto cuidado para prevenir diversos tipos de patologias, inclusive o câncer de mama. “A pessoa deve ser fisicamente ativa, manter o peso corporal adequado e evitar bebidas alcoólicas. Ter uma alimentação rica em alimentos de origem vegetal, como frutas, legumes, verduras, cereais integrais, feijões, entre outros”, orienta o nutricionista.

 

Sobrepeso e obesidade 

A coordenadora da Oncologia Clínica do HOL, Danielle Feio, explica a relação da obesidade com o câncer de mama. “Existem alguns tumores que apresentam risco relativo maior de desenvolverem em pacientes obesos, quando comparado com pessoas que estão com seu peso adequado. Os principais são o câncer de mama, colorretal, ovário, pâncreas, fígado, rim e próstata e, também, é observado o endométrio, que é o câncer do corpo do útero”, pontua Danielle.

A médica elenca três mecanismos que estimulam o aparecimento de tumores em pacientes com sobrepeso ou obesidade, que estão diretamente relacionados ao desenvolvimento do câncer. “O primeiro é a proliferação de células por meio da insulina, porque os pacientes obesos têm a maior resistência ao hormônio que controla o açúcar no sangue, o corpo passa a produzir a maior quantidade de insulina e provocando a ativação de mecanismos que respondem com o aumento da proliferação celular, que podem originar células de tumor”, detalha a coordenadora.

O segundo mecanismo se refere às inflamações do organismo no quadro de obesidade. “Os pacientes obesos têm o organismo inflamado, ativando substâncias no corpo para formação de vasos sanguíneos, ou seja, é processo inflamatório constante que é caracterizado pela própria obesidade. A contínua formação de vasos é essencial para o crescimento de um tumor”, informa Danielle.

O último aspecto da obesidade está relacionado à conversão de alguns tipos de células de gordura em hormônios sexuais para mulheres na pós-menopausa. Assim, além de não menstruar, elas ficam mais expostas a esses hormônios, aumentando o risco de câncer de mama e endométrio.

“Para pacientes que já estão em tratamento contra o câncer, é importante observar que a obesidade também é um fator complicador. Converso muito com as minhas pacientes para tentar diminuir o peso, sabemos que durante a quimioterapia não pode estar fazendo dieta. Mas é importante diminuir o peso, os carboidratos e manter uma atividade física três vezes na semana, porque nesses pacientes com sobrepeso, que estão em quimioterapia, geralmente têm prognóstico pior, com maior chance de retorno da doença”, relata a médica.

Hábitos saudáveis, atividades físicas e a reeducação alimentar levam os pacientes a reduzir índices de reincidência em até 30% para quem já teve câncer e reduz a chance de desenvolver, segundo Danielle.