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SAÚDE PÚBLICA

Banco de Olhos do Ophir Loyola capacita Polícia Científica do Pará

Treinamento quer contribuir com o aumento do número de doações de córneas no território estadual

Por Leila Cruz (HOL)
20/05/2022 16h43

Fortalecendo o compromisso de aumentar o número de doações de córneas para fins de transplantes, o Banco de Tecido Ocular do Hospital Ophir Loyola (HOL) realizou, nesta sexta-feira (20), um treinamento teórico e prático destinado aos profissionais do Instituto de Medicina e Odontologia Legal (IMOL) da Polícia Científica do Pará (PCEPA).

A capacitação dos profissionais remocistas, que atendem as demandas de óbitos na Região Metropolitana de Belém, contempla uma das etapas do termo de cooperação técnica, em processo de formalização pelos representantes de ambas as instituições.

O trabalho de mobilização e sensibilização dos servidores do IMOL iniciou em 2018, porém, com as limitações sanitárias impostas pela pandemia, ocorreu a suspensão das atividades presenciais dentro do Instituto. Após a redução das taxas de covid-19, a equipe retomou as captações dentro do IMOL no início de maio deste ano. Na primeira quinzena, foram realizadas dez doações, totalizando 20 córneas para transplante. E, no último domingo (15), ocorreram oito enucleações em 4h, um resultado que evidencia a importância desta parceria.

A ação estratégica renovará a esperança de quem está na fila por uma córnea, mais de 1100 pessoas no Pará. “A iniciativa busca reduzir o tempo de espera por uma doação. Identificamos doadores em potencial, mas a negativa das famílias no momento da entrevista ainda é a principal barreira para que o procedimento seja realizado", esclarece o responsável técnico pelo Banco de Olhos, o oftalmologista Alan Costa.

Segundo o especialista, a cooperação com o IML foi exitosa em diversas capitais brasileiras e  há condições de reproduzi-la com sucesso, devido ao alto número de cadáveres recebidos pelo instituto. “A capacitação da equipe operacional responsável pelo transporte dos corpos permite estabelecer as circunstâncias ideais à enucleação do globo ocular”, afirmou.

Uma dessas condições é a preservação da integridade dos tecidos,  o cuidado deve ocorrer desde deslocamento do local do óbito até o momento da captação, conforme explica a técnica de enfermagem Regina Brito. “É necessário fechar  e lubrificar a pálpebra com solução fisiológica para preservação do tecido ocular. Essa atenção é indispensável, porque o tempo de óbito, o frio, a  umidade e o vento podem ressecá-lo e impossibilitar a captação”, informou.

“É uma honra para a Polícia Científica contribuir com a sociedade por meio do trabalho realizado pelo Banco de Olhos. Estamos exercendo nosso papel de agente multiplicador da informação na ajuda àqueles que necessitam de córneas para ter uma vida com qualidade e exercer as atividades do cotidiano”, afirma Marcos Uchôa, gerente do Núcleo de Serviços da PCEPA.

Esse compromisso foi assumido por Thiago Couto, de 39 anos, que há dois anos atua como remocista. Ele já exercia a cidadania enquanto doador de sangue e vê na parceria uma alternativa a mais para ajudar a quem tanto precisa. “Teremos um papel fundamental para aumentar a chances de alguém voltar a enxergar. A nossa equipe operacional está comprometida em colaborar com a redução da fila de espera, uma questão de empatia com o próximo”, disse.

A equipe do Banco de Olhos do HOL está em regime integral em ambiente que funciona como extensão do serviço. Quando um corpo é liberado, a equipe acionada faz a avaliação e, em seguida, conversa com a família. Todos os trâmites são esclarecidos em conformidade com as normas técnicas e regulamentações nacionais e estaduais para o processo de doação e manejo do tecido ocular.

“Para que a doação seja efetivada, a pessoa precisa manifestar em vida o desejo de ser um doador para a família. Mas quem decide é o familiar de primeiro grau (pai, mães, filhos, avós e cônjuges), por meio de assinatura de um termo de autorização. É um processo que requer amor pela causa e muita empatia, pois é no momento da dor da perda que fazemos esse contato e  a esperança pode surgir para alguém”, afirmou a enfermeira do BTO, Cristiane Moreira.

O prazo máximo de enucleação é de seis horas após o falecimento da pessoa, com idade a partir de 2 a 70 anos, que não tenham contraindicações, como portadores dos vírus covid-19,  hepatites B e C e HIV. Para fazer a doação, entre em contato com Banco de Olhos pelos fones (91) 3265-6759 e (91) 98886-8159.

Projeto busca descentralizar a captação

O Banco de Olhos do Hospital Ophir Loyola, em parceria com a Central Estadual de Transplante, promove o Curso de Enucleadores do Estado do Pará. Um trabalho de qualificação técnica dos profissionais de enfermagem das Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTTs) e das Organizações de Procura de Órgãos (OPO) dos hospitais sobre as normas técnicas e regulamentações nacionais e estaduais para o processo de doação e manejo do tecido ocular.

“O projeto de descentralização da captação de córneas capacita os profissionais na atuação integrada em diferentes etapas do processo de doação, desde a identificação do doador até a enucleação de tecidos oculares. Mostramos todo o trabalho desenvolvido pelo Banco de Olhos, acolhimento e entrevista com as famílias dos potenciais doadores, captação do globo ocular, processamento, armazenamento e distribuição das córneas'', detalha a enfermeira Cleide Faro.

Os participantes conhecem todas as etapas de doação:  acolhimento e entrevista com as famílias dos potenciais doadores, captação do globo ocular, processamento das córneas, armazenamento e distribuição dos tecidos oculares. A formação já foi realizada com os profissionais do Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA) de Santarém, do Hospital Regional de Castanhal e do Hospital Regional de Marabá.

Texto de Leila Cruz (Ascom Hospital Ophir Loyola)