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SAÚDE PÚBLICA

HOL integra pesquisa nacional de banco de dados genéticos para o SUS

Informações coletadas devem contribuir para a implementação de estratégias de gestão populacional frente ao câncer

Por Leila Cruz (HOL)
28/06/2022 13h46

Centro de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon), o Hospital Ophir Loyola (HOL) foi um dos centros brasileiros selecionados pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), do Ministério da Saúde, para participar do estudo multicêntrico “Onco-Genomas Brasil: mapeamento do câncer de mama e de próstata no sistema público brasileiro”. A iniciativa é coordenada pelo Hospital Moinhos de Ventos, do Rio Grande do Sul, e faz parte do Programa Genomas Brasil, do governo federal.

O projeto recrutará e fará o sequenciamento genômico de 550 pacientes oncológicos, sendo 300 de câncer de mama e 250 de câncer de próstata. A oncologista clínica do Hospital Ophir Loyola, Dra. Danielle Feio, tem uma trajetória na pesquisa na área de oncologia, será a principal investigadora (PI) do projeto e responsável por conduzir a pesquisa no Cacon, em Belém. A princípio, o HOL coletará amostras e enviará ao Hospital Israelita Albert Einstein para a análise dos dados genômicos e fenotípicos necessários ao mapeamento genético de pacientes com câncer de mama e de próstata hereditário.

A pesquisadora explica que a definição do perfil molecular somático e germinativo dos tipos de câncer mais incidentes na população brasileira, ajudará a medicina do SUS a oferecer um tratamento mais assertivo e personalizado para as pacientes com tumor de mama localmente avançado. “A priori, o estudo beneficiará as pacientes com câncer de mama que são receptores HER2+, uma proteína expressa na superfície do tumor, fazendo com cresça e se dissemine mais rapidamente. São aquelas que se beneficiam do uso de um anticorpo monoclonal anti-HER2, o Trastuzumabe”.

Os anticorpos monoclonais são proteínas produzidas em laboratório para ajudar o sistema imunológico a reconhecer as células malignas e assim combater o tumor.  Cerca de 30 a 40 mulheres com o perfil HER2, que fazem uso do Trastuzumabe e respectivos familiares, serão beneficiadas com aconselhamento genético no Ophir Loyola. Todas possuem tumor localmente avançado e devem iniciar a quimioterapia antes de serem submetidas ao procedimento cirúrgico.

“O mapeamento genético detectará se essa paciente desenvolveu um câncer de mama hereditário, mutações e variantes patogênicas. Por meio do teste genético, saberemos se ela expressa mutações nos genes BRCA1 e BRCA2, que aumentam a chance de se desenvolver câncer de mama e de ovário. Ou seja, se a análise genética detectar a mutação, ela pode se beneficiar, futuramente, com uma mastectomia profilática da outra mama, ainda não afetada. A medida evitará que desenvolva câncer contralateral, assim como a retirada dos ovários, evitará o câncer  nessas glândulas”, esclarece Danielle Feio. 

Ainda segundo a pesquisadora,  a paciente com perfil de mutação de BRCA positiva apresenta uma mutação germinativa herdada da mãe. “É por esse motivo que as irmãs e filhas dessas pacientes também serão rastreadas, receberão aconselhamento genético e serão acompanhadas precocemente. E, futuramente, podem ser submetidas à testagem genética para identificar possíveis mutações em genes predisponentes ao câncer, não patogênicas, para se beneficiarem com uma mastectomia e ooforectomia (retirada dos ovários) profiláticas”, informou a oncologista do HOL.

Danielle Feio ressalta que os mapeamentos genéticos aproximam ainda mais os especialistas das pacientes com o acompanhamento das famílias e adoção de medidas preventivas para evitar que mais um familiar venha desenvolver a doença. “Teremos uma visão genética daquela paciente para nos antecipar e ajudá-la lá na frente. Existem outros genes que ocasionam câncer de mama e drogas eficazes para combatê-los, ou seja, além do Trastuzumabe essa paciente pode se beneficiar de outros tipos de quimioterapia”, destaca.

A primeira fase do estudo encerrará em 2023. As amostras do material genético coletadas no HOL serão enviadas à São Paulo. As pacientes diagnosticadas com o perfil  HER2+ terão  os dados inseridos no painel multigênico do câncer de mama. O acompanhamento genético será realizado pela Dra. Danielle Feio, conforme protocolos clínicos estabelecidos por um geneticista do Hospital Moinho dos Ventos. O início das coletas em pacientes com câncer de próstata  está previsto para o mês de novembro.

Segundo a oncologista, é motivo de orgulho colaborar com a evolução da saúde pública nacional enquanto especialista de um Hospital de Ensino e Pesquisa, o Ophir Loyola. “É relevante para o desenvolvimento científico institucional, a atuação em estudos multicêntricos que buscam  identificar alterações genéticas responsáveis pela incidência dos cânceres na população. O Hospital está participando com a pesquisa científica aliada a um grande centro que é o Moinho dos Ventos, sendo patrocinado pelo Proadi-SUS. Isso abre portas para outras pesquisas clínicas, inclusive pesquisas com medicamentos, e até mesmo de centros internacionais”, conclui. 

Texto de Leila Cruz / Ascom Ophir Loyola