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Adepará faz ação educativa sobre a monilíase do cacau e do cupuaçu na Ilha do Combu

A iniciativa visa orientar produtores de cacau sobre a monilíase, um fungo que ataca o cacau e o cupuaçu e pode impactar os cultivos

Por Rosa Cardoso (ADEPARÁ)
25/04/2024 14h36

Há 15 minutos de Belém, na chamada região das ilhas, tem cacau nativo, matéria-prima para o chocolate. O cacau, oriundo de áreas preservadas de floresta nativa de várzea, serve de alimento e de sustento às comunidades ribeirinhas da Ilha do Combu.

Para ver de perto essa produção e dialogar com os produtores, os fiscais estaduais agropecuários da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) realizaram, esta semana, a primeira de uma série de ações educativas que deverão ocorrer na região insular de Belém.

A iniciativa visa orientar produtores de cacau sobre a monilíase, um fungo que ataca o cacau e o cupuaçu e pode impactar os cultivos. 

A atividade aconteceu na Casa do Chocolate da Dona Nena, onde funciona a fábrica de chocolate artesanal "Filha do Combu" da empreendedora Izete "Nena" dos Santos Costa, que há 17 anos produz chocolate 100% orgânico na Ilha. É da área de cultivo de cacau nativo que a família retira a matéria-prima para o chocolate amazônico, sabor marcante que atrai turistas do mundo inteiro e por isso precisa continuar sendo um cultivo livre de doenças.

"É uma cultura sazonal que nós temos aqui que vem agregar muito para nós, não só para mim que trabalho com chocolate, mas também para as famílias da comunidade que retiram o sustento dessa atividade. Então, é muito importante nós termos conhecimento sobre essa doença para não corrermos o risco dela se alastrar e nós perdermos a nossa produção", disse dona Nena.

Foi nesse ambiente sustentável e regado a chocolate quente que representantes de pelo menos cinco comunidades ouviram atentamente as informações repassadas pelos fiscais da Adepará. 

Bruna Costa veio com um grupo de mulheres da Associação dos Moradores e Agricultores da Foz Genipaúba-Baixo Acará, que estão plantando cacau na comunidade do Igarapé Genipaúba, na região do baixo Acará. São cerca de 14 agricultoras, que já trabalham com artesanato, e que se iniciaram no cultivo do cacau. Elas contaram que já plantaram 3.200 mudas de cacau e aguardam pela colheita do fruto. 

"Eu achei essa ação ótima, essa ação educativa porque vai contribuir muito para o desenvolvimento da produção de cacau e também da nossa área onde estamos plantando o cacau da várzea. Nosso cacau tem muito potencial e com esse acompanhamento repassado pela Adepará nós temos certeza que vamos produzir um fruto muito mais saudável", disse Bruna Costa, da Associação dos Moradores e Agricultores do Foz Genipaúba-Baixo Acará.

Fiscais agropecuários com Dona Nena, empreendedora da Ilha do Combu.Durante a roda de conversa, os fiscais estaduais agropecuários, engenheiros agrônomos Gabriela Cunha, Alexandre Mendes, Marluce Bronze e Euclides Holanda, que integram as Gerências de Educação Sanitária e do Programa do Cacau da Agência de Defesa, abordaram os sinais e sintomas da monilíase e as medidas de biossegurança que os produtores devem seguir para evitar a introdução da praga no território paraense.  

"São informações que precisam ser multiplicadas para podermos manter o território paraense livre dessa praga, que está sob controle oficial no Amazonas e no Acre e que nós temos feito grandes esforços, intensificando as ações de defesa, para evitar que chegue ao Pará", ressaltou Euclides holanda, fiscal agropecuário que executou o mapeamento de risco da monilíase no Estado. 

Na apresentação, os fiscais também demonstraram de forma lúdica como se dá a disseminação do fungo e quais as ações de vigilância realizadas pela Adepará, como a fiscalização de trânsito agropecuário, para evitar a entrada de cargas contaminadas.

Ações em outras comunidades já estão sendo programadas e devem contemplar as diversas ilhas que compõem a região insular de Belém. “A ideia é conscientizar a comunidade que vive nas Ilhas próximas a Belém para identificar os sintomas da doença, que é facilmente disseminada pelo vento e provoca a podridão dos frutos”, enfatizou Gabriela Cunha, fiscal agropecuária da Gerência de Educação Sanitária da Adepará. 

Ilha do Combu - É a quarta maior ilha das 39 que compõem a região insular de Belém. Famosa pelo turismo e lazer, a Ilha abriga também a Casa do Chocolate da Dona Nena, que preserva técnicas de cultivo orgânicas e produz um chocolate 100% orgânico. A Ilha tem população local composta principalmente por ribeirinhos e as atividades econômicas estão concentradas principalmente no turismo e no extrativismo.

Defesa do território - Para evitar a entrada da doença no Estado, as regiões produtoras de cacau têm recebido atenção especial da Adepará, que realiza o monitoramento de propriedades, levantamento de detecção de pragas, vigilância do trânsito agropecuário e educação fitossanitária.

O trabalho de defesa vegetal realizado pela Adepará envolve a parceria com o setor agrícola e com as prefeituras de 38 municípios, especialmente na Transamazônica, que é a maior região produtora de cacau.

Em 2023, os fiscais agropecuários da Adepará fizeram 809 inspeções e cadastraram 1.271 propriedades. No município de Medicilândia, o qual é o maior produtor de amêndoas do Estado, a Adepará realizou 68 inspeções. Para 2024, a meta é intensificar as ações e realizar 900 levantamentos de detecção.

Produção de cacau - O Pará é o maior produtor de cacau do Brasil. Responsável pelo volume anual de 152 mil toneladas de amêndoas, produzidas em 28.700 mil propriedades, na sua grande maioria pequenas e envolvendo mão-de-obra familiar. São cerca de 320 mil postos de trabalho envolvidos direta ou indiretamente na cadeia produtiva do cacau. Segundo dados do IBGE, estima-se em 30.000 os estabelecimentos produtores de cacau. 

Monilíase - Doença que ataca os frutos do cacaueiro (Theobroma cacao), do cupuaçueiro (Theobroma grandiflorum) e de outras plantas do gênero Theobroma em qualquer fase de desenvolvimento. Causada pelo fungo Moniliophthora roreri, é facilmente disseminada pelo vento e por materiais contaminados como plantas, roupas, sementes e embalagens. A praga ocasiona perdas que podem chegar a 100% da produção.