Em Belém, Estação das Docas garante conexão diária com a potência da Baía do Guajará
Complexo de convivência, lazer, gastronomia e arte atrai diariamente visitantes aficionados pelo lugar, mais um patrimônio cultural da capital paraense

Em Belém, a Estação das Docas garante conexão diária com a potência da Baía do Guajará
Complexo de convivência, lazer, gastronomia e arte atrai diariamente visitantes aficionados pelo lugar, mais um patrimônio cultural da capital paraense
As primas Ester Gouveia e Ana Beatriz Ziviani conhecem bem a vocação da Estação: um complexo turístico que permite o convívio com o belo cenário amazônico, como espaço de encontros e memórias às margens da Baía do Guajará. “Desde a infância, a Estação sempre foi um lugar mágico para mim e minha família. Vir aqui, olhar o rio, sentir o vento no rosto, assistir ao pôr do sol, não tem preço”, conta Ester, pedagoga de 30 anos.

Ana Beatriz, recém-chegada de São Paulo, antes visitava a Estação apenas durante as viagens para ver a família. Agora morando em Belém, já esteve cinco vezes no complexo em menos de um mês.
“Sempre que vinha ver a Ester, a Estação era parada certa. Agora que moro aqui, virou nosso ponto de encontro. Não resisto aos sorvetes de sabores regionais e ainda fico deslumbrada com a beleza desse lugar”, diz a enfermeira de 23 anos. Para as duas primas, o espaço é sinônimo de lar e reencontro.

Estação das Docas comemora 25 anos
Nesta terça-feira (13), a Estação das Docas completa 25 anos como complexo turístico e cultural, e uma referência de revitalização urbana.
“Celebrar os 25 anos da Estação das Docas é reafirmar o compromisso com a cidade, com a cultura e as pessoas que fazem desse espaço um patrimônio vivo. A Estação é mais do que um marco arquitetônico. Ela é um lugar onde todos vêm apreciar o rio, comemorar e viver momentos especiais. Nosso trabalho é garantir que ela continue sendo esse elo entre o passado e o futuro”, afirma o presidente da OS Pará 2000, Ruan Rocha.

A retomada da relação de Belém com a Baía do Guajará, e a consequente transformação de uma antiga área portuária em um polo de convivência, lazer, gastronomia e arte, estão entre as principais marcas da Estação das Docas, como espaço que se tornou um dos principais cartões-postais da capital paraense.
Estrutura portuária antiga foi ressignificada
Antes da revitalização, os armazéns que compõem a Estação faziam parte da antiga estrutura de escoamento da borracha e outras riquezas da Amazônia. Com o passar do tempo e o declínio da atividade portuária, a área caiu em desuso, isolada da vida cotidiana da cidade.

O projeto de reurbanização, nos anos 1990, é assinado pelos arquitetos Paulo Chaves Fernandes e Rosário Lima. Eles idealizaram a restauração dos armazéns preservando sua arquitetura original e dando nova função social e cultural ao espaço.
Os três armazéns centenários, construídos com estruturas de ferro inglês no século XIX, foram restaurados e adaptados para novas funções, abrigando restaurantes, lojas, exposições, teatro e outros espaços para eventos culturais.

Os antigos guindastes portuários, fabricados nos Estados Unidos, também foram preservados, e hoje são símbolos da Estação, emoldurando a paisagem da orla com um toque de memória histórica.
Complexo proporciona novas experiências
Outro exemplo marcante de reaproveitamento criativo está na reutilização das antigas pontes móveis — antes usadas na operação portuária — como base estrutural para um palco suspenso, hoje ponto central das apresentações musicais diárias. Um modo simbólico de dar nova vida a elementos históricos, sem apagar sua origem.

Entre os muitos rostos que acompanharam essa transformação desde o início está o de Paulo Natividade, funcionário mais antigo em atividade na Estação das Docas. Ele começou a trabalhar no local antes mesmo da inauguração, na função de soldador.
“Pisei pela primeira vez na Estação no dia 15 de novembro de 1999. Faltavam apenas cinco meses para abertura. Lembro perfeitamente do dia 13 de maio de 2000, dia da inauguração, que foi em um lindo domingo de Dia das Mães”, recorda Natividade.

Atualmente encarregado de manutenção elétrica, Paulo conhece cada canto do complexo. “O que mais chamava atenção eram os palcos suspensos, as pessoas paravam para ver. As rodas de carimbó também atraem muito o público, que gosta de dançar junto. Eu era um dos que costumava ficar após o expediente para assistir às apresentações”, conta.

O advogado e servidor público Cláudio Vieira é somente um exemplo, entre centenas de apreciadores do lugar. “Uma das minhas grandes paixões é passar o fim de tarde na Estação das Docas, apreciando o rio e degustando os melhores cardápios e drinks da cidade. Sempre que posso, estou no complexo, e quando recebo amigos de fora faço questão de levá-los para conhecer o melhor lugar da capital: a Estação, onde eu sei que terão uma verdadeira amostra da nossa Amazônia, nossos rios, culinária e cultura”, diz Cláudio Vieira.
Texto de Beatriz Santos / Ascom OS Pará 2000