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Bandas escolares mantêm viva tradição que transforma gerações pela música

Por Redação - Agência PA (SECOM)
02/09/2015 20h02

Quem nunca se encantou com aquelas bandas que, em datas festivas, desfilavam e marchavam pelas ruas da cidade com seus reluzentes instrumentos e coreografias bem ensaiadas? Essa imagem certamente faz parte da lembrança de muitos moradores da capital e do interior do Estado. As conhecidas bandas escolares mantêm viva uma tradição que já faz parte da história e do imaginário paraense, mas se engana quem acha que esse é apenas um registro que ficou no passado. Hoje, muitas crianças e adolescentes ainda enxergam no aprendizado da música uma possibilidade de crescimento e investimento no futuro, tanto pessoal quanto profissional. E o despertar da vocação começa cedo, muitas vezes motivado pela existência das bandas formadas dentro das escolas.

O maior exemplo de sucesso do trabalho que integra educação e arte por meio da música é contado há 143 anos pela Banda de música da Escola Lauro Sodré. Inaugurada em 30 de março de 1872, a mais antiga entidade de ensino e prática da música instrumental do Pará resiste ao tempo e às dificuldades e segue com a missão de atender, atualmente, cerca de 120 alunos com idade média entre 8 e 18 anos, com o objetivo dar oportunidade de acesso à vivência musical, contribuindo para a formação e capacitação de novos instrumentistas.

Os frutos das atividades e dos investimentos feitos na banda da Escola Lauro Sodré podem ser vistos a cada nova apresentação, a cada nova história de prestígio e reconhecimento, dentro e fora do Pará. Tombada pelo Patrimônio Histórico Cultural do Estado em 2003, a banda já ganhou mais de 70 prêmios em concursos municipais, estaduais e nacionais e já profissionalizou, ao longo de sua trajetória, cerca de dois mil músicos.

Dedicação – Para o maestro Silas Borges da Silva, regente do grupo há 30 anos, a importância da música e de trabalhos como os desenvolvidos pela banda vai muito além dos muros da escola. “A música aproxima o ser humano. Leva o ser humano à uma reflexão, à uma análise de mundo. Ela é transformadora. E a música quando aplicada desde a infância, nos primeiros anos de vida, tem todo o potencial para formar excelentes cidadãos. Ela ensina disciplina, cuidado com os horários, com os estudos, dá um foco. A música auxilia muito no crescimento do cidadão”, ressalta.

Vindos, em sua maioria, de comunidades carentes e escolas públicas, os alunos que integram a Banda Lauro Sodré e as demais bandas escolares existentes no Pará levam alegria à população e reforçam a tradição, transformando a música em meio de vida e alimentando o sonho de construir sólidas carreiras ao auxiliar e repassar conhecimentos a outras crianças e jovens.

É o caso do professor de saxofone Nilson Mousinho. Ex-aluno da Banda Lauro Sodré, Nilson teve contato mais próximo com a música aos 15 anos de idade e fez dela a trilha da carreira profissional. Estudou e, após se formar e se tornar técnico em saxofone, voltou para dar aulas aos integrantes do grupo. Há 15 anos na função, o professor diz que se identifica com as histórias e sente orgulhoso em acompanhar a trajetória de vários de seus alunos. “É um prazer muito grande educar esses garotos desde o começo e vê-los depois dentro de uma universidade. É muito gratificante”, comenta.

Oportunidade – O sonho de proporcionar aos jovens um futuro melhor por meio do ensino da música nas escolas é o que também move os organizadores e componentes da banda sinfônica da Escola Estadual Avertano Rocha, em Icoaraci. Completando 52 anos em 2015, a banda desempenha um trabalho social com os alunos e a comunidade do bairro do Cruzeiro. A escola abre suas portas, todos os anos, para crianças e adolescentes que queiram aprender mais sobre as teorias e a prática da musicalização. Tudo de graça.

O som de clarinetes, flautas, saxofones, tubas, pratos e demais instrumentos já é comum a todos e integra a rotina quase diária dos ensaios. Os 50 participantes da banda, alunos do ensino fundamental e médio, além de crianças e jovens moradores do bairro, aprendem melodias, leitura de partituras, técnicas coreográficas e se preparam com motivação para as muitas apresentações em concursos e festivais durante todo o semestre, além das apresentações e desfiles em datas especiais como o Dia da Pátria, no mês de Setembro.

João Batista Souza, atual coordenador do grupo que também começou como aluno, como verdadeiro entusiasta do projeto, relembra com satisfação a caminhada de sucesso da banda sinfônica e diz que a música faz toda a diferença na vida dos antigos e dos atuais alunos. “Hoje temos médicos, engenheiros, professores, que já passaram pela banda da escola Avertano Rocha. Vários pais e responsáveis já falaram comigo e agradeceram pela oportunidade que foi dada aos seus filhos com o trabalho desenvolvido na banda e através da musicalidade estimulada pela escola. Dentro da banda, nós somos uma família. Nós choramos e sorrimos juntos. E são esses valores que os alunos levam para dentro de suas casas”, enfatizou.

Contagiada pelos sons, a jovem Railana Ferreira, 19 anos, é uma das integrantes dessa “família” e já sabe bem o que quer para o futuro. A escolha vem de berço. Irmãos e primos da jovem também têm afinidade com a música e participam do projeto. Mestre de percussão da banda Avertano Rocha há dois anos, a estudante trabalha como professora no grupo e conta como a música ajuda na própria formação. “A música me ajudou muito. Antes, eu não era nada. Hoje, eu vivo da música, eu trabalho da música”, afirma.

A origem das bandas de música remonta ao período do Brasil colonial. A maioria foi organizada, desde o início, por iniciativas do poder público. No Pará, as bandas escolares recebem incentivos da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e agradam toda a população nos locais por onde se apresentam. A secretária Gisele Teixeira, moradora de Icoaraci, comenta que acompanha os ensaios das bandas que desfilarão nas marchas escolares pelas ruas do distrito e gosta do trabalho que vê e ouve. “Acho que reforça a nossa cultura. É uma forma de preservar a identidade do nosso Estado. É um trabalho muito interessante”, afirma.