Disfunção erétil: urologista do Hospital Galileu alerta para causas físicas e emocionais
Médico Gilflávio Normandes observa que diabetes, obesidade, tabagismo e as doenças cardiovasculares estão entre as causas da impotência sexual
No imaginário popular, a disfunção erétil ainda carrega o peso do tabu e do silêncio. Mas, na prática clínica, ela se apresenta com frequência e revela mais do que uma questão sexual: pode ser sintoma de doenças cardiovasculares, hormonais ou psicológicas. Para o urologista Gilflávio Normandes, do Hospital Público Estadual Galileu (HPEG) - unidade do Governo do Estado do Pará, - é preciso falar do problema de forma aberta e integrada, sobretudo dentro do sistema público de saúde.
“As principais causas físicas que observamos envolvem diabetes, hipertensão, obesidade, tabagismo, doenças cardiovasculares e o uso de certos medicamentos. Já no campo psicológico, há uma predominância de ansiedade de desempenho, estresse crônico, depressão e conflitos conjugais”, afirma o médico. Em muitos casos, Gilflavio observa que esses fatores se sobrepõem, exigindo abordagem multidisciplinar.
Diagnóstico
O primeiro passo no diagnóstico da disfunção erétil é a escuta médica. “Durante a consulta, fizemos uma anamnese detalhada e exame físico. Avaliamos histórico de saúde, hábitos de vida e o impacto da disfunção na vida do paciente”, explica Normandes.
Os exames laboratoriais incluem a dosagem de testosterona, prolactina, TSH, glicemia e perfil lipídico. Apesar de parecer um tema delicado, o médico destaca que o Sistema Único de Saúde (SUS) já oferece caminhos efetivos de tratamento. “O acesso geralmente começa pela atenção básica, que encaminha o paciente à regulação ambulatorial de urologia”, esclarece.
Entre as opções terapêuticas disponíveis no SUS estão mudanças de estilo de vida, medicamentos orais (como o sildenafil, quando disponível) e acompanhamento psicológico em parceria com os serviços de saúde mental. “A psicoterapia é essencial em muitos casos. Disfunção erétil não é só física, é também emocional e relacional”, diz.
Casos graves e irreversíveis, como os relacionados ao câncer de próstata ou ao diabetes avançado, podem requerer implante peniano — um procedimento de alta complexidade. “Esse tipo de intervenção é oferecido no SUS em hospitais de referência, mas não é realizado no Hospital Galileu”, destaca o especialista.
Inovações tecnológicas
Entre as inovações mais comentadas está a terapia por ondas de choque de baixa intensidade, indicada para casos leves a moderados de disfunção erétil de origem vascular. Apesar do potencial promissor, o procedimento ainda não está disponível no Galileu. “Há discussões em andamento sobre a inclusão dessa tecnologia no SUS, à medida que avançam os estudos e o acesso ao equipamento”, pontua.
Romper o tabu
Para o urologista, o maior desafio ainda está na barreira inicial: o preconceito e a vergonha. “A disfunção erétil não é uma sentença. Pode ser o primeiro sinal de que algo mais grave está acontecendo no corpo”, alerta. Por isso, a recomendação é clara: procurar ajuda é um ato de autocuidado.
“Cuidar da saúde sexual é cuidar da saúde como um todo. O SUS tem profissionais preparados para acolher com respeito e sigilo. Não espere”, conclui o especialista.