Emater habilita ribeirinhos de Nova Ipixuna para acesso às políticas públicas 

Nas luas cheias, a que Eliezer Oliveira, de 58 anos, refere-se como “época de luada”, ele, que é proprietário da Chácara Filadélfia, na Praia do Meio, em Nova Ipixuna, no Lago do Tucuruí, sai de canoa pelos braços do rio Tocantins para pescar espécies como curimatã e piau: “O peixe vai um tanto para gente e um tanto para vender. É uma renda a mais”, relata. A principal atividade do agricultor e da esposa, Maria Aparecida Oliveira, de 56 anos, é o plantio de feijão-de-corda em várzea. 

Atendida pelo escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater), a família acaba de receber o cadastro nacional da agricultura familiar (caf) emitido por aquele Órgão.

Com o documento, obrigatório para o acesso a quaisquer políticas públicas do segmento da agricultura familiar, o objetivo agora é planejar a aposentadoria rural, ante o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), e se preparar para um contrato de crédito rural, com o Banco da Amazônia (Basa). 

“A gente envelhecendo tinha a imensa preocupação da aposentadoria rural, para comprovar. O caf é um rg [registro geral] do agricultor, é a nossa identidade no papel. Estamos muito felizes com essa conquista em que a Emater e a Prefeitura nos ajudaram”, diz Eliezer Oliveira. 

Sobre crédito rural, Eliezer pensa em comprar um trator que auxilie o preparo da área para os roçados: “Fazer tudo sem maquinário atrasa, cansa, o rendimento é muito menor. Um trator será de grande, muito grande valia”, calcula.

O chefe do escritório local da Emater em Nova Ipixuna, engenheiro agrônomo Genival Reis, especialista em Pequenos e Médios Animais, informa que os cafs abrem as portas das políticas públicas e que a meta mais imediata é o Programa de Aquisição de Alimentos [PAA].

“O foco primeiro é a comercialização para o PAA e futuramente para o Pnae [Programa Nacional de Alimentação Escolar]; logo depois, o microcrédito do Pronaf [Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar] B. A Praia do Meio é a comunidade que mais produz legumes em Nova Ipixuna. Eles só vendem esses produtos mais para atravessadores. São terras pequenas: eles trabalham em sistema de vazante. É uma área de app [área de preservação permanente]", pondero gestor da Emater.

Evento

Os Oliveira formam uma das 30 famílias moradoras da Praia do Meio. Na quarta-feira (25), as famílias receberam o caf da Emater, em evento organizado em parceria com a prefeitura municipal, com o apoio do Basa, no Sítio São Paulo, do produtor Paulo Fernando da Silva.  

Além da entrega de cafs, a programação da 'Roda de Conversa' ofereceu uma capacitação sobre boas práticas nas culturas do feijão verde, galinha caipira, mandioca e quiabo, com destaque para a destinação correta de resíduos sólidos. 

Situada a 95 km da sede do município, via a Vicinal Tocantins, da rodovia PA-150,  a comunidade ribeirinha apresenta história e tradição de pesca artesanal, extrativismo de taperebá e plantio de abóbora, banana, feijão, mandioca, melancia, milho, pepino e quiabo. 

De acordo com o técnico em agropecuária e pedagogo do escritório local da Emater em Nova Ipixuna, Claudean Marinho, o conceito de “boas práticas”, em questão, detalha várias orientações: “Por exemplo: seleção de sementes da mandioca, controle da praga vaquinha-amarela no feijão, controle de verminoses da galinha caipira, produção de mudas de quiabo, controle da formiga lava-pés”, explica Claudean. 

Texto de Aline Miranda