Agência Pará
pa.gov.br
Ferramenta de pesquisa
ÁREA DE GOVERNO
TAGS
REGIÕES
CONTEÚDO
PERÍODO
De
A

Berçário de quelônios em Soure é alvo de estudo inédito do Ideflor-Bio no Marajó

A presença simultânea de quelônios marinhos e de água doce em processo reprodutivo no Arquipélago reforça a necessidade de ações integradas

Por Vinícius Leal (IDEFLOR-BIO)
12/07/2025 12h29

A comunidade de Araraquara, no município de Soure, no Arquipélago do Marajó, recebeu uma expedição técnica conduzida pela Diretoria de Gestão da Biodiversidade (DGBio), por meio do Projeto Criação de Unidades de Conservação Estaduais no Pará. O objetivo foi realizar um levantamento biológico específico das espécies que utilizam a área como berçário natural. A missão científica marca um avanço significativo para a conservação da fauna amazônica, especialmente por identificar um fenômeno inédito no Pará: a coexistência de desovas tanto de tartarugas marinhas quanto das tartarugas-da-amazônia.

A região de Araraquara é uma das áreas mais sensíveis do litoral marajoara, abrigando praias de difícil acesso e de rica biodiversidade, fatores que tornam o local um ambiente estratégico para a reprodução de espécies ameaçadas. A presença simultânea de quelônios marinhos e de água doce em processo reprodutivo reforça a necessidade de ações integradas de proteção e manejo sustentável. 

Fenômeno raro - “Estamos diante de um fenômeno único no Pará, o que torna ainda mais urgente a definição de áreas prioritárias para a conservação dos quelônios”, afirma o diretor de Gestão da Biodiversidade do Ideflor-Bio, Crisomar Lobato.

A atividade de campo contou com o apoio da Gerência da Região Administrativa do Marajó (GRM) e do Escritório Regional do Marajó Oriental (Soure), que acompanharam a realidade ambiental e social da localidade. A equipe percorreu trechos isolados da costa, onde foi possível identificar indícios recentes de desova, bem como sinais de predação de ninhos e de adultos, uma das maiores ameaças à sobrevivência das espécies. O levantamento visa subsidiar medidas de proteção efetivas, como ações de fiscalização, educação ambiental e inclusão da comunidade local nas estratégias de conservação.

Levantamento - Além do registro de dados biológicos e ambientais, os técnicos também realizaram o mapeamento preliminar das áreas de maior incidência de ninhos. A presença de predadores naturais e humanos, como o tráfico de ovos e a caça dos adultos, foi considerada um dos principais fatores de risco.

“Precisamos garantir que essas espécies tenham condições mínimas para cumprir seus ciclos reprodutivos. O levantamento é apenas o primeiro passo para a construção de um plano de manejo integrado e eficaz”, explicou a bióloga, técnica em gestão ambiental do Ideflor-Bio, Priscila Fonseca.

Com base nas informações obtidas, o projeto executado pelo Ideflor-Bio, dará início à definição das áreas prioritárias de atuação, buscando integrar ciência, comunidade e políticas públicas. O projeto será responsável por coordenar as ações de monitoramento e proteção em todo o território paraense, com foco especial nas regiões onde os dados apontam maior vulnerabilidade ecológica.

Marco - A atividade em Araraquara representa um avanço na compreensão da dinâmica reprodutiva das espécies de quelônios no estado e amplia o horizonte das estratégias conservacionistas. O reconhecimento da localidade como um ambiente único reforça a importância de iniciativas interinstitucionais e do envolvimento direto das comunidades na defesa do patrimônio natural do Marajó.

“Estamos falando de um território que precisa ser visto como prioridade ambiental, social e científica. A conservação dos quelônios vai além da proteção de uma espécie; ela envolve toda uma rede ecológica e cultural que precisa ser respeitada e fortalecida”, conclui Crisomar Lobato.