Agroindustrialização da produção familiar é destaque na I Semana do Clima da Amazônia em Belém
Evento promovido por Adepará, Seaf e IPAM valoriza territórios, protagonismo feminino e sustentabilidade na agricultura familiar

Com foco na bioeconomia e na verticalização das cadeias produtivas locais, a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará), a Secretaria de Estado da Agricultura Familiar (Seaf) e o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) realizaram, em Belém, durante a I Semana do Clima da Amazônia, o seminário que teve como tema central a "Agroindustrialização da Produção Familiar". Esse evento foi transmitido ao vivo pelo YouTube.
A programação reuniu gestores públicos, pesquisadores, representantes de instituições e produtoras da agricultura familiar, com debates sobre estratégias, políticas públicas e iniciativas bem-sucedidas que promovem o desenvolvimento sustentável e agregam valor à produção local. Os painéis abordaram temas como beneficiamento, transformação, certificação sanitária e comercialização direta de produtos agroindustriais.
Conhecimento e políticas públicas para o desenvolvimento
No primeiro painel, "Agroindústrias Familiares e Bioeconomia: Tecnologias, Normas e Políticas para o Desenvolvimento Sustentável", os professores Danilo Fernandes (NAEA/UFPA) e Hervé Rogez (FBIOETC/UFPA) apresentaram propostas baseadas em ciência, inovação e respeito às especificidades amazônicas.
A diretora de Defesa e Inspeção Vegetal da Adepará, Lucionila Pimentel, reforçou a importância de políticas voltadas à agroindustrialização como caminho para ampliar mercados e garantir alimentos seguros.
“Temos um time preparado e atuamos em todas as regiões do estado com 300 estabelecimentos da agricultura familiar, que garantem qualidade nos alimentos. O produtor entendeu que a adequação aos padrões sanitários gera resultados e amplia mercado. Nossa experiência tem servido de modelo para outros estados”, destacou.
Maria Lucimar Souza, diretora de Desenvolvimento Territorial do IPAM, ressaltou o papel da agroindustrialização na conservação dos territórios e no fortalecimento das mulheres. "Apoiamos 40 empreendimentos e queremos ampliar o número de agroindústrias registradas, gerando renda sustentável para a agricultura familiar."
Empreendimentos que geram impacto positivo
O painel "Caminhos que Dão Certo: Experiências Exitosas da Agroindústria de Base Familiar" apresentou histórias inspiradoras de mulheres à frente de agroindústrias nas regiões do Xingu, Rio Capim e Marajó.
Jiovanna Lunelli, da marca Cacau Xingu (Brasil Novo), relatou a implantação da primeira agroindústria com registro artesanal da região em 2016, com apoio da Adepará, Sebrae e IPAM. "As parcerias mudaram tudo. Valorizamos os ribeirinhos, os povos indígenas e artistas locais, com embalagens criadas por uma artista indígena."
Em Tomé-Açu, Ginelda Lima, da Casa de Farinha Quebec, lidera um negócio com dez produtos registrados e uma rede de mais de 50 fornecedores de mandioca. "A certificação agregou valor e transformou a nossa realidade."

No Marajó, a cooperativa CAFAS, coordenada por Isabel da Silva Janaú, envolve 50 famílias que produzem polpas de frutas e reaproveitam resíduos orgânicos para adubar hortas comunitárias. "Nosso maior lucro é ver o reconhecimento pelo trabalho bem feito."
Sustentabilidade e clima no centro da agenda
A gerente de Inspeção da Adepará, Joselena Tavares, ressaltou a formalização como eixo de sustentabilidade e identidade cultural. "Agroindustrializar com identidade também é agir pelo clima. As agroindústrias familiares reduzem emissões e fortalecem economias locais sem apagar a cultura."
Para o secretário de Agricultura Familiar, Cássio Pereira, a Semana do Clima representa a materialização de soluções para a transição climática. “Estamos construindo uma nova realidade. A agroindustrialização é essencial nessa transformação."
A I Semana do Clima da Amazônia foi encerrada com o compromisso de fortalecer as políticas públicas, valorizar saberes locais e fomentar a sustentabilidade nos territórios amazônicos, posicionando a produção familiar como pilar da bioeconomia e da justiça socioambiental.