Caravana dos Povos Indígenas rumo à COP30 segue para território Tembé, na Terra Indígena Alto Rio Guamá
Secretaria dos Povos Indígenas do Pará (Sepi) leva informações sobre a COP30 e dialoga com as lideranças do povo Tembé, reforçando o protagonismo indígena na agenda climática global

A Caravana dos Povos Indígenas rumo à COP30 chegou à Terra Indígena Alto Rio Guamá, em Paragominas, região nordeste do Pará, onde vive o povo Tembé. A iniciativa da Secretaria dos Povos Indígenas do Pará (SEPI) promove encontros com lideranças para dialogar sobre a importância da participação indígena na Conferência do Clima da ONU, que será realizada em Belém, em 2025.
Durante a agenda no território Tembé, a SEPI realiza escutas, rodas de conversa e apresentações sobre a estrutura da COP30 e os caminhos para que os povos indígenas sejam protagonistas nos debates sobre clima, meio ambiente e direitos originários.

“A presença da SEPI nos territórios é essencial para que os povos indígenas estejam preparados para ocupar seus espaços na COP30. Os povos da floresta são guardiões da biodiversidade e precisam ser ouvidos. O povo Tembé tem uma história de resistência e será parte fundamental desse processo”, afirma Puyr Tembé, secretária dos Povos Indígenas do Pará.
Território de resistência
A Terra Indígena Alto Rio Guamá é um dos maiores e mais antigos territórios homologados no Pará, abrigando mais de 2.500 indígenas do povo Tembé, distribuídos em aldeias ao longo dos rios Guamá e Gurupi. O território se estende pelos municípios de Paragominas, Nova Esperança do Piriá, Capitão Poço e Santa Luzia do Pará.

Após décadas de invasões, conflitos fundiários e degradação ambiental, o território foi reintegrado em junho de 2023, por meio de uma operação coordenada por órgãos federais e estaduais. Desde então, ações de fortalecimento territorial, reflorestamento e capacitação têm sido realizadas com apoio do estado pro meio da SEPI, FEPIPA, Funai, Corpo de Bombeiros e organizações da sociedade civil.
“Estar na Terra Indígena Alto Rio Guamá, com meu povo Tembé, tem um significado profundo para mim, como mulher indígena e como secretária de Estado. Esta caravana é um momento histórico em que unimos nossas vozes para garantir que o povo Tembé e todos os povos indígenas do Pará estejam preparados e representados na COP30. Nosso território é um símbolo de resistência e cuidado com a floresta, e é com esse espírito que queremos chegar à conferência do clima: fortalecidos, organizados e prontos para ocupar o lugar que é nosso por direito”, afirmou Puyr Tembé, secretária dos Povos Indígenas do Pará
Protocolo de consulta e protagonismo
O povo Tembé é um dos primeiros do estado a formalizar seu Protocolo de Consulta e Consentimento Livre, Prévio e Informado, assegurando o direito de ser ouvido antes da implementação de qualquer medida que afete seu território e modo de vida. Esse instrumento garante mais autonomia na tomada de decisões e será fundamental para a participação da etnia nos debates da COP30.
A Caravana busca alinhar os temas da conferência com as prioridades locais das comunidades, como proteção ambiental, segurança territorial, valorização cultural e educação específica.
COP30 e os povos da floresta
A participação da SEPI na agenda da COP30 tem como foco central garantir a presença qualificada dos povos indígenas na conferência, promovendo o protagonismo dos povos originários em um dos debates climáticos mais importantes do planeta. “A COP30 será realizada na Amazônia e não existe Amazônia sem os povos indígenas. Levar essa discussão até as aldeias é reconhecer a centralidade dessas populações na construção de soluções para o clima e o futuro do planeta”, destaca Puyr Tembé.
A Caravana dos Povos Indígenas rumo à COP30 seguirá pelas oito etnorregiões do Pará, com a missão de preparar as comunidades para atuar de forma ativa e estratégica na construção das políticas ambientais que serão debatidas no evento.