Governo do Pará celebra dia 25 de julho com avanços em políticas para as mulheres negras
Data é um reconhecimento da história de lutas e resistência das mulheres negras

Força, resistência e resiliência. Essas três palavras definem bem o que o dia 25 de julho representa para todos aqueles que lutam pela promoção da igualdade racial no país. Nesta data, comemora-se o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra no Brasil, além de ser considerado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.
Ao se falar da mulher negra no país, inclusive na região amazônica, é impossível não se pensar nos apagamentos, nas dores, nas diversas histórias de racismo e sexismo. Mas é também uma história de lutas e conquistas. Neste sentido, o Governo do Pará, por meio da Secretaria de Igualdade Racial e Direitos Humanos (Seirdh), busca se aliar a esta luta no intuito de promover as condições necessárias para que, cada vez mais, políticas de igualdade racial sejam implantadas.

A coordenadora de Igualdade Racial da Secretaria, Roberta Sodré, lembra do papel significativo das mulheres negras na construção e manutenção do país. “É primordial pensarmos em quantas mulheres negras já se desgastaram para criar essa sociedade, mas o que elas merecem hoje? Essa data é também para pensar nesse merecimento, nesse reconhecimento da luta a partir do momento que nós vamos reverenciar umas às outras, marcharmos juntas, olhar-nos com essa grandiosidade e entender que, além do sofrimento, há uma humanidade que precisa ser ressignificada, assim como acontece com Tereza de Benguela, em que a sua história é enunciada nesse dia 25, mas também de reconhecer que esse Dia Nacional da Mulher Negra é na verdade um dia de reparação”, explica.
Dessa forma, observa-se um significativo avanço nas políticas públicas voltadas para a população negra de modo geral, em específico, ao se tratar de mulheres negras, pode-se perceber que as políticas, desde as educacionais até as políticas de saúde, têm feito com que haja uma mobilidade dessas mulheres dentro do cenário social. Muitas mulheres negras agora acabam sendo assistidas por essas políticas públicas, o que as faz conceber o seu direito à moradia, à dignidade, à educação e ao mercado de trabalho.

A titular da Seirdh, Edilza Fontes, enfatiza que a Secretaria possui projetos e políticas voltados justamente a essa empregabilidade, às empreendedoras negras e em como que essa mulher negra que também está no território pode lucrar com o afroturismo. “Existem também as políticas voltadas para pensar a aquisição de conhecimentos com nossos parceiros. Além disso, é também fundamental pensar em quanto estamos abertos ao diálogo. Algumas políticas públicas já existem, mas nós estamos dispostos também a auxiliar em algumas manifestações sociais. Estamos disponíveis, seja como interlocutor ou executor de determinada política para o que essas mulheres negras precisarem”, pontua a gestora.
De forma concomitante, no dia 2 de junho, foi publicada, no Diário Oficial do Estado, a Lei Estadual no 11.010, de 30 de maio de 2025, que instituiu, no calendário oficial de eventos do Estado do Pará, o mês de julho como o mês “Julho das Pretas”. A lei determina que, no período citado, o Poder Executivo Estadual implementará campanhas com o objetivo de sensibilizar e conscientizar a população paraense quanto à necessidade de superação das desigualdades de gênero e raça, colocando em evidência uma agenda política das mulheres negras.
Nos dias 20 e 21 de julho, a Seirdh realizou o evento “Negras Ribeironas”, na ilha de Cotijuba. A iniciativa foi organizada em parceria a Rede Ciberativistas Negras – Núcleo Pará, o Terreiro Casa de Mãe Erondina, o Carimbó Volta ao Mundo e os comitês locais e nacionais da Marcha das Mulheres Negras. O encontro buscou celebrar, debater e fortalecer o protagonismo das mulheres negras na luta antirracista e feminista na Amazônia.
5ª Conferência Estadual de Promoção da Igualdade Racial
Ainda no sentido de fortalecer as políticas públicas dentro do estado, o Governo do Pará, por meio da Seirdh, realiza nos dias 20 e 21 de agosto, a 5ª Conferência Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Coepir). Antes disso, a Seirdh esteve presente nas conferências municipais dando o apoio necessário aos 27 municípios paraenses que mostraram interesse em participar da etapa estadual elegendo seus delegados e sinalizando a intenção em aderir ao Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir).
O diretor de Igualdade Racial da Seirdh, João Corrêa, explica que este também será um momento sobre as políticas voltadas às mulheres negras. “A conferência estadual é um momento importante para isso. Esse momento vai juntar todas essas lideranças, dessas pessoas que constroem o dia a dia das mulheres. E faremos debates também de políticas tanto para o estado do Pará quanto para o Brasil”, enfatiza.
A Coepir é uma etapa preparatória e elegerá os delegados e delegadas que representarão o Pará na 5ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Conapir), no período de 15 a 19 de setembro, em Brasília (DF), a qual reunirá delegados e delegadas de todas as regiões, representantes do poder público e da sociedade civil.
De Tereza de Benguela a Nilma Bentes
Rainha Tereza, assim ficou conhecida Tereza de Benguela, que viveu no século XVIII, no Vale do Guaporé, no Mato Grosso, e liderou o Quilombo de Quariterê. Tereza foi uma revolucionária e adotou um sistema de organização responsável por manter o quilombo, que abrigou negros e indígenas por duas décadas. Sob o comando da Rainha Tereza, o sustento dos quilombolas vinha da agricultura. Visionária, Tereza sabia que essa estrutura seria responsável por manter o Quilombo, que resistiu sob a sua liderança até 1770, quando ela foi presa e morta pelos colonizadores Bandeirantes.
Quase três séculos se passaram e a luta das mulheres negras brasileiras continua. No Pará, entre tantas outras mulheres fortes e combativas, a agrônoma Nilma Bentes, nascida na capital paraense, Belém, é uma das fundadoras do Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (Cedenpa) e cofundadora da Rede Fulanas NAB - Negras da Amazônia Brasileira.
Nilma Bentes é ainda a idealizadora da Marcha Nacional das Mulheres Negras que, este ano, será realizada no dia 25 de novembro em Brasília (DF). A primeira edição ocorreu em 2015. Entretanto, no ano anterior, no dia 18 de maio, a primeira cidade amazônica a lançar a Marcha das Mulheres Negras foi Belém. Com a presença de cerca de duas mil pessoas, a marcha ocorreu em volta da Praça da República. Este protagonismo é atribuído a uma série de fatores que vão desde o acesso à informação às facilidades comunicacionais para mobilização.
Este ano, a Marcha Estadual das Mulheres Negras será realizada nesta sexta-feira, 25 de julho, em Belém, a partir das 18h. O percurso começa na Escadinha do Cais do Porto, na Estação das Docas, no bairro da Campina, e termina no Quilombo da República, na Praça da República.
Texto de Fernanda Graim / Ascom Seirdh