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Vencedora do prêmio Jabuti, a escritora Socorro Acioli participa do último dia da Feira do Livro, nesta sexta-feira, 22

A autora encontra a professora Janete Borges para um bate-papo sobre ancestralidade 

Por Governo do Pará (SECOM)
22/08/2025 08h30

A cearense Socorro Acioli, um dos maiores nomes da literatura brasileira atual, marca presença no último dia da 28ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes. Autora de mais de 20 livros, ela escreve para todos os públicos e em 2013 ganhou o prêmio jabuti na categoria infantil. 

Acioli também é jornalista e professora, com Mestrado em Literatura Brasileira e Doutorado em Estudos de Literatura. Já alcançou sucesso internacional e teve suas obras publicadas em vários países como Estados Unidos, Inglaterra, França, México e na Itália.

Convidada para o dia das Vozes da Ancestralidade, a escritora aborda o tema de forma profunda e sensível em seus textos. Basta dar alguns passos pela feira do livro para encontrar dois de seus maiores sucessos, a ‘Cabeça do Santo’ e ‘Oração para Desaparecer’ têm a ancestralidade e a brasilidade como essência. A autora comenta sobre isso e sobre a sua primeira visita a Belém. 

1. Qual a sua expectativa para conhecer a Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, e para sua vinda a Belém?
É uma feira muito comentada, meus outros amigos e amigas escritores sempre falavam muito, eu tinha muita vontade de ir. E é minha primeira vez também conhecendo Belém. Estou com altas expectativas para encontrar esse universo muito particular que tem em Belém, que tem o Pará e conhecer, saber como é a produção local, a literatura local. E estar num lugar que era meu sonho.

2. Você foi convidada para participar da Feira do Livro no dia das Vozes da Ancestralidade, como esse tema se relaciona com o seu trabalho?
Esse tema das vozes da ancestralidade eu acho que na verdade, guia o meu trabalho. Principalmente os dois romances, ‘A Cabeça do Santo’ e ‘Oração para Desaparecer’, eles são construídos em cima de depoimentos, e de relatos históricos. Vozes que seriam esquecidas se não tivessem registradas ali. 

Um dos orgulhos que eu tenho com esse livro [Oração para Desaparecer] é poder dar voz a pessoas que tinham histórias muito importantes para contar, aos povos originários do Ceará, sobre o nosso passado e pude colocar no livro. 

3. Em um dos seus maiores sucessos, ‘Oração para Desaparecer’, a ancestralidade é um ponto central. Como surgiu a ideia para essa história?
A história surge justamente dessa narrativa da ancestralidade. A ideia saiu de uma foto real, dessa igreja que foi coberta por areia, ficou 45 anos coberta e a partir dessa foto fui investigar quem eram as pessoas que estavam na foto. Assim fui descobrindo uma história incrível sobre o que essa igreja, que tinha de fato como uma representação do nosso processo de colonização, bonito por um lado, muito violento por outro, e a igreja é um símbolo disso.

4. Alguns de seus livros abordam temas como a brasilidade e a fantasia, você acredita que essas duas temáticas se conectam de que forma?
Eu até digo que as pessoas chamam meus livros de realismo mágico. Eu tenho chamado meus livros de delírio brasileiro, porque são histórias completamente vinculadas, conectadas ao Brasil. A ideia dessa nossa terra, tudo que aconteceu, que acontece nesse solo, e também a parte do Brasil que é mágica inexplicável. Essa mágica e esses absurdos tão bonitos que se espalham pelo Brasil inteiro. 

5. Além de escritora, você também se dedicou à carreira acadêmica, ao jornalismo e atua como professora. Quando nasceu a vontade de investir mais na escrita?
A minha vontade de escrever é desde pequena, eu fui para a carreira acadêmica, para o jornalismo, como formas de melhorar ainda mais o meu trabalho como escritora. Momentos da minha vida em que eu ainda duvidava que era possível viver de escrever. Então, na carreira acadêmica eu fiz o mestrado, doutorado em literatura, para melhorar o meu entendimento dentro do meu ofício. O jornalismo me deu a base principal para o meu trabalho, aprender o que é uma investigação, uma pesquisa, que é o que eu uso sempre em todos os meus livros. Mas a vontade de escrever é desde que eu nasci. Eu publiquei um livro, inclusive, com oito anos de idade.

6. Outro dos seus sucessos, ‘A Cabeça do Santo’, foi desenvolvido a partir de uma oficina com o renomado autor Gabriel García Márquez. Hoje você também ministra cursos de escrita, qual a importância desse tipo de formação e troca com outros escritores?
O curso com Gabriel García Márquez mudou completamente a minha vida. Por causa desse curso, entre 2009 e 2024, eu ministrei cursos de escrita, mas eu parei para poder escrever. Eu tive que fazer uma escolha entre uma coisa e outra. Mas esses cursos me trouxeram muitas alegrias, muitos amigos, e tenho o orgulho de poder dizer que muitas pessoas foram publicadas. Muitos ex-alunos foram publicados e estão fazendo sucesso, e isso me deixa feliz. A maior recompensa que eu tenho é ver o sucesso de pessoas talentosas que precisavam de empurrão.

Socorro Acioli participa do encerramento da feira, no bate-papo com Janete Borges, às 19h na Arena Multivozes. Depois da conversa, ela receberá os fãs em uma sessão de autógrafos no Ponto do Autor. 

Texto: Juliana Amaral/Ascom Secult