Seminário promovido pela Seirdh debate escravidão e quilombos na Amazônia
Diálogo entre academia e poder público pode embasar a construção de novas políticas públicas destinadas à promoção da igualdade racial
A Secretaria de Estado de Igualdade Racial e Direitos Humanos (Seirdh) realizou, nesta sexta-feira (22), o último dia do Seminário “Negros Escravizados e Quilombos na Amazônia”. Pela manhã, o tema abordado foi “Amazônia, Escravidão e o Debate Historiográfico”, com o pesquisador e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Flávio Gomes, e a professora do Instituto Federal do Pará (IFPA), Marley Silva. O evento continuou à tarde com a apresentação do “Projeto de Cartografia dos Quilombos na Amazônia”, também apresentado por Flávio Gomes.

De acordo com o professor, o evento foi um sucesso e gerou expectativas no sentido de integrar o que é produzido na academia à construção de novas políticas públicas ligadas ao assunto. “O seminário tem essa expectativa de sugerir eixos que podem vir a ser transformados em produtos materializados, no sentido de serem disponibilizados na internet, com links ou em cartilhas, tudo direcionado em uma dimensão de aplicação, de como o conhecimento produzido na universidade pode se ligar a uma política pública numa gestão do governo. E, então, acessada lá na ponta para a população negra, afrodescendente e em geral da Amazônia e do Brasil”, explicou.
A professora Marley Silva expressou a necessidade da realização de novos encontros. “O tema é importante para a valorização das memórias negras, da história negra. E essas memórias, essas histórias, possibilitam a garantia de direitos também. Então, acho que momentos formativos como esse, promovidos pela Secretaria, prestam um serviço à sociedade de maneira geral e àqueles interessados na igualdade racial, na promoção da igualdade racial em específico”, enfatizou.

Centralidade - A promotora de Justiça Lilian Braga, coordenadora do Núcleo de Promoção da Igualdade Étnico-Racial do Ministério Público do Estado do Pará, observou a importância de buscar referências históricas para a compreensão da atualidade. “Uma das nossas grandes lutas que acompanho, não só a luta pelo Ministério Público, mas de observar também a luta dos movimentos negros, indígenas e ribeirinhos, é poder encontrar a sua centralidade existencial. E isso, em alguma medida, a história nos traz. Carrega uma referência muito importante para compreendermos a nossa própria história, perspectivas como população paraense. Isso é gigantesco”, enfatizou.

O assistente administrativo e estudante de História, Josué Medeiros, saiu do evento inspirado para um abordar um tema de trabalho de conclusão de curso. Despertaram sua atenção os impactos da relação com o continente africano, por meio dos negros escravizados, no que diz respeito à cultura e religião na Amazônia, e as consequências do tráfico dessas pessoas na região. “O debate, eu creio que foi importante por esses motivos, inclusive porque eles impactam a atualidade”, afirmou.
A titular da Seirdh, Edilza Fontes, ressaltou que é fundamental entender os contextos históricos e tudo o que envolve a atualidade. Para ela, discussões como as proporcionadas pelo seminário são imprescindíveis para a construção de políticas públicas efetivas na promoção da igualdade racial no Estado. “Eu acredito que esses momentos são de extrema importância, por isso eles devem se repetir para que tenhamos efetividade na construção das políticas públicas”, disse a secretária.
O Seminário “Negros Escravizados e Quilombos na Amazônia” ocorreu nos dia 19 e 22 de agosto, no auditório da Seirdh, com inscrições gratuitas para o público em geral.

Conferência - A Seirdh também realizou, nos dias 20 e 21 de agosto, a 5ª Conferência Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Coepir), no Cesupa (Centro Universitário do Pará) - Campus Alcindo Cacela II, em Belém.
No evento foram eleitos os 63 delegados que representarão o Pará na Conferência Nacional, que ocorrerá em setembro, em Brasília (DF).
Texto: Fernanda Graim - Ascom/Seirdh