Clínica de Cuidados Paliativos do Hospital Ophir Lpyola é referência em acolhimento no SUS
Serviço, que oferece cuidado integral, alia ciência, escuta e tratamento com dignidade para pacientes e familiares em todas as etapas do tratamento

Em Belém, o Hospital Ophir Loyola (HOL), referência em oncologia e alta complexidade no Norte do Brasil, também se destaca como uma das primeiras instituições de saúde a ofertar cuidados paliativos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Também foi pioneiro no Norte a implantar um serviço específico voltado à promoção da qualidade de vida para pacientes com doenças ameaçadoras da vida, e seus familiares.
Com 43 anos de dedicação ao Hospital Ophir Loyola, o médico João de Deus, que esteve à frente da coordenação da Clínica de Cuidados Paliativos entre maio de 2024 e julho de 2025, destaca que esse pioneirismo carrega uma importante missão. “Ser o primeiro centro a promover cuidados paliativos na região é uma grande responsabilidade, que impulsiona todos nós a buscarmos aperfeiçoamento constantemente para promover um cuidado integral, digno e financeiramente viável para os nossos pacientes”, ressalta.
A atual coordenadora da unidade, médica Daia Hausseler, reforça esse sentimento. “Para mim, e em nome de toda a equipe, é um motivo de orgulho, mas também o peso de uma grande responsabilidade. Ser pioneiro significa servir como modelo. Precisamos estar em constante aprimoramento, buscando qualidade, atualização e cuidado integral”, enfatiza a gestora.
Segundo ela, o compromisso da equipe com a excelência já ultrapassa duas décadas. Daia Hausseler acrescenta que, “há mais de 20 anos, o HOL busca oferecer um cuidado de excelência desde o diagnóstico, passando por todas as etapas do tratamento, inclusive quando ele já não é mais possível”.

Diretrizes - Para o diretor-geral do Hospital, médico Heraldo Pedreira, essa atuação está alinhada às diretrizes nacionais de atenção oncológica: “Todo hospital oncológico tem que ter um centro de cuidados paliativos. Isso é instituído pelo Ministério da Saúde. Nós nos preparamos para obedecer a essa diretriz porque conhecemos a necessidade que o paciente oncológico tem. Desde o diagnóstico até o seu óbito, ele fica conosco. Desenvolvemos um trabalho de excelência, um centro feito para dar ao paciente o que ele necessita”, assegura Heraldo Pedreira.
Os cuidados paliativos vão muito além da atenção ao paciente no fim da vida. Segundo João de Deus, esse é um equívoco comum, mas que precisa ser esclarecido. “O cuidado paliativo é destinado a todos os pacientes que têm uma doença ameaçadora da vida, desde o momento do diagnóstico, e acompanhando toda a trajetória da doença. O cuidado ao fim da vida é prestado nos meses finais. Sendo assim, podemos dizer que os cuidados de fim de vida representam uma parte dos cuidados paliativos, mas não sua totalidade”, informa.
Quando iniciados precocemente, os benefícios são evidentes: melhoria no controle de sintomas, mais respeito às preferências dos pacientes e maior qualidade de vida ao longo do tratamento. “O cuidado e o tratamento se tornam centrados no paciente, e não na doença. Assim, o controle de sintomas se torna otimizado, as preferências e valores são respeitados, elevando a experiência do paciente, sua qualidade de vida e, inclusive, sua funcionalidade”, complementa.

Metas terapêuticas - A CCPO, que há um ano funciona em novo espaço, oferece diferentes formas de atendimento: ambulatorial, domiciliar, por telemedicina, internação e interconsulta. Em todas elas, o cuidado é compartilhado entre diferentes especialidades, reunindo médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, terapeutas ocupacionais e odontólogos. Todos trabalham juntos e alinhados com as metas terapêuticas de cada paciente, promovendo controle de sintomas, como dor, febre, falta de ar e náuseas, além de realizar adaptações e reabilitações visando à funcionalidade do paciente.
Entre 2022 e 2024, a Clínica de Cuidados Paliativos do HOL atendeu cerca de 639 pacientes internados e realizou 1.958 consultas ambulatoriais. A maioria dos atendidos é do sexo feminino (69%), enquanto os homens representam 31%. A média de idade dos pacientes gira em torno de 61 anos.
Os tipos de câncer mais frequentes entre os pacientes da unidade são de tireoide; de mama feminina; de traqueia, brônquios e pulmão; de estômago e de colo do útero.

Momento importante - Com a criação da Política Nacional de Cuidados Paliativos, o SUS avança para incorporar essa abordagem em todas as áreas de atenção à saúde. O HOL participa ativamente do grupo condutor da política no Pará, reforçando seu papel de liderança.
Segundo o médico João de Deus, “é um momento de grande importância para os cuidados paliativos, e o HOL está participando ativamente no grupo condutor da implementação da Política no Estado. Ser referência é não apenas uma grande responsabilidade, mas também um estímulo para que busquemos sempre nos aprimorar”.
A médica Daia Hausseler complementa: “A política já foi publicada pelo Ministério da Saúde, e agora está em fase de implementação nas secretarias estaduais. O HOL participa com uma equipe matricial que apoia, orienta e ajuda a fomentar o cuidado paliativo também na Atenção Básica, integrando esse cuidado ao domicílio do paciente. É um passo muito importante que já está sendo dado.”
Texto: Vinicius Campos, estagiário - Ascom/HOL