Fundação Santa Casa realiza ações pelo Setembro Amarelo
Objetivo é conscientizar e sensibilizar para a saúde mental
A Santa Casa está realizando este mês de setembro uma programação especial voltada ao Setembro Amarelo, mês de conscientização sobre a importância da prevenção do suicídio. A temática desenvolvida pelas equipes da Coordenação de Gestão de Pessoas e Coordenação de Desenvolvimento de Pessoas é “Juntos para um bem viver no trabalho”, e busca beneficiar a ação dos servidores e de usuários, em geral.
A programação deve alcançar até o final deste mês os servidores e usuários, nas áreas do Espaço Acolher e do Parapaz. O Setembro Amarelo surgiu com a ideia de quebrar tabus, reduzir estigmas, estimular que as pessoas busquem e ofereçam ajuda. Desde 2015, quando ocorreu a primeira edição, o movimento vem crescendo com mais pessoas reconhecendo a importância do cuidado com a saúde mental.
Gabriel Miranda, enfermeiro da Fundação Santa Casa, explica que a programação busca a valorização da saúde mental. “Através do programa Bem Viver, da gestão de pessoas, a gente traçou estratégias para alcançar esse público tanto no auditório quanto nas áreas de trabalho. A gente levou até os setores também parte da programação”.
“Começamos a organizar a programação desde agosto para poder executar as práticas durante este mês, com o foco e dinâmicas para a saúde mental. Com uma dinâmica de um tema muito importante, trabalhado no momento, que é o que eu tenho dentro de mim, eu posso colocar para fora. Essa dinâmica traz os nossos sentimentos, a necessidade de falar enquanto o outro pode escutar ativamente o que eu tenho para dizer. Também a gente teve uma dinâmica voltada à empatia: se colocar no lugar do outro e como essa empatia é transformadora na vida das pessoas e pode inclusive salvar vidas”, explicou o enfermeiro Gabriel.
Carolina Zahluth, psicóloga da Santa Casa do Pará, disse que essa ação está inserida no Programa Bem Viver, que busca o bem-estar e a valorização e saúde mental dos servidores e usuários, em geral.
“É um programa que envolve vários projetos e, dentro desses projetos, a Gestão de Pessoas realiza ações para fazer esse cuidado e essa valorização dos servidores. E temos várias ações tanto de saúde física, como por exemplo, a ginástica laboral, quanto de saúde mental, como por exemplo, o grupo de apoio ao servidor, que é um grupo da saúde do trabalhador que vai até os setores onde tem o maior afastamento por adoecimento mental”.
“Temos também outras ações, como o Casa Delas, que é voltado para as mulheres, já que nós representamos 75% do corpo de trabalho da instituição. Além de diversas ações, como o “Florescer”, que é um grupo voltado para as pessoas que passam por algum processo de luto". Pontua a psicóloga.
Ação envolve acompanhantes de pacientes
“Para mim, foi importante porque acompanhar o meu filho internado no hospital é difícil, mexe com o psicológico e essas ações nos ajudam a falar o que a gente sente e distrai a mente”. O depoimento é de Larissa Souza, mãe de Kendrik, internado há cinco meses na Santa Casa. Além do filho, Larissa também é mãe de duas meninas e precisou sair de Bragança, cidade do nordeste estadual, em que mora com a família, para acompanhar o filho.
Assim como Larissa, mais de 40 acompanhantes de pacientes internados, participaram de ações voltadas à saúde mental, com dinâmicas, rodas de conversas e sessões de massoterapia, entre outras atividades.
A programação é parte de um projeto acadêmico com a participação de estudantes de enfermagem da Uniesamaz, sob a coordenação da enfermeira da pediatria da Santa Casa, Sabrina Almeida.
“A gente vê que, principalmente na pediatria, os acompanhantes ficam muito abalados emocionalmente e às vezes o adoecimento é mais um adoecimento emocional, psicológico, mental. Então diante desse quadro, a gente procurou dentro do setembro amarelo, cuidar dessa parte da saúde mental. Como enfermeira, trabalhando no hospital de acreditação internacional, também vejo que é importante fazer com que os alunos, os futuros profissionais de saúde que estão ainda na academia, tenham esse olhar humanizado e vejam que a gente pode contribuir de muitas formas para não só para o nosso paciente, mas também para aquele que está acompanhando, porque ele faz parte do processo da cura do nosso paciente”. Ressalta Sabrina.
Prevenção do suicídio - Segundo estudo realizado pela Unicamp, 17% dos brasileiros, em algum momento, pensaram seriamente em dar um fim à própria vida e, esses, 4,8% chegaram a elaborar um plano para isso. Em muitos casos, é possível evitar que esses pensamentos suicidas se tornem realidade.
A primeira medida preventiva é a educação. Durante muito tempo, falar sobre suicídio foi um tabu, havia medo de se falar sobre o assunto. De uns tempos para cá, especialmente com o sucesso da campanha Setembro Amarelo, esta barreira foi derrubada e informações ligadas ao tema passaram a ser compartilhadas, possibilitando que as pessoas possam ter acesso a recursos de prevenção.
A psicóloga Carolina Zahluth, informa que o Setembro Amarelo, reforça a campanha de prevenção ao suicídio, que tem muito a ver com saúde mental. “Para trazer essa prevenção para o ambiente de trabalho, é fundamental a sensibilização e conscientização do cuidado com a saúde mental. A gente percebe que os índices de afastamento pela saúde mental, tanto nas empresas privadas quanto nas empresas públicas, aumentaram muito, principalmente no pós-pandemia”.
“Isso sem contar outros tipos de adoecimentos que vêm nos atestados e que escondem o adoecimento mental por trás. Então, a gente conscientiza essas pessoas. Não só para que elas busquem esse autocuidado e mostrar que a gente está oferecendo recursos para isso, mas também sensibilizar, conscientizar, até porque muitas desses trabalhadores são pais, tem adolescentes, tem crianças em casa. As vezes tem um irmão ou um familiar que passa por essa situação, então para a gente quebrar esse tabu, porque hoje em dia o suicídio ainda é visto como um tabu, ninguém quer falar sobre isso, porque acha triste, acha pesado, mas quanto mais a gente falar sobre isso, mais as pessoas vão entender os sinais e ir procurar ajuda ou buscar ajudar alguém que precise”. Informa a psicóloga.