Agência Pará
pa.gov.br
Ferramenta de pesquisa
ÁREA DE GOVERNO
TAGS
REGIÕES
CONTEÚDO
PERÍODO
De
A
REINSERÇÃO NA NATUREZA
English Version

Novas ararajubas chegam a Belém e marcam mais um avanço no esforço de conservação da espécie

No próximo mês, as 16 aves que chegaram agora e as 14 que já estavam em solo paraense deverão ser reintroduzidas na natureza, em uma soltura simbólica durante o período da COP30, na capital paraense

Por Vinícius Leal (IDEFLOR-BIO)
16/10/2025 17h53

Um novo grupo com 16 ararajubas (Guaruba guarouba) chegou a Belém para reforçar o projeto de reintrodução da espécie nos céus da Região Metropolitana. As aves vieram do aviário da Fundação Lymington, localizado em Juquitiba (SP), e se juntam às 14 que já estavam em solo paraense. O trabalho é conduzido pelo governo do Pará, por meio do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio), em parceria com a Fundação, e simboliza um avanço importante na conservação de uma das aves mais emblemáticas da Amazônia.

Os animais foram levados ao viveiro de aclimatação do Parque Estadual do Utinga Camillo Vianna, onde passam por um período de adaptação ao clima, à alimentação e ao ambiente amazônico. No próximo mês, todas as 30 aves deverão ser reintroduzidas na natureza, em uma soltura simbólica durante o período da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em Belém. A ação marcará o compromisso do Pará com a preservação da biodiversidade e a valorização das espécies nativas.

Esforço Coletivo - Desde 2017, o Projeto de Reintrodução e Monitoramento de Ararajubas na Região Metropolitana de Belém já devolveu 58 aves à natureza. O presidente do Ideflor-Bio, Nilson Pinto, celebra os resultados e destaca o esforço coletivo envolvido. “Já podemos assegurar que existe uma geração de ararajubas genuinamente paraense. São oito anos de trabalho dedicado, de pesquisa e de cooperação entre instituições públicas e privadas, que têm garantido o retorno dessa espécie símbolo da Amazônia aos nossos céus”, afirmou.

A gerente de Biodiversidade do Ideflor-Bio, Mônica Furtado

A gerente de Biodiversidade do Ideflor-Bio, Mônica Furtado, explicou que as novas aves estão sendo treinadas no aviário recém-reformado do Parque Estadual do Utinga, em preparação para a soltura. “Essas 16 ararajubas se juntam às outras 14 que já estavam conosco e serão liberadas em homenagem à COP30. Devolver essas aves aos céus de Belém tem um valor simbólico e ambiental enorme. A ararajuba é uma espécie endêmica da Amazônia, e cerca de 80% da sua população ocorre no Pará. Tê-la de volta à natureza, especialmente neste momento em que o mundo estará voltado para Belém, é um marco histórico para a conservação da nossa fauna”, destacou.

Mônica lembra que o projeto já contabiliza marcos expressivos, como o nascimento de sete filhotes de ararajubas no próprio aviário do Parque do Utinga. “Esses filhotes nasceram aqui, na floresta, e não em cativeiro. São as chamadas ‘jubinhas belenenses’. Essa reprodução natural demonstra que o ambiente está adequado e que o trabalho de reintrodução vem atingindo resultados sustentáveis”, acrescentou.

O biólogo Marcelo Villarta, da Fundação Lymington

Preparo - O biólogo Marcelo Villarta, da Fundação Lymington, explica que o processo de aclimatação é fundamental para o sucesso da reintrodução. “Essas aves nasceram em cativeiro e precisam ser treinadas para a vida livre. Aqui elas aprendem a reconhecer alimentos nativos, como açaí, muruci e araçá, e a desenvolver a musculatura necessária para voos longos. Também se adaptam à convivência em grupo, o que é essencial para a sobrevivência na natureza”, contou.

Villarta ressalta que a reintrodução é um processo contínuo. “Nosso objetivo é formar uma população autossustentável. Por isso, as reintroduções acontecem em etapas, sempre com novos grupos sendo integrados. É um desafio permanente, que exige cuidado e paciência, especialmente porque a reprodução das ararajubas depende de condições ambientais muito específicas”, explicou o biólogo.

Além da preparação física e comportamental, as ararajubas passam por um processo de socialização, essencial para a formação de bandos. “Na natureza, elas vivem em grupos familiares grandes, com até dez indivíduos, onde há cooperação entre os membros. Parte se alimenta enquanto outros vigiam o ambiente. Esse comportamento coletivo é uma das chaves da sobrevivência da espécie”, observou Villarta.

Continuidade - O projeto ganhou novo fôlego com a assinatura do Termo de Colaboração entre o Ideflor-Bio e a Fundação Lymington, em abril de 2024, que garantiu mais dois anos de execução. Até novembro deste ano, a expectativa é que outras 30 ararajubas sejam soltas, ampliando a população e consolidando a recuperação da espécie na região.

Para o presidente do Ideflor-Bio, Nilson Pinto, a chegada das novas aves simboliza mais que uma ação ambiental — é uma mensagem de esperança. “A reintrodução das ararajubas é um exemplo de que é possível conciliar conservação, ciência e engajamento social. Ver essas aves sobrevoando novamente os céus de Belém é testemunhar a força da vida e o compromisso do Pará com um futuro sustentável”, declarou.