Hospital Regional da Transamazônica reforça a formação de médicos no oeste paraense
Com o Programa de Internato implantado em 2018, a unidade do Governo do Pará já recebeu mais de 160 acadêmicos, dos quais dez integram o quadro de profissionais
Os corredores que o médico Natan Carneiro percorre atualmente são os mesmos que, em um passado recente, trilhava ainda na condição de estudante. Há menos de um ano, ele encerrou o ciclo na faculdade e começou outra trajetória no Pronto Atendimento do Hospital Regional Público da Transamazônica (HRPT), em Altamira, município da Região de Integração Xingu, no oeste paraense.
Natan Carneiro é da turma de Medicina da Universidade Federal do Pará (UFPA) que se formou no fim de outubro do ano passado. No Hospital Regional da Transamazônica o clínico geral passou os dois últimos anos de curso, vivenciando o que seria sua rotina na vida profissional.

“Aqui é a grande referência para a região, onde a gente encontra um grupo de profissionais que, muito lá atrás, teve de vir de outras partes porque Altamira não tinha como formar. Ter a oportunidade de estrutura física e clínica é um ganho muito grande”, afirma o médico, hoje instrutor de acadêmicos que, assim como foi com ele, contam com o HRPT durante o estágio obrigatório. “O Hospital Regional é o grande leito de aprendizado e oportunidade de ver casos complexos, que a gente só via nos livros. É um privilégio enorme ter aprendido aqui, com todo o suporte que pudemos ter”, complementa.

Aprendizado - Desde 2018, quando foi aberto o Programa de Internato, o maior hospital público da Região de Integração Xingu já ajudou a formar 167 médicos, 34 só em outubro deste ano. Atualmente, 77 alunos, divididos em três turmas, caminham para a conclusão do curso. Uma das futuras profissionais é Fernanda Gonçalves. Segundo ela, “a gente tem a oportunidade de ver na prática o quadro do paciente, as doenças, os traumas e as referências em procedimentos, como neurocirurgias. Isso agrega em nosso aprendizado”, avalia a acadêmica, que também já trocou o dia pela noite em plantões como parte do planejamento de adaptação para o futuro.
Arthur Aguiar, da mesma turma de Fernanda, espera, em breve, integrar o corpo médico do Hospital Regional da Transamazônica. “O que a gente encontra nos livros vive aqui no hospital, ou seja, a gente tem o material que precisa para trabalhar. É um hospital que nos norteia antes do mercado de trabalho, como treinamento. Isso é muito bem feito. Os profissionais que temos, que são pessoas que se formaram aqui, deixam a gente muito mais empolgados, porque são colegas daqui”, ressalta.

Vivência - Quando chegam para o estágio obrigatório, os acadêmicos são submetidos a protocolos de segurança do paciente, os mesmos estipulados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Durante 24 meses, a experiência conta com etapas teóricas, quando são revistos e reforçados procedimentos ensinados na faculdade, e a parte prática. Médicos que atuam no HRPT são os responsáveis por instruir, monitorar desempenho e melhorar processos.
Para Alessandra Pompeu, uma das médicas preceptoras, “é uma honra estar acompanhando e formando bons profissionais na instituição, que acrescenta muito com experiência e vivência muito importantes na formação deles”.
A médica, que conhece a realidade de Altamira muito antes da abertura do curso de Medicina, em 2016, conta que o município, hoje, se tornou referência no oeste do Estado, por sediar o Hospital Regional, uma das bases de formação acadêmica. “Um hospital no meio da Amazônia, de difícil acesso, faz a diferença. Eu vi a mudança, e é uma honra”, assegura.

Olhar para o futuro - Dez médicos que passaram pelo Hospital Regional da Transamazônica no período de formação, hoje trabalham na unidade. São 88 profissionais, de mais de 20 especialidades, responsáveis pelo atendimento a milhares de pessoas.
Para o diretor Técnico Leonardo Rodrigues, ser parte fundamental na formação de uma das profissões mais importantes do mundo “engrandece e nos deixa muito felizes, com senso de papel social da instituição cumprido”. Ele também destaca que, “por ser um hospital de média e alta complexidade, é fonte de um grande campo de aprendizado e atuação desses futuros médicos. O Regional se consolidará nos próximos anos como um hospital de ensino”.

Na comemoração pelo Dia do Médico - 18 de outubro, ocorrida na sexta-feira (17), a diretora-geral do HRPT, Hivena Lima, ressaltou que “uma das missões é fazer uma gestão integrada”.
Segundo ela, os médicos são importantes no processo de humanização, um dos destaques do Hospital, que recentemente alcançou novo recorde de satisfação de pacientes e acompanhantes, com a aprovação de 99,88%. “A gente também quer agradecer a todos que fazem esse Hospital funcionar”, disse, na ocasião, o pediatra Sebastião Júnior, ao receber junto com os colegas o reconhecimento pela atuação na linha de frente do Hospital Regional.
Texto: Rômulo D'Castro - Ascom/HRPT