PIB do Pará: Fapespa divulga dados do desempenho econômico do 2º trimestre
No acumulado do ano, o PIB paraense cresceu 6,23%, impulsionado pelo setor agropecuário. Resultado segue superior ao nacional (2,53%).

O PIB do Pará foi de aproximadamente R$ 72,2 bilhões, no segundo trimestre do ano. Um crescimento de 5,72% quando comparado com o mesmo período do ano anterior. O resultado demonstra a força da economia paraense, que cresceu 0,63% em relação ao trimestre anterior, ritmo acima da média brasileira (0,37%).
Esses dados estão presentes no 2º Boletim do PIB Trimestral do Estado do Pará de 2025, lançado pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), nesta quinta-feira (23), no campus I da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), em Marabá, no sudeste paraense.
Elaborado pela Diretoria de Estatística e de Tecnologia e Gestão da Informação (DETGI) da Fapespa, com base nos dados do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais (SCNT/IBGE), o 2º Boletim traz a análise mais atualizada sobre o desempenho econômico do Pará em 2025, destacando os principais setores econômicos: agropecuária, indústria e serviços, além do comportamento PIB estadual em comparação ao do Brasil.
Boletim da Fapespa agiliza leitura de cenários no Pará
A publicação busca contribuir para a redução da defasagem na divulgação dos dados do PIB regional e garantir mais transparência e acesso à informação, para gestores públicos, pesquisadores e a sociedade em geral. “O PIB trimestral é importante devido a sua agilidade de informações, dado que supera o atraso de dois anos de informações do PIB antes divulgado, e agora temos uma estimativa mais próxima, com informações trimestrais”, informa Rickson Oliveira, bolsista da Fapespa e colaborador do monitoramento do PIB estadual e municipal do Pará.
Ao comparar o desempenho econômico do Pará no 2º trimestre de 2025 com o trimestre imediatamente anterior, observa-se que o PIB estadual cresceu 0,63%, resultado acima da média nacional, que foi de 0,37%. O avanço foi impulsionado, principalmente, pelo setor agropecuário, que manteve ritmo de expansão superior ao registrado no país, reafirmando sua relevância para a economia paraense.
Apesar do desempenho positivo, outros setores apresentaram retração no período. A indústria recuou 1,57%, impactada pela queda nos preços do minério de ferro, que, segundo relatório da Vale, registrou redução de US$ 5,7 por tonelada em relação ao trimestre anterior. Já o setor de serviços apresentou queda de 1,31%, influenciada pela redução nas atividades de transporte (-3,9%) e administração pública (-7,7%).

No consolidado, o Valor Adicionado Bruto (VAB) do Pará cresceu 0,29%, desempenho semelhante ao nacional (0,33%). Ao incluir os impostos, o PIB estadual registrou variação de 0,63%, demonstrando estabilidade e resiliência da economia paraense mesmo em um cenário de oscilações setoriais.
Crescimento acumulado no ano
No acumulado do ano, o PIB paraense mantém desempenho superior ao nacional, com crescimento de 6,23%, enquanto o Brasil registrou 2,53%. De acordo com o estudo da Fapespa, o bom desempenho da economia paraense no segundo trimestre de 2025 foi impulsionado, principalmente, pelo setor agropecuário, que apresentou um crescimento acumulado no ano de 17,87%.
O crescimento foi sustentado pelas boas condições climáticas e pela ampliação das safras de milho e soja, além do avanço em culturas tradicionais como mandioca. A pecuária também manteve desempenho positivo, beneficiada pela valorização do preço da arroba do boi gordo. “O setor agropecuário tem mostrado uma recuperação consistente nesse trimestre, impulsionado não apenas pelas lavouras temporárias, mas também pela pecuária, que vem mantendo o ritmo de crescimento acima da média nacional desde do ano passado, o que valoriza o preço de carne e por consequência a atividade”, destaca Thays Santos, técnica em gestão de desenvolvimento, ciência e tecnologia e inovação da Fapespa.
A indústria paraense seguiu a trajetória positiva, registrando crescimento de 2,79%, impulsionada pelo desempenho da indústria de transformação (+20,23%), da produção e distribuição de energia (+6,02%) e da extração mineral (+2,38%).
Na indústria extrativa, o aumento de produção nas unidades de S11D (Canãa dos Carajás) e Salobo (Marabá) compensou parcialmente a queda dos preços internacionais do minério de ferro, que apresentaram recuo médio de US$ 5,7 por tonelada em relação ao trimestre anterior. Já na indústria de transformação, destacaram-se as atividades de metalurgia (+12,1%), produtos de madeira (+14,3%) e bebidas (+10,9%), que refletiram a retomada gradual do consumo e o fortalecimento do mercado interno.
“O desempenho positivo da distribuição de energia elétrica foi influenciado pelas precipitações acima da média, favorecendo a produção de energia nas hidrelétricas, além disso, a ocorrência de feriados em sequência durante o trimestre contribuiu para um maior consumo de energia”, explica Thays.
Já o setor de serviços apresentou alta de 2,60%, impulsionada principalmente pelas atividades de comércio (+7,13%) e administração pública (+2,88%), que refletiram o aquecimento gradual da economia e a ampliação da oferta de serviços à população. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), o setor de serviços gerou 9.517 novos vínculos empregatícios formais no segundo trimestre de 2025, evidenciando a recuperação do mercado de trabalho e o fortalecimento do setor terciário no estado.
Além dos números, os resultados também podem ser conferidos por meio do Dashboard Interativo do PIB Trimestral do Pará, ferramenta trilingue (português, inglês e espanhol) que permite acompanhar a evolução do PIB estadual desde 2012 e realizar comparações com o cenário nacional, além de associar os indicadores aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Lançamento em Marabá: ciência e desenvolvimento regional
Tradicionalmente sediado em Belém, o lançamento da edição do PIB Trimestral referente ao 2º trimestre de 2025 foi realizado em Marabá, reforçando o compromisso da Fapespa com a descentralização e o fortalecimento da presença institucional do Estado em todo o território.
Segundo a equipe da DETGI, a escolha de Marabá reflete o reconhecimento da relevância econômica do Sul e Sudeste do Pará, regiões que concentram atividades estratégicas nos setores mineral, agropecuário, energético e de serviços, com forte influência sobre o comportamento do PIB estadual. “É uma cidade que é confluente no sentido de trazer as cidades que ficam ao seu redor, municípios que também são cidades mineradoras e pecuaristas. Então essas cidades têm Marabá como um centro que, digamos, vai distribuir essa produção”, detalha o economista e pesquisador da Fapespa, Edson Sousa.
Para o diretor-presidente da Fapespa, Marcel Botelho, a realização deste evento no interior do Pará, simboliza o compromisso institucional com a interiorização das ações de difusão científica e econômica, considerando as dimensões continentais do Estado e os desafios logísticos característicos de sua realidade territorial.
O evento também destaca a parceria da Fundação com a Unifesspa, integrante da Rede de Bioeconomia juntamente com a UFPA e a UFOPA. “A participação das representantes da Fapespa no lançamento integra o escopo do programa Rede Pará de Estudos sobre Contas Regionais e Bioeconomia, iniciativa estratégica que promove a cooperação entre universidades e centros de pesquisa, fortalecendo a produção de conhecimento e o alinhamento técnico entre as instituições parceiras”, destaca Botelho.

Mais informações sobre os destaques setoriais e o boletim completo podem ser conferidos no site da Fundação, acesse aqui: www.fapespa.pa.gov.br/contas-regionais/