Com o apoio da Emater, casas de Outeiro podem ganhar jardins e quintais produtivos
Projeto Horta Vizinha é de grupo de agentes comunitários de saúde, e a Emater garante assistência técnica rural para a produção de alimentação saudável
Sob a orientação do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) em Belém, residências na zona urbana e periurbana do Distrito de Outeiro podem transformar jardins e quintais em hortas agroecológicas.
O projeto Horta Vizinha é iniciativa de um grupo de seis agentes comunitários de saúde (acss) da Unidade Municipal de Saúde (UMS) de Icoaraci, com o objetivo de promover alimentação saudável e fortalecer laços de convivência entre quem mora perto.
Em um primeiro momento, a previsão é que 400 moradores do bairro do Cruzeiro sejam envolvidos na educação sobre o papel da nutrição na prevenção e tratamento de doenças, tais quais diabetes e hipertensão, e na cultura de compartilhamento e solidariedade no meio social.
Na quinta-feira (30), em reunião de apresentação geral do Projeto, realizada na casa de uma das famílias interessadas, na rua Santa Isabel, o engenheiro agrônomo, Jader Moura, especialista em Gestão Pública e Agronegócio e mestre em Ciências Agrárias, representante da Emater, na parceria, antecipou informações sobre a viabilidade de plantios de espécies como cheiro-verde e tomate em pequenos espaços domésticos, e da possibilidade da reciclagem do lixo do dia a dia, como materiais plásticos.
“É uma medida transversal de política pública, que integra agricultura familiar, saúde, assistência social, urbanismo. A colaboração da Emater vem para ajudar a construir estruturas que realmente empolguem, gerem colheita e sejam de fácil e barata manutenção. Muita área dentro dessas propriedades, às vezes, jaz ociosa ou desperdiçada e muito resíduo das coisas cotidianas, que costuma virar lixo, pode ser convertido em partes estruturais das hortas”, considera Jader Moura.
Para o acs, Jaylon Assunção, integrante da equipe idealizadora do Projeto, a Emater contribui com conhecimento sobretudo científico: “No sentido de orientar a população participante quanto ao processo de plantio e reaproveitamento de materiais que não sejam contaminantes ou tóxicos. Os temas são cultivo, manejo e alternativas sustentáveis para que cada participante possa ter uma horta em casa, dispor de mais um nível de autonomia alimentar, e possa dividir os produtos dessa horta com seus vizinhos”, diz.
De acordo com o proponente, a ação deve se estender, em um futuro próximo, para os bairros de Campina e Maracacuera.
“É um incentivo à adoção de uma alimentação mais saudável, além do reforço de vínculo em uma comunidade repleta de alamedas, vilas. Serão hortas domésticas e comunitárias, funcionando todas em reciprocidade”, calcula.
Ação prática
A casa que sediou a apresentação oficial do Projeto esta semana é herança de gerações e já se encontra historicamente ambientada por pomar e plantas medicinais.
“Era dos meus avós paternos, agora minha mãe mora nela; todos nós, da família, frequentamos desde sempre; eu tomo banho de chuva com meus sobrinhos crianças. É um lugar com açaizeiro, jaqueira, limoeiro, bananeira, ingazeiro, pé de pupunha. Minha mãe já tem plantas medicinais. Plantar mais hortaliças vai enriquecer a paisagem, melhorar nossa alimentação, intensificar a solidariedade com a vizinhança, e aqui os vizinhos a maioria é parente. É um privilégio todo este contato com a natureza”, relata a técnica de design de interiores Thaynana Cilene Andrade, de 24 anos.
A jovem interpreta que, quanto mais plantios, mais beleza no cenário, mais conforto térmico e mais qualidade de vida: “Aqui, de noite, é tanta árvore, é tanta planta, que até faz frio, mesmo com as casas de alvenaria - e isso a gente no meio da cidade, é curioso, o povo nem imagina. Aumenta o vento, tem sombra, aumenta a circulação e a pureza do ar”, completa.
Texto de Aline Miranda
