Agência Pará
pa.gov.br
Ferramenta de pesquisa
ÁREA DE GOVERNO
TAGS
REGIÕES
CONTEÚDO
PERÍODO
De
A
MEIO AMBIENTE
English Version

Parque Estadual das Árvores Gigantes da Amazônia avança para nova fase de implantação

O trabalho de campo abriu o ciclo de implantação do Parque, criado em 2024, e envolveu uma operação complexa, com trajetos que somaram mais de 200 quilômetros entre deslocamentos fluviais e terrestres

Por Vinícius Leal (IDEFLOR-BIO)
02/11/2025 08h00

Durante duas semanas, equipes multidisciplinares percorreram extensas áreas de floresta, rios e comunidades para definir o local de instalação da base operacional do Parque Estadual das Árvores Gigantes da Amazônia, em Almeirim, na região oeste paraense. A missão técnica representa o início do ciclo de execução da infraestrutura e das diretrizes de gestão da unidade de conservação. Dados ambientais, logísticos e socioeconômicos também foram mapeados para subsidiar as próximas fases do Projeto “Árvores Gigantes para uma Nova Era – Fase II”.

A iniciativa é conduzida pelo Governo do Pará, por meio do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio), em parceria com a Fundação Amazônia Sustentável (FAS), a Vonát Consultoria e Treinamentos e a Cooperativa de Ecoturismo do Vale do Jari (Coopetu Jari), com apoio do Andes Amazon Fund (AAF). O trabalho de campo abriu o ciclo de implantação do Parque, criado em 2024, e envolveu uma operação complexa, com trajetos que somaram mais de 200 quilômetros entre deslocamentos fluviais e terrestres.

A equipe técnica enfrentou corredeiras, cachoeiras e trechos de difícil acesso para alcançar o interior da unidade de conservação. O reconhecimento do território permitiu mapear rotas seguras, pontos de risco e áreas de grande beleza cênica, reforçando o potencial da região para o ecoturismo, o turismo de aventura e a observação da natureza. O levantamento dessas informações será fundamental para estruturar a base operacional do Parque, que contará com recepção, alojamentos, cozinha, escritório, trapiche e sistemas sustentáveis de energia fotovoltaica e captação de água.

Estudos - Durante a missão, foram realizadas avaliações ambientais e climáticas, mapeamento de trilhas e identificação de áreas sensíveis e potenciais atrativos turísticos. Árvores vivas e troncos caídos foram catalogados para possível aproveitamento sustentável na construção das futuras instalações, reduzindo o impacto ambiental da obra. Esse cuidado reforça o compromisso do projeto com uma implantação ambientalmente responsável e alinhada aos princípios de conservação e uso racional dos recursos naturais.

As atividades também incluíram oficinas e visitas técnicas nas comunidades de São Francisco do Iratapuru, Cachoeira Santo Antônio, São José e Padaria. Nessas localidades, foram realizados encontros de sensibilização e capacitação de operadores e condutores de turismo em temas como competências mínimas para guias e gestão de riscos. Questionários socioeconômicos foram aplicados junto às lideranças comunitárias, com o objetivo de subsidiar a formação do Conselho Gestor e a elaboração do Plano de Gestão do Parque, que seguirá uma metodologia participativa e inclusiva.

Marco Ambiental - O presidente do Ideflor-Bio, Nilson Pinto, destacou o significado da nova etapa de implantação do Parque como um marco na política ambiental do Estado. “Esta nova fase representa muito mais do que a construção de uma base operacional — é o início de uma jornada para transformar um patrimônio natural único em um espaço de conhecimento, turismo responsável e geração de oportunidades para as comunidades locais. O Ideflor-Bio reafirma seu papel de guardião das florestas e promotor de um modelo de gestão que valoriza a Amazônia e o povo que nela vive”, ressaltou.

Para a coordenadora de Projetos do Programa de Políticas Públicas, Clima e Conservação da FAS, Juliane Menezes, a missão consolida a transição entre o planejamento e a execução. “A primeira fase do projeto foi dedicada à descoberta e à criação do Parque. Agora, iniciamos uma etapa prática, com foco na implantação de infraestrutura e no fortalecimento do protagonismo comunitário. Essa missão foi essencial para planejar as ações de forma integrada, conciliando conservação, pesquisa e geração de renda local”, afirmou.

O gerente da Região Administrativa de Belém do Ideflor-Bio e presidente da Rede Brasileira de Trilhas, Júlio Meyer, destacou o potencial turístico e científico da unidade de conservação. “Parque é uma categoria de unidade que tem como propósito a visitação. Estamos estudando formas seguras e experiências imersivas para que as pessoas conheçam esse santuário de árvores gigantes, de biodiversidade abundante e cultura tradicional. A base operacional será essencial para proteger o território, apoiar pesquisas e impulsionar o turismo de natureza com padrão internacional”, avaliou.

Continuidade - Com o encerramento da missão, o projeto avança para novas fases, incluindo a contratação de empresas especializadas na construção da infraestrutura e no manejo de trilhas. Também estão previstas oficinas participativas para a elaboração do Plano de Gestão e a formação do Conselho Gestor, que definirá as diretrizes de conservação e uso público do Parque. As ações de capacitação e mentoria para operadores de turismo locais continuarão, assegurando a integração das comunidades no processo de gestão.

Criado em setembro de 2024, o Parque Estadual das Árvores Gigantes da Amazônia protege cerca de 560 mil hectares de floresta e abriga algumas das maiores árvores já registradas no Brasil — entre elas, o angelim-vermelho (Dinizia excelsa Ducke), com 88,5 metros de altura e aproximadamente 400 anos.

O Projeto “Árvores Gigantes para uma Nova Era – Fase II” busca consolidar esse patrimônio com base na ciência, na sustentabilidade e na valorização das populações tradicionais. Com o avanço dessa nova fase, o Pará reafirma sua liderança em políticas de conservação florestal e desenvolvimento sustentável na Amazônia.