Agricultoras quilombolas de São Domingos do Capim fornecem alimentos para escolas públicas
Com apoio da Emater, elas fornecerão, pelos próximos dois anos, quase 12 toneladas de merenda agroecológica para três unidades públicas de ensino que funcionam dentro da área coletiva
Com o apoio do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) em São Domingos do Capim, no nordeste paraense, onze mulheres quilombolas do Território Aproaga fornecerão, pelos próximos dois anos, quase 12 toneladas de merenda agroecológica para três unidades públicas de ensino que funcionam dentro da área coletiva.
Em parceria com a prefeitura, o contrato do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), pela Companhia Nacional de Abastecimento, foi assinado nesta segunda-feira (3), na comunidade Taperinha, sob a representação da Associação Quilombola Unidos do Rio Capim (AQURC).
A negociação prevê um faturamento de R$ 120 mil às famílias agricultoras para que alimentos como açaí, banana, macaxeira e pupunha cheguem todos os dias a 179 alunos crianças e adolescentes das Escolas Municipais de Ensino Fundamental (EMEF) Manoel Bernardo da Luz, Roque Bernardo da Luz e Santa Maria III.
“São onze mulheres e um homem a fornecer neste primeiro momento. A AQURC é a primeira no município a participar do PAA via Conab. É uma oportunidade única, não só de fortalecer a agricultura familiar, como de valorizar especificamente a cultura agrícola e alimentar quilombola da região. É uma iniciativa que une esforços, promove a inclusão e reafirma a importância da autonomia alimentar nas comunidades”, diz a chefe do escritório local da Emater em São Domingos do Capim, Nara Cíntia Barbosa, técnica agrícola.
“Realização”
Para a agricultora Gleiciane Santos, de 34 anos, uma das signatárias do contrato, a ocasião é “única”. “Eu me sinto feliz, porque é um negócio que está estreando, inaugurando; estas portas nunca nos tinham sido abertas antes. Nós chegávamos a perder produção, por falta de comprador, dificuldade no escoamento: agora produzimos com mais amor ainda, porque temos certeza de que vai ser tudo comprado e consumido”, diz, referindo-se à garantia de comercialização no mercado governamental, a preço justo.
Sobre o consumo, a situação assume contorno especial, já que os três filhos de Gleiciane e do marido, Robenilson Furtado, de 32 anos, estudam nas escolas beneficiadas: Luiz Fernando, de seis anos; Thaís, de nove anos, e Willian, de 11 anos.
“Será um ciclo completo: sai da gente e volta pra gente - comida de qualidade, que faz parte das nossas tradições, que perpetua a história dos povos do Aproaga”, afirma.
Texto: Aline Miranda
