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Jovens autistas do CIIR aprendem sobre sustentabilidade em ações inspiradas na COP30

Projeto de habilidades sociais estimula consciência ambiental e protagonismo de pessoas com deficiência

Por Danielle Carvalho (CIIR)
14/11/2025 10h31
Grupo recebe orientações sobre cuidado com as abelhas nativas (sem ferrão)

No Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR), o cuidado vai muito além da reabilitação. Ele também se traduz em atitudes que despertam consciência, autonomia e empatia. Foi com esse propósito que o grupo de jovens autistas atendidos pelo psicólogo Matheus Barros escolheu, como tema das terapias de habilidades sociais dos últimos meses, um assunto urgente e inspirador: a sustentabilidade, tendo como referência a COP30, conferência mundial sobre mudanças climáticas que acontece em Belém.

O projeto propõe uma imersão que une aprendizado e responsabilidade coletiva. “Mais do que incentivar comportamentos pró-sociais, buscamos incluir os participantes nas discussões sobre meio ambiente e sustentabilidade”, explica Matheus. “Pessoas com deficiência também são afetadas pelas mudanças climáticas e precisam estar incluídas nessas conversas. Aqui, elas aprendem, refletem e se tornam multiplicadoras dessas ideias.”

Participantes da oficina de sabão com óleo reciclado

As sessões do grupo combinam teoria e prática. Após encontros iniciais voltados à compreensão dos conceitos ambientais, os jovens mergulharam em uma série de atividades educativas, como coleta seletiva, oficina de sabão com óleo reciclado, plantio e adoção de mudas, além de debates sobre preservação, desmatamento e consumo consciente. Cada dinâmica foi pensada para fortalecer vínculos, estimular a autonomia e cultivar o senso de pertencimento ao mundo que os cerca.

Conexão com a natureza - Entre os participantes, o entusiasmo é evidente. Klarisse Isabele Correia, 18 anos, atendida no CIIR desde 2019, conta que as atividades reforçaram ainda mais sua ligação com o meio ambiente. “Eu sou muito conectada com a natureza. Acho importante a gente cuidar dela, para não perder nada no futuro”, compartilha.

Grupo de terapia de jovens com TEA aprendem sobre cuidados com plantas

Outro participante, Gabriel Mineiro, 23 anos, sonha em um futuro cercado de vida e verde. “Meu sonho é ter um terreno grande, com bastante espaço para criar animais. Por isso, eu acho tão importante preservar o meio ambiente. A gente tem que cuidar para não acabar com o que é bonito”, diz o usuário atendido no CIIR também desde 2019.

Para Matheus, cada passo do grupo representa mais do que um aprendizado técnico: é um exercício de cidadania e sensibilidade. “Eles estão compreendendo que pequenas ações têm grande impacto. Isso faz com que eles estejam no centro dessas discussões e que também eles possam virar disseminadores dessas palavras, dessas ideias de sustentabilidade e de preservação do meio ambiente”, reforça o psicólogo.

Christian Rafael Carvalho, de 19 anos, gostou da proposta sustentável

Outros ambientes - A realização da COP30 inspirou também os profissionais do Centro Especializado em Transtorno do Espectro Autista (Cetea), unidade vinculada ao CIIR, que levou o mesmo tema para o ambiente terapêutico. Lá, a equipe transformou o espaço verde da instituição em cenário de aprendizado e convivência com o meio ambiente.

A terapeuta ocupacional Alanna Gomes explica que a proposta do grupo foi unir teoria e prática em um plantio coletivo realizado com o apoio do jardineiro do centro. “Queremos sair do ambiente tradicional de terapia e levar o cuidado para fora da sala. As atividades acontecem na horta, onde os usuários aprendem sobre o cultivo das plantas, ouvindo e trocando experiências. Já que a COP está acontecendo em Belém e é algo histórico, também nos inspira a trazer esses debates, para que eles se sintam parte dessa discussão global e possam levar esse conhecimento para outros ambientes”, reforçou.

Jovens com TEA participam de atividade de sustentabilidade no Cetea

A psicóloga Raissa Campos complementa que o grupo de habilidades sociais do Cetea sempre procura alinhar as práticas com temas atuais. “A ideia é fazer com que os usuários se sintam inseridos no que está acontecendo no mundo. Então, como a gente está no período da COP, trouxemos essa discussão climática, falando da importância de preservar o meio ambiente, para que eles pudessem também se expressar de várias formas, com escrita, desenhos e, principalmente, com o plantio, que é um gesto simbólico de compromisso com o futuro”, detalhou a profissional

Um dos participantes, Christian Rafael Carvalho, de 19 anos, resumiu o sentimento do grupo em poucas palavras: “Achei a atividade legal, porque a gente precisa cuidar da natureza para as gerações futuras.”

Psicólogo Matheus Barros: "Buscamos incluir os participantes nas discussões sobre meio ambiente e sustentabilidade”, disse ele.

As iniciativas do CIIR e do Cetea mostram que educar, cuidar e incluir são partes de um mesmo caminho: aquele em que o aprendizado floresce junto com o respeito à vida em todas as suas formas. Em cada gesto, brota um pouco do que o CIIR acredita, que cuidar das pessoas também é cuidar do planeta.

Referência – O CIIR é referência no Pará em assistência de média e alta complexidade às Pessoas com Deficiência (PcDs) visual, física, auditiva e intelectual. Os usuários podem ter acesso aos serviços do Centro por meio de encaminhamento das unidades de Saúde, acolhidos pela Central de Regulação de cada município, que por sua vez encaminha à Regulação Estadual. O pedido será analisado conforme o perfil do usuário pelo Sistema de Regulação Estadual (SER).

Serviço: O Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação é um órgão do Governo do Pará administrado pelo Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano (INDSH), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). Funciona na Rodovia Arthur Bernardes nº 1000, bairro Val-de-Cães, em Belém. Já o Cetea funciona na rua Presidente Pernambuco, nº 489, bairro de Batista Campos, também na capital paraense.