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TRILHA AMAZÔNIA ATLÂNTICA
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Maior trilha sinalizada da América Latina é lançada durante a COP30

Agora, um percurso antes restrito a aventureiros experientes passa a ser acessível ao grande público, com mapas, sinalização completa, estrutura comunitária e um compromisso permanente com a proteção da floresta

Por Vinícius Leal (IDEFLOR-BIO)
14/11/2025 17h09

Com quase 460 quilômetros atravessando o Pará, a Trilha Amazônia Atlântica se tornou, nesta sexta-feira (14), o maior percurso sinalizado da América Latina. A rota, lançada diante dos olhos do mundo, na COP30, representa anos de trabalho colaborativo entre comunidades tradicionais, voluntários, governos e instituições dedicadas à conservação. Agora, um percurso antes restrito a aventureiros experientes passa a ser acessível ao grande público, com mapas, sinalização completa, estrutura comunitária e um compromisso permanente com a proteção da floresta.

O projeto é fruto do esforço conjunto da Rede Brasileira de Trilhas, do Ministério do Meio Ambiente (MMA), do Ministério do Turismo (MTur), do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio) e da Conservação Internacional. 

Entre os parceiros, o Ideflor-Bio teve papel decisivo: assegurou, com equipes especializadas, a maior parte da sinalização do caminho, etapa essencial para dar segurança aos caminhantes e ciclistas. O resultado é uma trilha que respeita a paisagem, garante circulação da fauna e amplia as oportunidades de turismo de base comunitária em dezenas de municípios do estado.

Conexão com a natureza - A ministra do Turismo em exercício, Ana Carla Lopes, destacou o significado da trilha para o País. “A inauguração é simbólica hoje, mas a trilha já está toda sinalizada. Ela passa por 17 municípios, por tantas unidades de conservação e, principalmente, passa por comunidades. É um convite à experiência, à conexão. A trilha tem muita potência e seguirá crescendo com capacitação e parceria entre governo federal, estadual e prefeituras”, afirmou. Para ela, mais do que um percurso, a trilha é um espaço vivo de encontro, sabedoria e alegria — e agora o desafio é claro: “Bora fazer a trilha? Vamos juntos”.

Ana Carla Lopes é a ministra do Turismo em exercício

A expectativa do MMA é que, no primeiro ano de abertura, mais de dez mil pessoas percorram o trajeto, a pé ou de bicicleta. A nova rota integra a Rede Nacional de Trilhas de Longo Curso e Conectividade (RedeTrilhas), iniciativa que busca aproximar o Brasil urbano da natureza, conectando paisagens e histórias por meio da conservação e da participação social. O traçado paraense atravessa sete unidades de conservação, entre elas o Parque Estadual do Utinga, o Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia e a Área de Proteção Ambiental (Belém), além de seis territórios quilombolas que preservam modos de vida únicos e oferecem hospitalidade e cultura aos visitantes.

Diversidade - A trilha também atravessa municípios que vão de Belém a Viseu - passando por Ananindeua, Castanhal, Santa Izabel do Pará, Capanema, Bragança e muitos outros. Cada trecho revela uma Amazônia diferente, onde florestas, rios, áreas rurais, comunidades quilombolas e cidades se encontram. Segundo o Ideflor-Bio, essa diversidade torna a rota não apenas uma experiência ambiental, mas também social e cultural, permitindo vivências autênticas com moradores locais, artesãs, agricultores, cozinheiras e jovens empreendedores.

Para o presidente do Ideflor-Bio, Nilson Pinto, a trilha é fruto de uma construção coletiva

Para o presidente do Ideflor-Bio, Nilson Pinto, a trilha é fruto de uma construção coletiva que consolida um marco histórico. “Depois de cinco anos, estamos inaugurando a Trilha Amazônia Atlântica. Ela envolveu população, municípios, governo estadual e governo federal. O Estado participou da capacitação e da montagem da maior parte da sinalização, fundamental para os usuários. É uma trilha que preserva a ecologia, apoia a população local e também é peregrina: leva romeiros de Bragança a Belém no Círio de Nazaré e retorna para a festa de São Benedito. É completa e nos enche de felicidade”, celebrou.

Envolvimento comunitário - Idealizada inicialmente a partir de trajetos usados por ciclistas, a iniciativa ganhou força com o envolvimento das comunidades que desejavam receber melhor os visitantes. Para o gerente da Região Administrativa de Belém e presidente da Rede Brasileira de Trilhas, Júlio Meyer, a rota supera expectativas. “É um movimento que nasceu de baixo para cima. Com o apoio do Ideflor-Bio, do MTur, do MMA, do ICMBio e das prefeituras, estamos implementando um produto único para alavancar o ecoturismo no Pará. Agora, temos a trilha mais sinalizada da América Latina, lançada na COP30, aos olhos do mundo. É uma referência nacional e internacional”, observou. 

Júlio Meyer e Bruno Borges festejaram a iniciativa

Tecnologia a serviço do ecoturismo - A tecnologia também se soma ao esforço de estruturação. A plataforma digital eTrilhas, selecionada pelo EmbraturLAB, integrou o projeto e vai facilitar a vida de quem percorre o caminho. Pelo aplicativo, viajantes poderão localizar hospedagens, restaurantes, serviços de apoio e contatos de empreendedores ao longo da rota. O acesso será simples: um QR code instalado nos estabelecimentos permitirá que o turista entre em contato direto com quem oferece serviços, fortalecendo a economia local e garantindo transparência e proximidade.

Esse protagonismo comunitário é central no projeto, como reforça o presidente da Trilha Amazônia Atlântica, Bruno Borges. “Além de criar um mecanismo para que visitantes se divirtam, estamos dando oportunidade para empreendedores surgirem ao longo da trilha. Muitas pessoas já estão investindo em hospedagens, serviços de transporte de bicicleta, lavagem, alimentação. É geração de renda real para quem vive ao longo do caminho”, explicou. 

Para ele, a trilha é uma plataforma de inovação social que transforma paisagens e vidas. “O Pará desponta com um modelo de desenvolvimento que integra conservação, turismo sustentável e valorização cultural. A Trilha Amazônia Atlântica se torna, assim, não apenas a maior da América Latina, mas também um símbolo de esperança: um caminho que une florestas, quilombos, cidades e pessoas, e que coloca o Brasil na vanguarda nos ofertas mundial do ecoturismo comunitário”, finaliza Bruno Borges.