Governo do Pará reforça protagonismo da agricultura familiar na agenda climática da COP 30
Evento internacional em Belém destaca políticas públicas, inclusão produtiva e soluções sustentáveis para comunidades tradicionais e rurais
O Governo do Pará participou, nesta sexta-feira (14), da abertura do Fórum Internacional da Agricultura Familiar e Comunidades Tradicionais, realizado na Agrizone – espaço montado na Embrapa Amazônia Oriental, em Belém, como parte da programação oficial da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30). A ação reforça o compromisso estadual com o fortalecimento de políticas públicas voltadas à agricultura familiar, à segurança alimentar e à adaptação climática na região amazônica.
A programação do fórum segue até o dia 17 de novembro, com painéis temáticos sobre resiliência às emergências climáticas, sistemas agroflorestais, restauração ecológica, cadeias produtivas sustentáveis e sociobioeconomia.
Ações integradas pelo clima e produção sustentável
Representando a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (Semas), a secretária adjunta de Gestão de Águas e Clima, Renata Nobre, ressaltou a importância estratégica da agricultura familiar e das comunidades tradicionais na agenda ambiental do Pará.
“Na Semas estamos desenvolvendo diversas novas políticas em forte parceria com a Agricultura Familiar, com a Embrapa sempre perto e com o apoio do IPAM, que tem sido um parceiro fundamental”, destacou a gestora, ao lembrar que o diálogo com movimentos sociais como FETAGRI e FETRAF vem se consolidando desde 2020.
Renata reforçou ainda a necessidade de escuta ativa e participação direta dos agricultores na construção de soluções. “Não há desenvolvimento sustentável sem as contribuições valiosas de vocês. Já estamos implementando políticas como o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), além de ações de apoio à regularização ambiental, assistência técnica e incentivo à adoção de boas práticas nos Territórios Sustentáveis”.
Apoio técnico e inclusão produtiva
O secretário de Estado da Agricultura Familiar, Cássio Pereira, também esteve presente na abertura e destacou o papel da agricultura familiar na economia alimentar do Pará, responsável por 70% dos alimentos consumidos no estado.
Entre as principais estratégias citadas está o Plano Estadual Amazônia Agora (PEAA), iniciativa que integra conservação ambiental, eficiência produtiva e suporte técnico aos trabalhadores do campo.
“Com o PEAA, avançamos em políticas que conciliam floresta em pé e prosperidade para as populações rurais e tradicionais, por meio de ações concretas de financiamento e valorização das cadeias produtivas sustentáveis”, destacou o secretário.
Apoio federal e investimento em florestas produtivas
Durante o evento, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, anunciou investimentos importantes para o fortalecimento da agricultura de base familiar na Amazônia. Entre eles, o financiamento de R$ 450 milhões a fundo perdido via BNDES, destinado a 80 assentamentos e 17 cooperativas, com foco em florestas produtivas.
“O meio ambiente precisa ser pensado junto com as pessoas que vivem na Amazônia. Florestas produtivas são o caminho: recuperam a biodiversidade, capturam carbono e geram renda”, afirmou o ministro, que também informou a disponibilidade de R$ 50 milhões da Caixa Econômica Federal para apoiar projetos em assentamentos e comunidades tradicionais.
Vozes da floresta
A realidade das mudanças climáticas já é sentida diretamente por quem vive do campo. O presidente da Cooperativa dos Trabalhadores Agroextrativistas do Oeste do Pará, Manoel Edivaldo, relatou a queda na produção de mel nos últimos anos devido à seca severa. “Antes a gente sabia quando era inverno e quando era verão. Agora não. Ficou tudo diferente”, contou.
Mesmo com as dificuldades, o trabalho coletivo e o apoio técnico têm ajudado os cooperados a recuperar a produção e planejar o futuro. “A expectativa é melhorar ainda mais com o reconhecimento da importância da agricultura familiar para a floresta e para a alimentação”, completou.
O Fórum também recebeu representantes de outros estados da Amazônia Legal, como o agricultor Francelino da Silva Oliveira, da comunidade Maracapuru (AM), que participa para levar novos aprendizados à sua comunidade indígena Catibiri. “Espero enriquecer meu conhecimento e aplicar o que está dando certo no Pará também na nossa região”, afirmou.
Programação segue até 17 de novembro
Os painéis, mesas e plenárias do Fórum Internacional da Agricultura Familiar e Comunidades Tradicionais continuam até domingo (17), das 10h às 16h, no espaço Agrizone, com a participação de gestores, técnicos, agricultores e lideranças comunitárias.
O evento é promovido pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e conta com apoio do Governo do Pará, Embrapa, SEAF, Semas e outros parceiros institucionais.
Texto: Tânia Menezes e Jamile Leão
