Ideflor-Bio apresenta avanços na reintrodução de ararajubas na Região Metropolitana de Belém
O projeto, reconhecido internacionalmente, simboliza um dos maiores esforços para recuperar uma espécie emblemática da fauna amazônica em seu habitat natural
O Pavilhão Pará, na Green Zone da COP30, recebeu nesta sexta-feira (14) o painel “Reintrodução e Monitoramento de Ararajubas (Guaruba guarouba) no Parque Estadual do Utinga e nas Áreas Protegidas da Região Metropolitana de Belém”, apresentado pela equipe da Diretoria de Gestão da Biodiversidade (DGBio), do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio). A iniciativa, reconhecida internacionalmente, simboliza um dos maiores esforços para recuperar uma espécie emblemática da fauna amazônica em seu habitat natural.
A coordenação do painel ficou a cargo da gerente de Biodiversidade do Ideflor-Bio, Mônica Furtado, ao lado dos painelistas Crisomar Lobato, diretor de Gestão da Biodiversidade; Rubens Aquino, analista ambiental do Instituto, e Marcelo Vilarta, biólogo da Fundação Lymington, responsável pelo manejo e cuidados diários das aves. Juntos, eles apresentaram os resultados mais recentes do projeto, que já se tornou referência nacional e internacional em conservação.
Crisomar Lobato destacou o caráter histórico do Programa, lembrando que a ararajuba — espécie símbolo da Amazônia, e do Pará — estava ausente em vida livre da Região Metropolitana de Belém havia mais de 50 anos.
“Esse painel é de grande importância porque apresenta um dos projetos mais bem-sucedidos de monitoramento e reintrodução de ararajubas na região, especialmente no Parque Estadual do Utinga”, afirmou o diretor de Gestão da Biodiversidade. Ele explicou ainda que o processo exigiu intenso trabalho de adaptação dos animais. “Vamos soltar primeiro 15. Em seguida, mais 15, para assim completar as 30 ararajubas, em homenagem à COP30”, disse Crisomar Lobato.
Importância para a fauna - Mônica Furtado ressaltou que a relevância do projeto ultrapassou fronteiras nesta semana, quando a iniciativa foi incluída entre os 100 projetos reconhecidos pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). “Para nós, foi uma grande surpresa e uma imensa alegria. Esse reconhecimento internacional reforça a consistência dos resultados obtidos até aqui”, informou, destacando o impacto de apresentar o projeto para uma audiência global na COP30. “Muitas pessoas estão conhecendo a ararajuba agora, por meio da divulgação do nosso trabalho. Isso é um marco importantíssimo”, acrescentou.
A gerente enfatizou ainda a necessidade de valorizar e proteger a espécie, que é endêmica da Amazônia e tem aproximadamente 80% da população distribuída pelas florestas do Pará. “A COP30 é uma oportunidade de dar visibilidade ao papel simbólico e ecológico da ararajuba. Também defendi a importância de mais de 16 mil hectares de áreas verdes protegidas na Região Metropolitana de Belém — como a Área de Proteção Ambiental (APA) Belém, o Parque Estadual do Utinga, o Refúgio de Vida Silvestre Métropole da Amazônia, em Marituba, e a APA Ilha do Combu — que formam um corredor florestal essencial para a adaptação e o deslocamento dessas aves”, explicou.
Cartilha educativa - Um dos momentos mais celebrados do painel foi o lançamento da cartilha educativa “Jubinhas Belenenses”, criada para aproximar o público infantil da história de conservação da espécie. O material apresenta, em linguagem lúdica, a trajetória dos sete filhotes nascidos ao longo dos seis anos de execução do projeto, reforçando o papel da educação ambiental como ferramenta de sensibilização social.
A participação da Fundação Lymington, representada pelo biólogo Marcelo Vilarta, também ganhou destaque. Ele explicou detalhes do manejo diário das aves, desde alimentação e condicionamento, até o processo de pré-soltura, que prepara os grupos para a vida em liberdade. Segundo ele, o trabalho de campo tem consolidado protocolos que poderão servir de modelo para outros programas de reintrodução de psitacídeos (papagaios, araras, periquitos, jandaias e outras espécies).
A equipe reforçou o caráter simbólico da próxima etapa do projeto. Na próxima segunda-feira (17), às 7h30, o Governo do Pará, por meio do Ideflor-Bio, fará a soltura de 15 ararajubas, em homenagem à COP30, para reforçar o compromisso do Estado com a conservação da biodiversidade amazônica. A iniciativa é mais um marco na retomada da presença da espécie nas áreas protegidas da Região Metropolitana de Belém — agora, novamente tingidas de amarelo e verde durante os voos das ararajubas.
