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ÁGUA PARA TODOS
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Chuva é solução em debate sobre justiça hídrica e clima na COP 30

Na Sala Miritizeiro, especialistas, gestores públicos e representantes do setor privado discutiram como soluções baseadas na natureza podem ampliar o acesso à água potável e fortalecer a resiliência climática na região

Por Jamille Leão (SEMAS)
15/11/2025 12h32

A busca por soluções práticas, integradas e sustentáveis para garantir acesso à água potável na Amazônia marcou o painel “Água para Todos: Soluções Baseadas na Natureza para Justiça Hídrica e Resiliência Climática na Amazônia”, realizado, na tarde deste dia 14/11, na Sala Castanheira do Pavilhão Pará da COP30. O encontro reuniu pesquisadores, representantes do governo do Pará e parceiros privados, em uma conversa que reforçou a centralidade da água como elemento estruturante da justiça socioambiental na região.

Inovação social que nasce de muitas mãos

O secretário adjunto da Secretaria Adjunta de Gestão e Regularidade Ambiental (SAGRA), Rodolpho Zahluth Bastos, destacou que o avanço das tecnologias de captação de água da chuva — como a implementada na Ilha do Combu — é resultado de uma articulação que une comunidade, universidade, governo e setor privado.

Momento simbólico, onde os painelistas tomam a água captada da chuva do projeto “Água para todos”

“Existem vários sistemas de captação de água da chuva, mas o sistema do Morro tem uma tecnologia muito autônoma. Isso nos chamou atenção e começamos a costurar diálogos com cada parceiro”, afirmou o secretário ao agradecer o apoio da New Fortress Energy, que também financia iniciativas sociais em Curuçá, como o fortalecimento da cadeia da ostreicultura e o apoio logístico às comunidades.

Rodolpho reforçou que o êxito do projeto deriva do alinhamento entre empresas e prioridades públicas.

“O ESG é voluntário, mas precisa estar alinhado com os planos e projetos do poder público. Esse alinhamento tem possibilitado um diálogo rico, que gera projetos com alcance social fantástico.”

Ele também exaltou o papel da universidade: “A inspiração sempre foi a universidade. Ela implementa a tecnologia, acompanha, monitora. É uma construção coletiva. Nada disso seria possível sem esse conjunto de mãos.”

Ciência, território e pessoas no centro

O pesquisador Ronaldo Mendes, do Núcleo de Meio Ambiente da UFPA, reforçou que acesso à água não pode ser pensado de forma isolada. Para ele, a implantação de sistemas de captação só funciona quando considera o modo de vida das comunidades.

“Nós não enxergamos o ser humano separado do lugar onde ele vive. Para entender a água, precisamos olhar a renda, a saúde, a moradia, a educação. Esse é o pensamento complexo.”

O pesquisador explicou que a universidade trabalha há cerca de 20 anos no desenvolvimento dessas tecnologias e que o conhecimento acumulado reduz riscos e amplia resultados.

“As chances de dar errado diminuem quando entendemos as dimensões econômicas, sociais, ambientais e culturais das comunidades. Tecnologia só funciona quando está alinhada com a vida das pessoas.”

Parceria que transforma territórios

Representantes do setor privado também reforçaram a importância de unir forças para ampliar o acesso à água potável na Amazônia. A iniciativas apoiadas pela New Fortress Energy foram citadas como exemplos de como a cooperação pode gerar impactos rápidos e duradouros.

Ao final, o painel destacou que garantir justiça hídrica na Amazônia passa por reconhecer a água como direito, por valorizar a ciência e por fortalecer arranjos colaborativos. Entre tecnologias sociais, pesquisa aplicada e participação comunitária, a mensagem unânime foi a de que cuidar da água é cuidar da vida — e nenhuma solução será completa sem as pessoas no centro.

 

Texto Lucas Maciel – ASCOM SEMAS