Pavilhão Pará Municípios na COP30 reforça protagonismo regional e gastronomia
Espaço funciona como uma vitrine viva dos territórios e atrai grande público
O primeiro dia do Pavilhão Pará Municípios, dentro da programação da COP30, na segunda-feira (17), destacou o protagonismo da agenda climática, turística e cultural do estado. O espaço recebeu gestores públicos, especialistas, profissionais do turismo, representantes comunitários e visitantes em geral.
O pavilhão foi concebido como uma vitrine viva dos territórios e atraiu grande público já no início da programação. O secretário de Turismo do Pará, Eduardo Costa, destacou que o primeiro dia simbolizou o início de um ciclo de oportunidades para as cidades do estado. “Estamos vivendo um momento histórico. A COP30 reúne olhares do mundo inteiro, e o Pará está pronto para apresentar o melhor de cada região. Nossos municípios estão preparados para mostrar sua força, suas culturas e suas vocações”, afirmou.
A programação foi aberta com a Aula Show Tapajônica comandada pelo chef Saulo Jennings, de Santarém. A apresentação destacou a riqueza dos ingredientes do Baixo Amazonas e a importância da culinária paraense como ferramenta de projeção internacional. Durante a aula, Saulo reforçou o papel da gastronomia como ponte cultural entre o Pará e o mundo.
“A gastronomia do Pará é um caminho de gastrodiplomacia. Quando mostramos nossos ingredientes, mostramos quem somos, nossa cultura, nossa floresta e a forma como nos relacionamos com ela”, afirmou. Ele lembrou ainda que a culinária amazônica traduz o território, memória e identidade “em cada prato, em cada aroma, em cada ingrediente que atravessa gerações”.
O chef destacou produtos regionais, reforçando o caráter sensorial e afetivo da culinária paraense como ferramenta de promoção e visibilidade da cultura local. "Quando vem maniçoba, peixe assado, farinha, a gente precisa lembrar que isso é gastronomia, é alta gastronomia. Mas precisamos nos empoderar dessa cultura. Ela é nossa origem. E, se soubermos colocá-la no mercado de forma sustentável, ela gera emprego, renda e desenvolvimento”, afirma Saulo.
A programação técnica do primeiro dia reuniu gestores municipais, expositores e representantes de instituições públicas em painéis que discutiram governança, inovação territorial, turismo sustentável e preparação dos municípios para a COP30. O ministro das Cidades, Jader Filho, destacou que a COP30 representa uma oportunidade concreta de transformação.
“O Pará vive um momento único. O protagonismo dos municípios é decisivo para garantir resultados duradouros. Estamos construindo políticas estruturantes, que vão beneficiar o estado antes, durante e depois da COP30”, afirmou o ministro, ressaltando a importância de fortalecer capacidades locais e ampliar a cooperação entre esferas de governo.
O ministro comentou o desenvolvimento regional integrado, com forte ênfase em sustentabilidade, infraestrutura e valorização amazônica. "Vocês precisam ser ouvidos e respeitados. É das cidades que vão sair as soluções para o planeta. Por isso, convoco prefeitos e lideranças: vamos juntos pressionar, participar e ocupar esse espaço. A voz dos territórios precisa estar presente nesta e em todas as COPs”, disse Jader Filho.
No período da tarde, o chef Arturo Báez inaugurou oficialmente o espaço Cozinha Show, abrindo a arena gastronômica com a preparação de um dos pratos mais emblemáticos da culinária amazônica: o pirarucu de casaca. Segundo ele, a escolha do prato simbolizava não apenas tradição, mas também responsabilidade socioambiental.
“O pirarucu fala da nossa história ribeirinha. É cultura, é sustentabilidade, é servir com responsabilidade. Tenho certeza de que se encantam com o pirarucu, a banana-da-terra e a farofinha de castanha. Uma experiência que abraça", declarou.
O chef também comentou seu papel como divulgador dos sabores amazônicos em eventos nacionais e internacionais. “A gastronomia é um elemento fundamental da cultura. Este momento aqui na COP30 é uma colheita, porque o plantio já foi feito. Andamos o Brasil e o mundo levando nossos sabores, e estar aqui é uma honra enorme”, completou.
O secretário municipal de Turismo de Santarém, Emanuel Júlio, ressaltou a importância de o município ocupar um espaço de visibilidade global. Para ele, a presença no Pavilhão Pará Municípios reafirmou a força histórica e cultural da região.
“Estamos aqui para marcar território. O Pará está aqui, o Brasil está aqui, o mundo está aqui. Então, precisamos mostrar quem realmente somos”, afirmou. Emanuel também destacou os elementos levados ao pavilhão, representando a diversidade santarena: “Trouxemos cuias pintadas e bordadas, cerâmica tapajônica, artesanato em madeira, livros, quadros de autores locais, um conjunto que expressa nossa cultura e nosso turismo.”
O gestor lembrou a importância de apresentar a riqueza natural da região do Tapajós e do Arapiuns, além de reforçar que Santarém reúne patrimônio histórico singular. “É uma cidade que pode se consagrar como a mais antiga do Brasil. Somos um município com 360 mil habitantes e cada vez mais ganhamos importância na região oeste do Pará”, completou.
O primeiro dia também ofereceu ao público presente apresentações culturais como o Grupo de Dança Filhos de Aurora (de Aurora do Pará), Boi de Máscaras Vaca Velha (de São Caetano de Odivelas), Marujada de Bragança e o Coro Carlos Gomes.
