Diretoria Regional de Ensino de Bragança destaca presença afro-indígena na cultura Caeteuara
Educadores, gestores, pesquisadores e representantes municipais reafirmaram o compromisso do Estado com uma educação antirracista
A Diretoria Regional de Ensino (DRE) de Bragança, vinculada à Secretaria de Estado de Educação (Seduc), realizou, na terça-feira (18), o evento “Amazônia Negra: Presença e Influência da Cultura Afro-Indígena na Região Caeteuara”, reunindo educadores, gestores, pesquisadores e representantes municipais no auditório da Escola Luís Paulino Martires, em Bragança, nordeste paraense. A programação reafirmou o compromisso da rede de ensino pública do Estado com a promoção de uma educação antirracista, democrática e culturalmente referenciada.
A dirigente regional, professora Thayse Alvão, iniciou a programação destacando a importância do encontro como espaço de reflexão coletiva. “Este evento é um convite à valorização das identidades e ao reconhecimento da força histórica e cultural dos povos afro-indígenas que constroem a riqueza da nossa região. Agradecemos a presença de todos os educadores, gestores e representantes municipais, que fortalecem o compromisso com uma educação inclusiva e transformadora”, ressaltou.
A primeira mesa de debates abordou o tema “Práticas Educativas Antirracistas nas Escolas da Região Bragantina”, e abriu espaço para discussões, destacando experiências inspiradoras desenvolvidas pelas escolas da Regional. A mesa reuniu professores da rede estadual de vários municípios da região, como Tracuateua, Bragança, Cachoeira do Piriá, Augusto Corrêa e Viseu, que apresentaram ações construídas em seus territórios escolares para fortalecer uma educação comprometida com o enfrentamento ao racismo e a valorização das identidades afro-indígenas.
Formação cidadã - Dentro da programação foram apresentados projetos que incorporam história, cultura e ancestralidade ao cotidiano pedagógico, promovendo aprendizagens significativas e reforçando o sentimento de pertencimento entre os estudantes. As experiências mostraram como a prática educativa antirracista pode transformar o ambiente escolar e contribuir para a formação de cidadãos críticos, conscientes e respeitosos com a diversidade.
A mesa contou com a presença de professores de diversas escolas da região, apresentando práticas desenvolvidas em realidades distintas, com o mesmo propósito de promover uma educação mais justa e equitativa. A atividade reforçou a necessidade de fortalecer políticas pedagógicas voltadas para as relações étnico-raciais, e de garantir que as escolas sejam espaços de acolhimento, respeito e afirmação das identidades.
Orquestra de Berimbaus - A apresentação da Orquestra de Berimbaus do Coletivo de Capoeira Angola Malungo, organizada pela professora Antônia Menezes, foi marcada por ritmos tradicionais, movimentos simbólicos e forte expressão ancestral, capturando a atenção do público e transformando o auditório em um espaço de celebração da cultura afro-brasileira.
A performance emocionou os presentes, evidenciando a riqueza artística e histórica da capoeira, cuja musicalidade ecoa resistência, identidade e memória coletiva.
Para a professora Antônia Menezes, a presença da cultura dentro da escola é fundamental ao enfrentamento às desigualdades raciais. “A educação sem cultura não é antirracista, muito menos decolonial. Para construir uma educação antirracista é preciso trabalhar a cultura”, disse a professora, ressaltando que a valorização dos saberes tradicionais é parte essencial de um projeto educativo verdadeiramente transformador.
Estratégias de gestão - A segunda mesa-redonda abordou “Práticas Educativas Antirracistas nas Secretarias Municipais de Educação”, incluindo no debate as políticas institucionais desenvolvidas pelos municípios da região. Representantes das Secretarias Municipais de Educação compartilharam diretrizes, programas e estratégias de gestão, que vêm fortalecendo a implementação da educação para as relações étnico-raciais em seus territórios. Cada representante apresentou iniciativas que demonstram o compromisso das secretarias com uma gestão educacional mais inclusiva, participativa e conectada às realidades culturais da região.
Durante as discussões foram apresentados projetos de formação continuada para professores, ações de revisão curricular, fortalecimento das coordenações de educação para relações étnico-raciais e iniciativas de valorização das comunidades tradicionais. A mesa evidenciou como políticas públicas bem estruturadas podem impactar diretamente no trabalho das escolas e potencializar práticas pedagógicas antirracistas.
A troca entre os municípios mostrou que o enfrentamento ao racismo e a promoção da equidade racial são processos que exigem planejamento, compromisso e articulação interinstitucional. As experiências relatadas reforçaram a importância de políticas permanentes e de ações integradas entre Estado e municípios, consolidando o papel das secretarias como protagonistas na construção de uma educação transformadora e socialmente justa na região bragantina.
Educação antirracista - O evento “Amazônia Negra” garantiu espaços de formação, diálogo e valorização das identidades que compõem a diversidade da região Caeteuara. A articulação entre escolas estaduais, secretarias Municipais de Educação e instituições acadêmicas evidenciou a potência das ações coletivas no enfrentamento ao racismo.
A programação enfatizou que a educação antirracista deve ser um compromisso permanente, pautado em políticas sólidas, práticas pedagógicas consistentes e no reconhecimento das histórias e saberes afro-indígenas que moldam a identidade amazônica. Ao integrar diferentes setores e territórios, o evento reforçou o papel da rede pública como protagonista na construção de uma educação mais justa, inclusiva e transformadora.
A iniciativa também mostrou que fortalecer a temática étnico-racial nas escolas não é apenas um ato pedagógico, mas uma responsabilidade social que contribui diretamente para a formação cidadã, o respeito às diferenças e a consolidação de uma sociedade plural e democrática.
A programação prossegue alinhada às diretrizes nacionais para educação das relações étnico-raciais e reafirma o papel da escola como espaço de construção da cidadania, respeito e diversidade.
