Gestores, especialistas e chefs reforçam a força do Pará como vitrine global de inovação sustentável
Terceiro dia do Pavilhão Pará destaca criatividade, sustentabilidade e gastronomia com experiências dos municípios, painel, palestra e Cozinha Show
O terceiro dia de programação do Pavilhão Pará Municípios, nesta quarta-feira (19), no Centenário Centro de Convenções, reuniu debates sobre identidade, sustentabilidade, inovação pública e economia criativa, além de experiências gastronômicas que celebram a diversidade amazônica.
A agenda do dia iniciou com a palestra “Do local pro global: como valorizar o que é local e transformar em identidade”, conduzida por Erica Saraiva, que apresentou reflexões sobre como práticas, saberes e expressões amazônicas moldam a percepção do mundo e influenciam a construção de identidades.
Em sua fala, Erica ressaltou o papel das experiências sensoriais na formação do olhar sobre o território. “Essas informações são claras e profundas para o nosso cérebro, e não são criadas apenas pela influência cultural. O lugar onde a gente mora, o tipo de viagem que a gente faz, as músicas que a gente consome… tudo isso influencia a maneira como enxergamos as coisas. Eu sempre digo que as coisas têm cheiro e têm sabor. Cada região desperta memórias diferentes. Por isso, precisamos estar sempre atentos de onde a gente vem — porque enquanto olhamos o mundo, o mundo também está olhando para a gente”, refletiu.
A programação técnica seguiu com o painel “Governo Digital — Cidade Inteligente e Desenvolvimento Sustentável”, conduzido pelo advogado Lucas Pinheiro e o consultor de govtech Jó Sales, que apresentaram iniciativas para modernizar serviços públicos, aprimorar a gestão urbana e construir um modelo de desenvolvimento mais sustentável para Belém.
“Os municípios precisam ter marcos legais que garantem sustentabilidade e urbanismo. O plano diretor, a lei de ocupação do solo… todos esses instrumentos da rede urbana são vitais para pensar desenvolvimento”, afirmou Lucas.
O painel “Experiências de Abordagem Sustentável no Turismo do Pará” reuniu o secretário de Turismo de Santarém, Emanuel Júlio; a primeira-dama de Altamira, Paula Abucater; a secretária de Turismo de Salinópolis, Zaira Monik; e o prefeito de Santana do Araguaia, Eduardo Conti. Os participantes compartilharam iniciativas adotadas em diferentes regiões do estado para fortalecer um modelo de turismo pautado na conservação ambiental, na inclusão social e na valorização das comunidades tradicionais, mostrando como políticas locais vêm sendo alinhadas às diretrizes globais de sustentabilidade.
A secretária de Turismo de Salinópolis, Zaira Monik, destacou o desafio central do destino: garantir que o visitante chegue consciente, preparado e conectado com a lógica ambiental da região. “Hoje o nosso grande desafio é a questão mental. É a questão da consciência do nosso turista. A gente quer divulgar a nossa cidade, mas não de qualquer jeito. Nós recebemos muito turista, e queremos que ele chegue com tempo, com consciência, respeitando o nosso território”, afirmou. Ela ressaltou o trabalho que vem sendo feito na área da Praia da Sofia, agora transformada em unidade de conservação. “Quem ainda não conhece, a gente convida no finalzinho da praia. Graças ao Governo do Estado e ao Interflow, hoje temos essa conquista histórica para os salinenses”, completou.
Já a primeira-dama de Altamira, Paula Abucater, enfatizou o resgate de eventos culturais e a força das comunidades tradicionais no turismo sustentável. “O Carnaval foi resgatado, assim como o Festival do Chocolate, porque Altamira é produtora de grãos de qualidade reconhecida no mundo. Precisamos mostrar essa potência para que as pessoas conheçam nossas riquezas naturais e sustentáveis”, disse. Paula também destacou o trabalho com aldeias indígenas cadastradas para vivências culturais. “O visitante vive a plenária, as danças, as músicas… tudo com respeito a quem lá vive. É a forma mais verdadeira de mostrar nosso patrimônio cultural”, explicou.
Cozinha Show
No Cozinha Show, o dia foi marcado por receitas que valorizaram ingredientes e técnicas da culinária paraense. O chef Zena do Carmo, de Santarém, abriu as atividades apresentando a tradicional Cujubada, preparada com peixe Kuiu-Kuiu, jambu, camarão e tucupi. Em entrevista, ele explicou que fez questão de trazer a receita por sua força cultural e ancestralidade.
“Eu trouxe de Santarém, no Pará, um prato chamado Cujubada, que é feito com peixe kuiu-kuiu, jambu, camarão e tucupi. É um prato exótico e afrodisíaco, ensinamentos deixados pelos nossos antepassados e que vêm passando de geração em geração. E por ele ser um prato diferenciado e um peixe exótico, eu quis apresentar aqui na COP para o mundo todo conhecer o potencial que nós temos, que Santarém tem na culinária nativa”, afirmou.
Com 35 anos de atuação na gastronomia, Zena destacou que seu primeiro contato com a cozinha aconteceu ainda na infância, quando auxiliava a mãe na aldeia. “Minha mãe era cozinheira na minha tribo. Eu ajudava ela a plantar, colher, valorizar o que a mãe natureza nos proporciona, valorizar os insumos. Graças a Deus, esses ensinamentos vêm passando de gerações em gerações, assim como eu também tive um reconhecimento internacional na França pelo meu trabalho com a culinária nativa. Eles me deram o título de embaixador internacional da culinária nativa do Brasil”, completou.
Logo depois, a chef Eliana Boeira Ferraz, de Belém, apresentou a Mariscada Paraense. Em seguida, o chef Fabio Neres, de Canaã dos Carajás, preparou um Risoto de Tucupi com Camarões, unindo sofisticação gastronômica e ingredientes emblemáticos da floresta. Encerrando a programação, o chef Edvam Gomes, de Castanhal, trouxe a receita Delícia COP 30, prato criado especialmente em referência ao evento climático que Belém recebe até o dia 21 deste mês.
