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HABITAÇÃO

Exemplos de solidariedade ajudam a tornar o sonho da casa própria uma realidade

Por Redação - Agência PA (SECOM)
21/07/2015 12h04

Entre os principais desafios de uma administração pública está o de promover ações que resultem em melhorias para a qualidade de vida da população, a partir de investimentos em áreas estratégicas, como infraestrutura e urbanização, levando-se em conta que a maioria das cidades apresenta um crescimento desordenado. Em muitas localidades a parceria entre governo e sociedade civil é extremamente necessária para sanar as principais carências urbanísticas, sendo a questão da habitação uma das prioritárias para o bem estar das famílias. 

No Pará, um dos exemplos mais concretos de combate ao déficit habitacional é o Programa Cheque Moradia, coordenado pela Companhia de Habitação do Pará (Cohab), uma experiência que já colhe resultados significativos, com mais de 54 mil famílias beneficiadas com a construção, ampliação ou melhoria de suas moradias, e que vem colecionando uma série de histórias bem sucedidas ao longo de seus doze anos de existência.

Essas experiências mostram que com organização, parceria e solidariedade é possível construir muito mais do que moradias, incluindo nesse projetos coletivos toda uma infraestrutura necessária ao desenvolvimento urbano das cidades. A experiência vivida pelos moradores das Comunidades Água Cristal, Nossa Senhora das Candeias e São Jorge, no bairro da Marambaia, em Belém, são exemplos disso e tornam-se cada vez mais numerosos, demonstrando a força da participação popular. Nestas comunidades, o programa habitacional da Cohab chegou para mais de 300 famílias, complementando a execução de outras políticas públicas.

"Hoje temos todas as ruas pavimentadas, mas antes o acesso era feito por meio de estivas. Carro de lixo, ambulância e táxis não tinham como circular aqui. Veio então a Macrodrenagem e as famílias que estavam morando à beira do canal foram remanejadas. Só isso já mudou muito a situação da nossa comunidade, que recebeu serviços de aterramento, drenagem e pavimentação das vias. Hoje temos três linhas de ônibus coletivo, coleta de lixo, iluminação pública, posto de saúde e quatro escolas", relata a presidente do Centro Comunitário São Jorge, Paula Costeira, que reside na comunidade Água Cristal há 20 anos.

A líder comunitária diz que se sente realizada ao ver a melhoria da qualidade de vida das famílias do bairro, que foram contempladas com o Programa Cheque Moradia. Ela e Fernanda Moraes, secretária da Associação de Moradores da Comunidade Água Cristal, foram responsáveis por fazer o levantamento de demanda das famílias mais carentes. "A gente se sente realizada quando vê uma família construindo sua casa própria e percebe que fez parte dessa mudança. Ela é fruto do trabalho de várias pessoas que decidiram arregaçar as mangas e se ajudar mutuamente", declarou.

Cláudia Vanessa é um desses exemplos. Ela morava de favor na casa da mãe, com esposo e filhos. Mas um dia o imóvel foi posto à venda e, de repente, eles se viram sem ter onde morar. O casal tinha apenas um terreno onde havia uma casinha de madeira, mas sem condições de abrigá-los. Foi quando surgiu a possibilidade de se inscreverem no Programa Cheque Moradia. Após todas as etapas de seleção, o benefício finalmente chegou, em setembro do ano passado. No lugar da antiga casinha de madeira o que se vê hoje é uma construção em alvenaria, com sala, cozinha, banheiro e dois quartos. "Levamos duas semanas para construir, mas com certeza não conseguiríamos se não fosse a ajuda que recebemos do programa e das pessoas da igreja", referindo-se ao mutirão realizado pelos membros da paróquia de São Geraldo Magela.

O padre Ronaldo Menezes, pároco da igreja, foi um instrumento essencial nesse processo. Ele está há um ano e meio nas Comunidades Canal Água Cristal e Área das Candeias, onde celebra missas em duas capelas, e viu que as famílias necessitavam muito mais do que ajuda espiritual. "Quando apareceu a possibilidade de trabalhar junto com o Estado neste campo fundamental, que é a habitação, nós nos envolvemos para que o programa pudesse ser bem aproveitado em nossa comunidade e pudesse atender, em especial, às famílias mais carentes", revelou o sacerdote.

"Eles não tinham muito conhecimento, mas com o apoio da paróquia, não só no processo do cadastramento, mas nessa fase de construção, estão conseguindo um bom aproveitamento do benefício. O programa resgata a dignidade das pessoas e mostra o que é possível fazer pelas famílias de forma prática, sem muita burocracia para sua execução. O que nós vemos hoje, entre os beneficiados, é uma alegria diferente, porque a casa própria está se tornando uma realidade, a qualidade de vida está melhorando e as pessoas estão sendo respeitadas", avaliou o pároco.

A diarista Dilma Barroso Damásio mora há 28 anos na área das Candeias. O sorriso que hoje ela traz no rosto personifica a realização de seu maior sonho. Ela morava em uma casa de madeira, infestada de cupins e com risco de desabamento. Quando chovia forte, todos os cômodos eram alagados. A diarista já havia se inscrito no programa habitacional da Cohab e aguardava a visita dos técnicos do órgão. Foi nesse momento que o padre Ronaldo se interessou pelo problema dela, mobilizou outras pessoas e as coisas começaram a mudar na vida dela.

Após receber o benefício ela vendeu uma cama hospitalar que foi usada pela mãe, já falecida, e usou o dinheiro para pagar a mão de obra, já que o programa viabiliza apenas a compra do material de construção. Esse foi o pontapé inicial. Hoje, ela conta com a colaboração do filho e de um irmão para as despesas com pedreiros. "A mudança foi total para mim. Eu vivia em uma casa toda estragada e nunca teria condições de fazer nada disso se não tivesse entrado no programa. O material de construção não é barato e graças ao governo do Estado, à minha comunidade e ao padre Ronaldo, que olhou por nós e viu a nossa situação precária, nós podemos hoje respirar outros ares", concluiu.

Euzilene Feio Souza foi mais uma que provou da solidariedade de sua comunidade e em especial da igreja católica. Ela reconhece que se não fosse o empenho do Padre Ronaldo, não teria conquistado essa vitória. "Deus o usou para nos ajudar", declarou. Os membros da igreja evangélica onde ela se congrega se uniram e realizaram um mutirão, no qual ergueram sua nova casa em pouco tempo. Agora, a antiga casa de madeira deteriorada é só uma lembrança. Euzilene é mãe mantenedora do lar e sobrevive de venda de catálogos e do Bolsa Família, que recebe dos três filhos menores.

A casa de Euzilene fica ao lado da construção de outro beneficiado do programa, Cornélio Lobato. Ele mesmo é o pedreiro da obra e tem o prazer de erguer sua nova moradia. Ele ratifica a opinião dos demais beneficiados e admite que se o programa do governo do Estado não tivesse viabilizado o material de construção, ele não teria como garantir o conforto que tanto esperava dar à esposa, que trabalha com reciclagem, e à filha, que tem Síndrome de Down). "Moro aqui há dez anos, mas sempre tive confiança que as coisas iriam melhorar. Agora, com essa ajuda, estamos superando as dificuldades", admite.

Solidariedade também foi o que motivou Érica Chagas, que atua como liderança comunitária no Conjunto Maguari, a ajudar um casal de vizinhos: Milene Labareda e Benício Monteiro. Milene possui deficiência auditiva e já tinha cadastro no Programa Cheque Moradia. O casal precisou sair da casa onde morava após emissão de laudo do Corpo de Bombeiros, que atestou o risco eminente de desabamento. "Nós acionamos os Bombeiros, eles foram lá e atestaram a precariedade da casa deles. Mas uma pessoa da comunidade se dispôs a ajudá-los. Como  teriam que sair imediatamente da casa, foi alugado um kitnet para que eles não ficassem na rua. Essa alma caridosa pagou três meses de aluguel, até que eles se organizassem e construíssem a casa nova", contou a líder comunitária. Segundo ela, como a família não possui renda fixa e sobrevive da venda de sorvetes, a comunidade já se organiza para realizar um mutirão e construir a casa nova. 

Servidor Público ajuda moradores em Primavera

No município de Primavera, nordeste do Pará, também encontramos um exemplo de solidariedade. Todos os sábados, o servidor municipal Paulo Sérgio Silva reúne uma equipe de amigos e ajuda famílias contempladas com o Cheque Moradia, e que não têm como pagar a mão de obra, na construção de suas casas.

Paulo Sérgio Silva é encarregado de obras da Secretaria Municipal de Saúde, mas coloca seu conhecimento à disposição de quem precisa, sem cobrar nada por isso. Graças a ele, mais de 20 famílias beneficiadas com o Cheque Moradia puderam erguer suas casas. "O que a gente faz para os outros, Deus dá de volta em dobro para nós", acredita. Ele diz ter aprendido o que sabe com um tio que era encarregado de obras. "Comecei a trabalhar com meu tio com 14 anos, e aos 17 já dava conta de erguer uma casa. Agora os meus sábados são dedicados a ajudar o próximo", disse.

Outra experiência solidária foi vivida por Alacid Batista, contemplado com o Cheque Moradia em maio deste ano. Ele emocionou a todos com sua história no dia da entrega do benefício. Abandonado pela esposa, ele cria sozinho quatro filhas. Estava sendo despejado do local onde morava. Ao procurar a Cohab para se habilitar ao Cheque Moradia, conseguiu algo que seria, no mínimo, improvável, graças à solidariedade da aposentada Alice Pauxis, que estava na Cohab neste mesmo dia, resolvendo um assunto pessoal. Ao ouvir a história do vendedor de mingau, ela resolveu doar um terreno em Mosqueiro para que ele pudesse se habilitar ao programa e construir um lar digno e confortável para as quatro filhas menores. “Apenas estou devolvendo o bem que fizeram ao meu pai quando eu tinha 12 anos e ficamos nesta mesma situação. Uma pessoa de bom coração nos doou um local para morar e isso marcou nossas vidas para sempre”, declarou Alice Pauxis.