Fonoaudiologia do HRPT transforma histórias e garante recuperação de pacientes na Transamazônica
Especialidade essencial do Hospital Regional Público da Transamazônica ajuda a salvar vidas, reduz tempo de internação e devolve autonomia a crianças e adultos atendidos pelos nove municípios do eixo TransXingu
A agricultora Gesiane Garcia Diorato lembra que as primeiras horas após o nascimento do filho, Yuri Diorato, hoje com sete meses, foram de medo e desespero. “Ele nasceu de uma cesariana de emergência, com 38 semanas, foi intubado e transferido para o Regional”, conta. No Hospital Regional Público da Transamazônica (HRPT), em Altamira , Sudoeste do Pará, a criança ficou mais de 40 dias intubada e passou por uma traqueostomia, procedimento que permite a entrada de ar nos pulmões através de uma abertura no pescoço, única forma de manter o menino vivo devido ao quadro crítico. “Ele nasceu com sofrimento fetal agudo, então não conseguia respirar direito”, rememora a mãe.
Depois do procedimento, Yuri estabilizou e pode se nutrir adequadamente com o alimento mais saudável para um bebê: o leite materno. Mas isso também só foi possível graças às sessões de fonoaudiologia. Único hospital público dessa parte da Transamazônica a contar com a especialidade, o HRPT é porta de entrada para pacientes dos nove municípios que compõem o eixo TransXingu. “Líscia e Alexia foram muito importantes. Se não fossem elas, talvez meu bebê não tivesse conseguido mamar. Foram mais de 20 dias só tentando que ele mamasse. Eu cheguei a um pico de estresse emocional e abalada, mas elas não desistiram”, completou Gesiane.
As fonoaudiólogas citadas pela agricultora fazem parte da equipe multiprofissional que atende crianças em situação de risco, geralmente internadas nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) Neonatal, Pediátrica e Infantil. “De forma técnica, fazemos a estimulação tátil-térmica e gustativa, além dos exercícios de motricidade orofacial e os exercícios neurofuncionais e manobras para estímulo de deglutição”, explica Líscia Moraes. As manobras seguem protocolos internacionais de fonoaudiologia e, “também são aplicadas a pacientes vítimas de intercorrências, como AVC, que têm a parte neurológica afetada, como voz, mastigação e ingestão. A gente tenta voltar ao que era antes da doença”, completa Alexia Sousa. As sessões são realizadas mesmo em pacientes sedados, como forma de manter as atividades registradas no cérebro.
Fonoaudiologia como tratamento de pacientes de longa internação
As internações por acidentes de trânsito estão entre as principais demandas do Hospital da Transamazônica. Nesses casos, o acompanhamento da equipe de fonoaudiologia requer ainda mais tempo, como recorda Líscia Moraes, sobre uma paciente que “usava traqueostomia e GTT, que é uma via alternativa de alimentação. Era um acompanhamento mais intensivo, com métodos que não necessariamente são aplicados em pacientes de baixa permanência”.
A fonoaudiologia, além de prestar o suporte ao paciente, trabalha a orientação de acompanhantes, como a Gesiane Garcia Diorato, mãe do Yuri, citado no início da matéria. Entender a importância do serviço e como proceder, mesmo depois da alta, é indispensável, defende a agricultora. “Lembro que eu chorava e no desespero não conseguia ter ação, mas as equipes me acalmavam, aconselhavam e foram tentando com muito trabalho até que ele conseguiu pegar o peito. Hoje tá aí, saudável e logo sairá da traqueostomia”, celebra, ao poder estar em casa com o filho e levar uma vida normal.
Alex Bernardo é responsável pela fonoaudiologia do HRPT. O profissional destaca que o serviço contribui diretamente na recuperação do paciente, reduz o tempo de internação e permite retomar atividades simples, como se alimentar normalmente. “Imagina você ficar sendo alimentado durante longo tempo por uma sonda nasogástrica, vendo as outras pessoas comerem sem você poder. A fonoaudiologia ajuda bastante no procedimento de transição da sonda para via oral. É um cuidado integral e indispensável”, frisou.
19 anos
Com 19 anos de inauguração, comemorados no último dia 6 de dezembro, o Hospital Regional Público da Transamazônica reafirma sua grandeza e referência em especialidades, como a fonoaudiologia. A unidade, que alcança mais de meio milhão de pessoas, realizou, somente este ano, entre janeiro e novembro, 1.913 atendimentos, sendo pacientes das Clínicas Médicas e UTI Neonatal, os responsáveis pela maior parte da demanda.
Texto de Rômulo D’Castro
