Período chuvoso aumenta riscos à saúde das crianças, alerta Hospital Abelardo Santos
Rinite, asma, bronquite e pneumonia estão entre as doenças mais comuns
Com o início do inverno amazônico, período chuvoso que começa em dezembro e segue até maio na região Norte, a atenção com a saúde das crianças precisa ser redobrada. O médico infectologista Bernardo Porto Maia, do Hospital Regional Dr. Abelardo Santos (HRAS), em Belém, destaca que essa época favorece o aumento das síndromes respiratórias, além de doenças virais, infecciosas e arboviroses.
Segundo o especialista, o clima úmido, as temperaturas mais amenas e as chuvas intensas criam um ambiente propício ao surgimento de doenças típicas dessa época do ano. “Com o aumento das chuvas, tornam-se mais frequentes casos de rinite alérgica, asma, resfriados, sinusites, bronquites e pneumonia, em razão da maior circulação de fungos, mofos, vírus e bactérias no ar”, destaca Bernardo.
Doenças das vias aéreas
Entre as doenças respiratórias mais comuns, o médico cita o resfriado, que costuma provocar coriza, espirros, dor de garganta, tosse leve, congestão nasal e febre baixa. A gripe (Influenza) apresenta um quadro mais intenso, com febre alta, calafrios, dor de cabeça, dores musculares e na garganta, tosse seca e cansaço. Já a bronquite se caracteriza pela tosse persistente e pela produção de catarro.
A pneumonia também exige atenção por se tratar de uma infecção mais grave, capaz de causar tosse com secreção, febre alta, dificuldade para respirar, dor no peito e fadiga. A asma manifesta-se com chiado no peito, falta de ar e tosse, sobretudo à noite ou nas primeiras horas do dia. A rinite alérgica e a sinusite também são recorrentes nesse período e tendem a se intensificar durante a noite.
O infectologista orienta a adoção de cuidados simples de prevenção. “Lavar as mãos com frequência e evitar aglomerações são medidas essenciais. A casa deve permanecer bem arejada, já que ambientes fechados e mal ventilados favorecem a umidade e a proliferação de microrganismos. A hidratação adequada e uma alimentação saudável também são fundamentais para fortalecer o organismo e o sistema imunológico”, ressalta.
Arboviroses
Outro fator importante são as águas paradas, que servem como criadouros para o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya. “Esses mosquitos aproveitam recipientes com água acumulada para depositar seus ovos. Quando chove, o nível da água sobe e entra em contato com os ovos, que eclodem em menos de 30 minutos, o que aumenta a proliferação do mosquito”, explica Bernardo Porto Maia.
A dengue provoca febre alta, dores no corpo e dor de cabeça, podendo evoluir para hemorragias nos casos mais graves. Já a zika costuma causar febre, erupções cutâneas e dores articulares e, em gestantes, pode trazer complicações sérias para o feto, como a microcefalia. A chikungunya manifesta-se com febre alta e dores articulares intensas, com possibilidade de sequelas musculares prolongadas.
Para evitar essas doenças, o médico orienta: “Manter caixas d’água e reservatórios vedados; descartar o lixo corretamente; guardar pneus cobertos; virar garrafas para baixo; retirar folhas e sujeira do quintal; realizar a limpeza de ralos e esgotos; eliminar água acumulada atrás da geladeira; usar areia nos pratos de vasos; manter piscinas limpas e, ao identificar larvas, jogar a água diretamente na terra”.
Transmissão por água contaminada
Além disso, o especialista alerta para o risco de doenças transmitidas pela água contaminada, sobretudo em áreas com alagamentos ou próximas a canais. Nessas condições, podem surgir doenças graves e até fatais, como leptospirose, hepatite A, febre tifóide e diarreias bacterianas, entre outras. Nesse contexto, o médico divide a contaminação em duas formas: por contato ou por ingestão.
Por contato, podem ocorrer doenças como a leptospirose, transmitida pela urina de ratos, especialmente em áreas com esgoto a céu aberto. Os sintomas incluem febre, dor de cabeça, calafrios, dores musculares, icterícia e hemorragias. Outra enfermidade é a esquistossomose, cujos sintomas envolvem febre, calafrios, erupções na pele, dor abdominal, diarreia, cansaço, tosse e dor de cabeça.
Pela ingestão de água e alimentos contaminados, podem surgir doenças como a cólera, que provoca diarreia intensa, vômitos e desidratação grave, podendo evoluir para choque e morte sem tratamento. A hepatite A também é comum, com sintomas como fadiga, febre, náuseas, dor abdominal e icterícia. Já a diarreia aguda causa evacuações frequentes, cólicas, febre, náuseas e desidratação.
Evitar o contato com alagamentos, especialmente em áreas com risco de contaminação por esgoto, é fundamental. Também é importante manter a vacinação em dia, especialmente contra hepatite A e tétano. Recomenda-se lavar bem as mãos e consumir alimentos e água de fontes seguras. O especialista acrescenta: “Essas orientações não impedem totalmente a contaminação, mas funcionam como barreiras que reduzem significativamente o risco”.
Tratamento
“Além das medidas de prevenção, é preciso atenção aos sintomas. Ao identificar qualquer sinal de doença, é fundamental levar a criança à unidade de saúde mais próxima para a realização de exames. Após a avaliação clínica, o médico poderá indicar o tratamento mais adequado, garantindo a recuperação e o bem-estar da criança”, conclui o médico infectologista Bernardo Porto Maia.
O Hospital Regional Dr. Abelardo Santos (HRAS) é a maior unidade pública do Governo do Pará. A instituição é administrada pelo Instituto Social Mais Saúde (ISMS), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). A unidade atua em quatro frentes pediátricas: pronto-socorro, cirurgia, internação clínica e Unidade de Terapia Intensiva (UTI), além do acolhimento nas Unidades de Cuidados Intermediários (UCIn).
