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Turismo regenerativo pauta debate sobre futuro sustentável durante a COP 30, em Belém

Evento promovido pelo Ministério do Turismo destacou experiências que aliam conservação ambiental, inclusão social e valorização de comunidades tradicionais

Por Israel Pegado (SETUR)
11/11/2025 18h28
Painel “Turismo Regenerativo: além da sustentabilidade nos oceanos”

Na tarde desta segunda-feira (11), na Green Zone, no estande “Conheça o Brasil”, do Ministério do Turismo (MTur), foi realizado o painel “Turismo Regenerativo: além da sustentabilidade nos oceanos”, que reuniu nomes de referência nacional para discutir uma nova forma de pensar o turismo: aquela que não apenas preserva, mas que devolve à natureza e às comunidades o que delas se recebe.

A velejadora e escritora Heloisa Schurmann, que há mais de três décadas percorre os mares do planeta, abriu o debate com um relato que emocionou o público. “O oceano é a nossa casa”, disse, lembrando que, ao longo de 35 anos navegando, testemunhou mudanças profundas nos ecossistemas costeiros e no modo de vida das populações ribeirinhas. 

Heloisa Schurmann há mais de três décadas percorre os mares do planeta

“Antes, as pessoas iam à praia e pegavam conchas na beira do mar. Hoje, a água está no joelho. Elas perguntam por quê. Foi aí que percebemos que precisávamos agir, e criamos o projeto Voz dos Oceanos para conscientizar sobre o que realmente está acontecendo”, contou. Para Heloisa, o turismo regenerativo é o passo além da sustentabilidade: "é a regeneração da natureza, o convite para que o turista participe, plante corais, preserve florestas e ajude comunidades locais a se reerguer”, disse.

A fala encontrou eco na experiência compartilhada por Nátali Piccoli, do Programa Marinho e Costeiro da Conservation International (CI), que destacou o exemplo do litoral sul da Bahia como um território onde o turismo regenerativo já é realidade. “Ali, os próprios empreendedores locais se uniram para transformar o modelo de turismo de massa que empurrava os moradores para a periferia e degradava o ecossistema. Criaram uma governança local e desenvolveram o manual da Aliança Futura, que orienta práticas responsáveis de hospedagem, alimentação e visitação”, explicou. 

Painel “Turismo Regenerativo: além da sustentabilidade nos oceanos”

Segundo Nátali, o movimento também gerou impacto econômico: em 2024, o turismo na região de Abrolhos movimentou cerca de R$ 10 milhões, envolvendo atividades de conservação, pesquisa e observação de baleias. “É sobre aprender, criar e compartilhar o conhecimento, mostrando que regenerar é também valorizar as pessoas e suas histórias”, completou.

Representando o Pará, Allyson Neri, gerente da Diretoria de Produtos Turísticos da Setur, destacou as ações que o Estado vem desenvolvendo para aliar sustentabilidade, inclusão e valorização das comunidades costeiras. Ele ressaltou importância do selo Bandeira Azul e citou o projeto piloto realizado na Resex Marinha de Soure, no Arquipélago do Marajó, onde a Setur implantou um modelo de banheiro ecológico sustentável construído em parceria com os moradores, utilizando materiais locais e técnicas de bioconstrução. A iniciativa foi finalista do Prêmio Braztoa de Sustentabilidade e hoje inspira outras regiões do Estado. 

“Esse turismo regenerativo não só regenera o ambiente, mas também as pessoas que vivem ali. Ele envolve o visitante e o convida a participar das soluções, a entender e valorizar o que é local”, afirmou.

Para Allyson, a diversidade paraense representa um desafio e, ao mesmo tempo, uma oportunidade única de inovação. “Temos mais de 500 quilômetros de praias, muitas delas de rio, recortadas por manguezais. Nossa realidade é distinta: não buscamos o turismo de massa, mas um turismo que respeite os limites da natureza e o modo de vida das comunidades”, destacou.

Mais do que um painel, o debate foi um convite à ação. Como resumiu Heloisa Schurmann, “por mais que muitos digam que não há mais jeito, o que vimos pelo mundo é o contrário: povos inteiros se mobilizando para regenerar a vida. E o turismo pode ser o grande elo dessa transformação”, encerrou.