Codec debate caminhos estruturantes da transição energética em painel na COP30
Encontro destacou o papel estratégico da Codec na articulação de soluções limpas nos distritos industriais do Estado
A Companhia de Desenvolvimento Econômico do Pará realizou, neste sábado (15), o primeiro painel de sua programação na COP30, na Green Zone, no estande do Hub Amazônia Legal, em Belém. Com o tema "Oportunidades de Aplicação de Soluções Energéticas Sustentáveis nos Distritos Industriais do Pará", o encontro se estabeleceu como um dos debates mais consistentes do evento, reunindo especialistas, lideranças empresariais e representantes da sociedade civil para examinar, sob diferentes perspectivas, a agenda de descarbonização industrial no Estado.
O público superou a capacidade prevista, com mais de 40 participantes distribuídos em um espaço destinado a 35 lugares. Estiveram presentes representantes do Sebrae, Fiepa, Associação Comercial do Pará, Gás do Pará, engenheiros, especialistas em energia, investidores, acadêmicos e equipes técnicas da Codec, configurando um ambiente plural e altamente qualificado.
Participaram como painelistas o diretor de Estratégia e Relações Institucionais da Codec, Pádua Rodrigues, o diretor da New Fortress Energy, Paul Steffen, e o vice-presidente de Operações da Sinobras, Ian Corrêa.
Transição energética como diretriz central da política industrial paraense
Abrindo o painel, Pádua Rodrigues destacou que a transição energética é hoje uma diretriz transversal da política industrial do Pará e orienta a reconfiguração dos distritos administrados pela Codec. Segundo ele, os polos de Barcarena, Icoaraci, Ananindeua e Marabá passam por um processo de modernização e reenquadramento ambiental, etapa que assegura governança, rastreabilidade e segurança jurídica às futuras operações industriais.
O diretor apresentou ainda o novo ciclo de expansão territorial conduzido pela companhia, com a implantação dos distritos industriais de Castanhal, Breves e Santarém, além da recém-aprovada Zona de Processamento de Exportação de Barcarena. Pádua também ressaltou que as duas empresas convidadas integram o conjunto de indústrias instaladas nos distritos administrados pela Codec, reforçando o papel da companhia como articuladora desse ecossistema.
Ele destacou que os marcos estratégicos do Estado, como o Plano Amazônia Agora e o Plano Estadual de Bioeconomia, fornecem diretrizes claras para a atuação institucional. “A Codec tem papel indutor. Nosso compromisso é assegurar que o desenvolvimento industrial avance de forma compatível com os limites climáticos e com a inovação que a nova economia exige”, concluiu.
Gás natural como vetor de modernização industrial
O diretor da New Fortress Energy, Paul Steffen, abordou o papel do gás natural como instrumento de transição energética e pontuou que a descarbonização deve respeitar as especificidades de cada território. “A transição amazônica possui dinâmica própria. Não replica modelos internacionais; ela exige soluções calibradas ao seu contexto”, observou.
Paul apresentou os resultados obtidos em Barcarena, destacando o Terminal de GNL e o conjunto de usinas UTE Novo Tempo e UTE Portocem, que somam 2,2 gigawatts de geração. Ele também citou a experiência da Hydro Alunorte, responsável por uma das maiores reduções de emissões do setor industrial no mundo em 2023, ao substituir combustíveis pesados por gás natural. “Estamos diante de uma transformação profunda: infraestrutura consolidada, emissões significativamente reduzidas e um novo horizonte industrial para o Pará”, afirmou.
Uma rota siderúrgica de baixa emissão construída na Amazônia
O vice-presidente de Operações da Sinobras, Ian Corrêa, apresentou a estratégia da siderúrgica instalada em Marabá, que opera uma das menores intensidades de carbono da indústria nacional. A empresa produz aço com uso predominante de sucata metálica reciclada, energia renovável e carvão vegetal de florestas plantadas, alcançando emissões dez vezes inferiores à média brasileira. “Amazônia pode, sim, ser sinônimo de produção industrial sofisticada, desde que acompanhada por rigor técnico e responsabilidade ambiental”, afirmou.
Ian explicou que a Sinobras mantém mais de 48 mil hectares de florestas energéticas e opera fornos elétricos de altíssima potência abastecidos com energia de Belo Monte, assegurando balanço de carbono negativo. Ele destacou, ainda, que a transição industrial exige investimentos volumosos e revisões estruturais profundas. “Tecnologia, cumprimento regulatório e infraestrutura são elementos simultâneos. Nenhuma transição se faz isoladamente”, observou.
Plateia qualificada e contribuições que enriqueceram o debate
A participação da plateia revelou o engajamento do setor produtivo com o tema. O presidente da Gás do Pará, Flecha Ribeiro, anunciou que o Estado inaugurará, ainda em novembro, o primeiro posto de GNR para transporte de longa distância do Brasil, iniciativa que posiciona o Pará na vanguarda da mobilidade de baixo carbono. Ele também confirmou avanços nas tratativas para o fornecimento de gás natural em Marabá, reforçando a competitividade industrial da região.
O presidente da Cooperativa de Crédito de Carbono da Amazônia, Venscelau Braz, dirigiu ao representante da Sinobras uma pergunta sobre os principais entraves da descarbonização além das mudanças políticas e institucionais. Ian respondeu que o desafio reside na escala dos investimentos e na adaptação integral de plantas industriais, além da morosidade regulatória.
A presidente da Associação Comercial do Pará, Elizabete Grunvald, elogiou o painel e afirmou que os resultados da transição energética já são concretos no Estado. Ela citou casos reais de redução expressiva de emissões e destacou a importância da união entre setores público e privado. “O futuro já chegou, e este painel é um marco dessa construção coletiva”, declarou.
A diretora de Estudos Socioambientais da CPEA, Mariana Bernal do Mazute, ressaltou o protagonismo do Pará como referência nacional na rota de descarbonização com uso do gás natural. “A atuação da Codec é determinante para articular investidores, empresas e instituições públicas. É um papel silencioso, técnico e absolutamente estratégico”, afirmou.
O encontro mostrou que a transição energética avança no Pará de forma consistente, movida por conhecimento técnico, articulação institucional e visão estratégica. Nesse cenário, a Codec emerge como agente catalisador, conectando agendas e criando condições para que os distritos industriais se tornem territórios de inovação energética e prosperidade sustentável. A companhia continua sua participação na COP30 no dia 19 de novembro, quando promoverá o segundo painel dedicado à pauta.
